domingo, 7 de abril de 2013

Agricultores aproveitam a água de degelo para cultivar uva na Argentina

Agricultores aproveitam a água de degelo para cultivar uva na Argentina Ideia transformou o país em um dos maiores produtores de vinho do mundo. Vinhedos da Argentina ocupam mais 230 mil hecta Os agricultores de Mendoza, na Argentina, aproveitaram a água do degelo e o clima da região para investir no cultivo da uva. A iniciativa transformou o país em um dos maiores produtores de vinho do mundo. O principal comprador dos vinhos argentinos são os Estados Unidos, mas o Brasil também já é um mercado importante para os produtores da região. Um espetáculo grandioso, que reúne dezenas de bailarinos, orquestra e um coral com 250 vozes, conta a história da uva e do vinho em Mendoza. A Festa da Vindímia, que celebra o início da colheita das uvas na região, acontece todos os anos entre os meses de março e abril e atrai milhares de pessoas, que vão louvar a Virgem da Carrodilla, protetora dos vinhedos, e também torcer para as candidatas à rainha da festa. Cada cidade tem uma rainha e a eleita adquire ares de celebridade. A província de Mendoza fica no oeste da Argentina, aos pés da Cordilheira dos Andes. As uvas e o vinho chegaram ao lugar no século 16, junto com os colonizadores espanhóis. O enólogo Roberto de la Mota, conhecedor e criador de vinhos, figura entre os mais respeitados profissionais da Argentina. “Mendoza foi fundada em 1561. Os espanhóis trouxeram as videiras porque precisavam das uvas passas como alimento nas grandes caminhadas. Não se esqueça que eles vieram do Chile atravessando a cordilheira a pé e também precisavam do vinho pra celebrar as missas”, diz. Roberto de la Mota é um dos donos da vinícola Mendel, que só produz vinhos de alta categoria. No lugar, há videiras com mais de 80 anos de idade. Quanto mais velha a planta é melhor para fazer vinho. O agrônomo da vinícola Santiago Mayorca, explica que em Mendoza todos os vinhedos são irrigados por gotejo, sistema que garante em torno de 95% do aproveitamento da água. O clima dessa região também proporciona uma grande amplitude térmica, o que é muito bom para o cultivo de uvas. Além de seca, a região tem solos pobres, que retém pouca umidade e com baixo teor de matéria orgânica. Os vinhedos da Argentina ocupam mais 230 mil hectares de terra. A variedade malbec é a mais plantada na região. Essa uva, de origem francesa, chegou à Argentina por volta de 1860. Hoje, o vinho malbec produzido na Argentina é famoso no mundo inteiro. Muitas vinícolas ou bodegas, como se diz pelo lugar, instalaram-se nas encostas da Cordilheira dos Andes, na região conhecida como Vale do Uco. A bodega Salentein, empresa que cultiva um dos maiores vinhedos de Mendoza, tem 700 hectares. A fazenda tem 22 quilômetros de comprimento e altitudes variando de 1.050 a 1.700 metros, que permite o cultivo de diversas variedades de uva e com muita qualidade. Na propriedade há videiras com idade variando entre três e 35 anos, com 80% de uvas tintas e 20% de brancas. A tela que reveste as videiras serve para proteger as frutas de chuvas de granizo, que são frequentes nessa região. Para conduzir as videiras, é usado o sistema de espaldeiras: estrutura formada por linhas de arame esticado. O clima da região também é bom para a saúde das plantas. Por ano, a bodega produz sete milhões de quilos de uva. O clima e a topografia da fazenda facilitam a colheita das frutas. E com a maturação escalonada, 80 pessoas dão conta de colher toda a produção. Do campo, as uvas seguem direto para a bodega para virar vinho. O clima certo e a água do degelo estão atraindo produtores de vinho de outras partes do mundo para Mendoza, como o empresário espanhol José Ortega Fournier. A bodega Ofournier tem três fazendas na região, onde cultiva 300 hectares de videiras. A especialidade da bodega é uva tempranilho, que tem esse nome porque é a primeira a ser colhida. Essa variedade também é a mais usada pra produção de vinhos na Espanha. A bodega ainda planta uva das variedades sirrah, cabernet sauvignon, merlot e malbec. Para financiar a expansão dos vinhedos, a bodega criou uma espécie de condomínio com 70 hectares de videiras, divididos em lotes de um hectare cada. Quem compra um lote pode usar as uvas pra produzir seu próprio vinho ou vender a produção para a bodega. A empresa mantém o vinhedo por dois anos, tempo que leva para começar a produzir. A maior parte dos lotes foi comprada por brasileiros. As uvas colhidas no campo vão para a bodega onde são selecionadas, separadas dos cachos e esmagadas. Depois, seguem para imensos tonéis, para fermentação. Após esse processo, o vinho é transferido para a cave, lugar onde vai envelhecer. Os vinhos tintos são colocados em barris de carvalho francês, onde passam de três a 18 meses, dependendo da categoria. Quanto melhor o vinho, mais tempo ele fica no barril. Os vinhos brancos não envelhecem em madeira. Hoje, há cerca de mil bodegas em Mendoza, que transformaram a Argentina na quinta maior região produtora de vinhos do mundo. DO GLOBO RURAL07/04/2013 09h00- Atualizado em 07/04/2013 09h00

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