sábado, 9 de fevereiro de 2013

Os rituais da economia

Inflação, inflação e inflação. Não há discussão em torno da politica econômica brasileira que não parta, passe ou termine em inflação. Ela está mais alta, pressionada, espalhada e, sobretudo, teimosa. O debate sobre a redução da energia começou com o mote de ressuscitar a competitividade da indústria nacional, que paga um dos serviços mais caros do mundo. Não demorou para a decisão do governo se transformar em instrumento de combate à inflação, forçando uma redução maior das tarifas para aliviar os índices de preços em 2013. O reajuste da gasolina – considerado tardio e insuficiente pelos acionistas da Petrobrás – ficou na agulha por meses a fio até ultrapassar os limites da companhia. Mesmo assim, ele veio numa data específica para evitar um contagio de mais essa alta na inflação de janeiro. O IBGE assustou muita gente com o resultado do IPCA do mês passado, de 0,86%, levando a inflação acumulada em 12 meses a 6,15%. O aumento das passagens de transporte urbano também teve que mudar de calendário em 2013 – de novo, para proteger a inflação. O governo conseguiu convencer os estados a segurarem os reajustes até junho, quando o IPCA (índice oficial), teoricamente, estará menos pressionado. Finalmente, mas não menos importante, o dólar. A moeda americana está quase emborrachada, de tanto apanhar e ser jogada para lá e para cá. Agora, em movimento descendente, o dólar também se tornou um apetrecho contra a inflação. É por conta disso que o BC vem deixando a moeda “flutuar” abaixo de R$2,00. Mas nem com tantos mecanismos assim foi possível segurar a inflação. A culpa tem sido do arroz, do feijão, da cebola, da mandioca, da internet, do cabeleireiro, do celular, etc. A inflação dos alimentos (nacionais) e dos serviços não deram bola para as ações do governo e seguem em alta desde meados do ano passado. “Se realmente continuar esse processo de alta nos preços, o BC terá que agir imediatamente. Agora, esse BC de Alexandre Tombini sempre foi muito a favor dos rituais. Ele avisa como está pensando e depois faz. Ainda existe no mercado a tese de que o BC de Dilma ‘não sobe os juros’, mas ela começa a se desfazer com tanta pressão”, disse um experiente executivo do mercado financeiro. Nem vale a pena resgatar as falas recentes de vários integrantes da equipe econômica para constatar que, até agora, cada um em Brasília segue seu próprio ritual. Talvez uma citação recente mereça ser replicada aqui. Em entrevista ao jornalista João Borges, da Globo News, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que a inflação atual “incomoda” e mais: que “O BC tem como compromisso trazer a inflação para abaixo dos níveis de 2012 e nós faremos isso”. Compromisso aceito e esperado. No mercado futuro de juros, as apostas são de que o Copom volte a subir a taxa Selic, hoje em 7,25% ao ano, até junho deste ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário