domingo, 24 de fevereiro de 2013

Mercado de café: OTIMISMO EXAGERADO, OU FATORES REALMENTE ALTISTAS?

A ata da reunião do FOMC (COPOM americano) fez menção que o comitê está preparado para variar o ritmo de compra de ativos, o famoso “quantitative easing” ou QE como falam por aqui. Os mercados reagiram com nervosismo, talvez lendo mais do que o estava escrito e assumindo que o os estímulos à economia diminuirão antes do imaginado. A notícia foi o motivo que os investidores precisavam para tomar lucro das altas das bolsas americanas, assim como dos metais preciosos que tiveram quedas maiores na semana. Do outro lado do Atlântico o índice de confiança alemão deu algum suporte, tímido, para o Euro – a ver se há sequência na próxima semana. Os principais índices das commodities caíram nos últimos cinco dias com destaque para a perda (de 8.87%) do níquel, seguido pela prata, cobre, petróleo e ouro. O café em Nova Iorque foi o grande ganhador, virtualmente apreciando o mesmo que o gás natural, ambos na frente da soja, açúcar e cacau. Houve um rumor de que um hedge-fund foi forçado a liquidar posições em vários mercados, e como comentou o Michael McDougall, o açúcar e café, commodities que os fundos estão com posições enormes vendidas, talvez tenham se beneficiado (isto porquê se o tal fundo estava vendido, teve que recomprar sua posição). Fato é que o arábica conseguiu fechar com uma figura técnica positiva, ao mesmo tempo que os fundos praticamente não diminuíram sua carteira baixista. Londres também mostrou firmeza tanto via bolsa quanto via os diferenciais do café que negocia – mesmo depois do retorno do Vietnã ao mercado. A arbitragem parece ter encontrado o chão (muitas vezes quando se fala isto parece que o mercado tenta provar ao contrário aos abusados analistas que se atrevem a emitir tal opinião), e com a demanda ativa pelo robusta e a resiliência dos produtores vietnamitas em vender, o “C” pode finalmente respirar mais aliviado. Alguns cafés arábicas “menos-nobres” estão basicamente negociando em paridade com o robusta, ingrediente que adicionado a observação do parágrafo anterior pode provocar maior interesse no físico pelo primeiro. Nos Estados Unidos depois de confirmado o aumento médio do preço do torrado e moído em 6% pela J.M.Smuckers, como de costume na sequência a Kraft fez o mesmo. Vale mencionar que, de acordo com a indústria, a matéria-prima café representa entre 12% e 18% do custo do produto vendido. Nas origens as estórias de perdas de produção para Guatemala e Honduras em função da ferrugem e de fungo continuam a circular, com estimativas de queda de produção/exportação de até 25%. No Brasil os produtores estão tentando se organizar para pleitear ajuda do governo. De volta ao robusta, Uganda diz estar se planejando para aumentar sua produção de 3.5 milhões de sacas para 12 milhões até 2020, investindo em renovação do parque cafeeiro e novas mudas com produtividade mais alta – não é de se surpreender que outros países estimulem maiores produções da variedade dada a alta lucratividade. Para fechar com o mesmo tom positivo para o mercado, a firmeza recente do real brasileiro e do peso colombiano em teoria afastam vendas agressivas das duas principais origens, mais uma vez dando algum espaço para a recuperação dos preços. Só tem pontos altistas? Claro que não, mas os baixistas já estamos cansados de mencionar. Resta saber se tanto otimismo vai se traduzir em um rally, e caso sim de quanto será a alta. Arrisco dizer que uma alta de US$ 10 centavos no curto prazo é factível. Depois, dependendo do comportamento e posicionamento dos traders, talvez até mais. Vamos ver. Uma ótima semana e bons negócios a todos. *Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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