terça-feira, 2 de abril de 2013

Alta sobre os custos de produção assusta produtores de Mato Grosso

Alta sobre os custos de produção assusta produtores de Mato Grosso Mariana Peres - Diário de Cuiabá ​A colheita da safra 2012/13 de soja está chegando ao fim nestes primeiros dias de abril, mas os problemas decorrentes deste ciclo não findam junto com o desacelerar das máquinas. A alta sobre os custos de produção no decorrer da safra e as estimativas de boas produções em grandes concorrentes, como Argentina e Estados Unidos, desenham um cenário temerário e já vivido anos atrás: saca em baixa e despesas nas alturas. O peso do frete sobre os custos de produção, a maior marca da safra 2012/13 no Estado, tende a abocanhar cada vez mais as margens de lucro, pois não há nenhuma sinalização de que a demanda vai arrefecer a necessidade pelo transporte e consequentemente o valor do quilômetro rodado. Ao contrário desta safra, quando os preços em elevação provocaram uma corrida às vendas antecipadas, neste ano a conta para a próxima se inverte: preços menores e custo muito superior ao recorde observado até o momento. E o mercado vai sinalizando os rumos que pretende tomar. Se no ano passado o oeste mato-grossense negociava a saca entre US$ 22 a 23, agora a oferta vai a cerca de US$ 18. E na contramão, o custo com os frete aumentou em média no Estado 50% de uma safra para a outra. Um balanço realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que a cotação média da saca no Estado encerrou março em cerca de R$ 45. Em 2007, no mesmo período, custava R$ 22,63, um avanço de quase 100%, no entanto, somente do ano passado para esse o frete corroeu cerca de 50% deste ganho e o custo de produção básico (sementes, defensivos e adubos/fertilizantes) aumentou em 20% e para 2013/14 o custo efetivo deve ficar até 15% superior ao atual, que foi o maior da história mato-grossense. ANÁLISE – Como explica o analista da Cadeia de Grãos do Imea, Cleber Noronha, os números de safra da argentina e norte-americana é que vão ditar o ritmo. “A tendência é de queda no preço. Somente com a definição delas é que o mercado será concretizado”. E para esse futuro próximo é que o sojicultor do Estado volta seus olhos e suas estratégias. Da venda antecipada realizada antes do plantio e até a colheita, Mato Grosso comercializou 70% da previsão inicial de colher 24,13 milhões t. São exatamente os 30% restantes que seriam o lucro - já que em princípio, a venda futura é uma forma de assegurar que o custo de produção será coberto pelo preço negociado - é que vão ser influenciados pelo frete e pela variação das cotações na medida em que as safras dos grandes concorrentes do Brasil forem se confirmando, para cima ou para baixo. “Os 70% foram comercializados a preço médio ponderado de R$ 49,30/saca, no Estado. Os 30% restantes poderão ser comercializados a preços inferiores, já que nos primeiros três meses de 2013 o preço da oleaginosa reduziu 19,1%”, completa Noronha. AVALIAÇÃO – O analista acredita que o principal problema desta safra foi a elevação dos preços do frete neste ano, que em alguns casos ultrapassaram 50%. Entre Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá) até o porto de Paranaguá (PR) o preço do frete partiu de R$ 195 t para atingir R$ 300 t, aumento de 53,8% no período. Esse impacto vem sobre uma safra, que mesmo campeã em produção, terá produtividade abaixo das 50 sacas, ante previsão de 51 sacas. Nesta reta final, ainda falta saber até que ponto o clima chuvoso de entre janeiro e fevereiro impactou no preenchimento dos grãos e até que ponto a ferrugem asiática vai interferir no custo e na produtividade. As contas serão refeitas e talvez a safra dos recordes inclua mais um título: a safra em que o produtor mais deixou de ganhar dinheiro seja pelos descontos, pelo que ficou perdido nas lavouras encharcadas, levados pelo frete e, ou, impactado pela ferrugem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário