domingo, 10 de fevereiro de 2013

Exames confirmam ferrugem asiática em reserva indígena de Mato Grosso

Exames laboratoriais realizados em amostras colhidas nas lavouras localizadas dentro da terra indígena de Marãiwatsédé, região nordeste de Mato Grosso, identificaram a presença de ferrugem asiática, doença que ataca plantações de soja. A informação é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que entregou laudo técnico à Fundação Nacional do Índio (Funai) alertando sobre o risco sanitário representado pelo desenvolvimento da doença e propagação para além do Estado, podendo até atingir áreas próximas de Goiás e Tocantins. Desde 1992, os mais de 165 mil hectares da então gleba Suía Missú, perto do município de Alto Boa Vista, a 1.064 km de Cuiabá, foram ocupados em grande parte por produtores rurais (a maioria pecuaristas) e famílias que se mudaram para o vilarejo que se formou, denominado Estrela do Araguaia (Posto da Mata), a despeito da decisão do governo federal de demarcar a terra como reserva xavante Marãiwatsédé. Após longo processo judicial no qual os ocupantes não-índios perderam o direito sobre as terras, força-tarefa conjunta coordenada por oficiais de Justiça e forças policiais cumpriram em dezembro do ano passado decisão de “desintrusão”, operação que resultou no abandono forçado de duas áreas de lavoura de soja. A região Nordeste de Mato Grosso, onde situa-se a terra indígena, detém 15,3% da área agricultável com soja no estado, além de outros 15% de produção. Devido ao risco de mais prejuízos e também de propagação de pragas e doenças como a ferrugem para além das divisas do Estado (a reserva fica próxima aos estados de Goiás e Tocantins), um dos produtores tentou, mas sem sucesso, obter na Justiça autorização para permanecer nas terras apenas para promover o devido controle sanitário e realizar a última colheita. A Funai chegou conceder-lhe quatro dias para o trabalho, mas o prazo necessário para colher em todos os mais de 450 hectares desta propriedade em particular teria de se estender até meados de março. Diante da situação e da alegada inflexibilidade da Funai, a Aprosoja solicitou ao Mapa que realizasse vistoria na área para convencer o governo federal a tomar providências preventivas. Coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Mapa, Wanderlei Dias Guerra percorreu e sobrevoou as fazendas e detectou duas lavouras de soja de área total de aproximadamente mil hectares que tiveram de ser deixadas por seus produtores dentro da reserva xavante, sendo uma já em condições de colheita. Risco sanitário À Funai, o Mapa entregou de imediato, há uma semana, um laudo informando da necessidade de controle sanitário preventivo nas plantações para que eventual praga ou doença desenvolvida não se espalhasse para os cerca de 100 mil hectares de lavouras no entorno. Paralelamente, amostras das plantações foram enviadas para análise laboratorial, cujo resultado foi divulgado pelo próprio coordenador nesta sexta-feira (8) após o devido período de incubação. “O que pode acontecer? Se houver condição de clima adequado, nublado e com chuva como está agora, a ferrugem pode se disseminar por toda a região. A experiência que temos com a ferrugem é de que em pouco tempo, de cinco a dez dias, ela multiplica seu potencial por cem”, alerta o coordenador. Gerente técnico e institucional da Aprosoja, Nery Ribas defende que, se faltava alguma evidência para a Funai tomar providências imediatas em relação às lavouras da reserva, o resultado do exame laboratorial é o argumento incontestável. “Se a Funai não tomar providência urgente, o comprometimento da soja de toda a região é muito sério. Nós conhecemos a velocidade com que a ferrugem se alastra. É um assunto de segurança sanitária”, sentencia. -------------------------------------------------------------------------------- Leia mais sobre Cenário Agrícola .

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