sábado, 9 de fevereiro de 2013

Inflação desafia governo

Inflação desafia governo Nos últimos 12 meses, índice inflacionário está em 6,15%, muito perto do teto do regime de metas do governo. Índice mais alto influencia consumo e afeta planos de investimento das empresas 10/02/2013 | 00:01 Cristina Rios/Gazeta do Povo A divulgação dos dados de inflação na semana passada colocou lenha na fogueira nas preocupações do governo sobre a real capacidade de evitar que o indicador fure o teto da meta em 2013, de 6,5%. Nos últimos 12 meses, o índice está em 6,15%. "É desafiador", admitiu o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Nas próximas semanas, o aumento do combustível deve começar a ser repassado aos preços do setor de transporte, o que, além da alta dos alimentos e dos serviços, deve ajudar a puxar para cima o IPCA. A inflação não deve explodir em 2013, mas há motivos para se preocupar com ela, segundo economistas. Mesmo com a economia mais devagar e o corte nos preços da energia, janeiro fechou com alta de preços de 0,86%. Trata-se do maior nível para o mês desde abril de 2005. O Brasil caminha para o quarto ano consecutivo de inflação perto do teto do regime de metas, de 6,5%. Em 2010 tinha sido de 5,91%, em 2011 bateu o teto de 6,5% e, em 2012, chegou a 5,8%. Os economistas preveem que o índice deve continuar na casa dos 6% no acumulado em 12 meses até o fim do semestre e fechar o ano entre 5,7% e 5,8%. “A inflação incomoda principalmente pela sua resistência e pela dificuldade em combatê-la”, diz Fábio Tadeu Araújo, professor de economia da PUC-PR. No cotidiano das famílias, a inflação mais alta corrói o poder de compra e gera incerteza e impacto sobre decisões de consumo. Mas afeta também os planos de investimento das empresas, de olho nos custos e na demanda. Ela também complica as negociações salariais. A previsão é de que esse ano elas sejam mais duras, com ganhos reais (acima da inflação) menores. “A inflação persistente próxima do teto da meta como estamos vendo não é algo bom”, concorda Alexandre Porsse, professor do departamento de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Caminho perigoso O Brasil está, na opinião de alguns economistas, trilhando um caminho perigoso ao aliar baixo crescimento com inflação mais alta. Essa aparente contradição tem explicação no mercado de trabalho aquecido, que mantém os níveis de consumo da população, segundo Julio Suzuki, diretor de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes). “Essa combinação é complicada porque em algum momento haverá algum ajuste. Inflação maior sinaliza instabilidade macroeconômica. É sinal de que alguma coisa está fora do lugar.” O País não vai voltar a ter hiperinflação, que assombrou a economia brasileira nos anos 80, mas os economistas acreditam que o governo dá sinais de que passou a ser mais conivente com o indicador fora do centro da meta, de 4,5%.

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