sábado, 16 de fevereiro de 2013

G-20 promete evitar desvalorização competitiva e satisfaz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou-se satisfeito com a 'discussão' sobre câmbio no G-20, ao mesmo tempo em que constatou o persistente confronto entre países que defendem austeridade e os que querem mais estímulos para recuperar a economia global. No tema que mais chamou atenção, que é a guerra cambial, os ministros de finanças do G-20 concordaram em não brigar. Em meio a diferentes visões sobre o impacto das políticas monetárias expansionistas nos países desenvolvidos, o G-20 remeteu a discussão para o FMI, que vai agora examinar a questão de liquidez internacional e consequências sobre as taxas de câmbio. No comunicado, que pouco reflete de fato as grandes discussões, os países do G-20 concordam que 'a política monetária deve visar a estabilidade de preços domésticos e continuar a sustentar a recuperação econômica'. As antigas e novas potências econômicas mundiais se comprometem a 'efetuar um monitoramento dos impactos negativos sobre os outros países de políticas implementadas para fins domésticos e a minimizar esses impactos'. O G-20 renova o compromisso de 'progredir mais rapidamente em direção a sistemas mais determinados pelos mercados e flexibilidade das taxas, para que elas reflitam os indicadores fundamentais, e a evitar desalinhamentos persistentes de câmbio, e nessa ótica, a trabalhar em mais estreita cooperação uns com os outros'. O grupo das maiores nações desenvolvidas e emergentes repete que 'a volatilidade excessiva dos fluxos financeiros e os movimentos desordenados das taxas de câmbio têm consequências desfavoráveis sobre a estabilidade econômica e financeira'. Por insistência do Brasil e outros emergentes, o grupo volta a se comprometer a se 'abster de fazer desvalorizações competitivas' - o que na prática não evitou até agora que isso continuasse a ocorrer. Em todo caso, para ser mais explícitos, os países dizem que não fixarão metas de taxa de câmbio para fins de competitividade, resistirão ao protecionismo sob todas as formas e manterão os mercados abertos. Mantega atenuou ligeiramente o discurso sobre guerra cambial, ao final da reunião, e disse que ninguém no grupo acusou o Japão de desvalorizar artificialmente sua moeda. 'O Japão apresentou um plano de recuperação. A política monetária expansionista do Japão não é criticada, e não houve nenhuma censura à política japonesa, que é para combater o risco da deflação', disse o ministro. O outro grande tema, de como reduzir o ritmo da consolidação fiscal para estimular o crescimento, foi um fiasco. Guido Mantega confirmou que permaneceram as diferenças entre países como Alemanha, que querem manter a austeridade, estimando que isso gera confiança, e aqueles como Brasil e Estados Unidos que pedem combinação de austeridade fiscal com estímulos. 'Essa diferença não foi superada', disse o ministro. No geral, o consenso no G-20 foi de que a situação econômica global melhorou ligeiramente, com a superação de riscos financeiros traumáticos na zona do euro. Mas o crescimento na Europa continua atrasado e pesando sobre a demanda mundial.

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