quarta-feira, 17 de abril de 2013

Argentina de volta ao mercado

Argentina de volta ao mercado quarta, 17 de abril de 2013 às 09:15 O mercado internacional da soja e do milho vai sentir nas próximas semanas o peso de uma safra cheia saindo da Argentina, segundo maior produtor de grãos da América do Sul e terceiro maior exportador global de soja e milho. Depois de enxurradas e secas, as lavouras rendem perto de 50 milhões de toneladas de soja e 25 milhões de toneladas de milho, segundo estimativas da Expedição Safra Gazeta do Povo. São 12 milhões de toneladas de grãos a mais do que no ano passado. A colheita entra em sua fase mais movimentada e força a retomada das vendas, que foram adiadas, primeiro pela incerteza em relação ao volume da produção e depois pelas quedas nas cotações internacionais. Maior parte da colheita de grãos da Argentina ainda não foi negociada. Segundo a Bolsa de Rosário, 80% da produção de soja, ou 40 milhões de toneladas, precisa de compradores. Esse volume começa a chegar ao mercado ao mesmo tempo em que o Brasil, principal fornecedor mundial, finaliza uma colheita recorde da oleaginosa. A safra argentina é a segunda maior da história do país e derruba as previsões de quebra climática, apurou a Expedição na última semana em viagem de 2,5 mil quilômetros pelo país. Não chega aos 55 milhões de toneladas de soja esperados no início do ciclo, em setembro de 2012, mas confirma um ano de retomada e desafia a logística de um país privilegiado pela proximidade entre as lavouras e os portos. A colheita é 10% inferior ao recorde de 2009/10, mas 15% mais volumosa que a do ano passado. Segue a tendência registrada nas lavouras de verão no Brasil, que rendem 22% mais soja que na temporada 2011/12 (81,6 milhões de toneladas) e põem a infraestrutura em xeque. Teste logístico Ao mesmo tempo em que coloca a Argentina de volta ao mercado internacional de commodities agrícolas, a produção deste ano testa a eficiência da logística do país vizinho, que exporta cerca de 90% da soja retirada do campo, seja em forma de farelo, óleo ou grão. Os caminhões que levam os produtos até os portos da região de San Lorenzo (Santa Fé), por onde são escoados dois terços da soja, formam filas de até 10 quilômetros. A movimentação passou da média de 3,4 mil para 4,5 mil ao dia nas últimas duas semanas, conforme monitoramento local. O setor apressa também o carregamento de navios, que esperam duas semanas para atracar e de dois a três dias para o enchimento dos porões. As operações em andamento e agendada nos 22 terminais que embarcam grãos somavam, na última semana, até 1 milhão de toneladas de milho e 500 mil de soja. As filas são resultado da falta de canais de acesso ao porto, sustenta o gerente de operações portuárias das cooperativas argentinas, Juan Carlos Piotto. “Fotos aéreas mostram que esse problema ocorre inclusive quando as praças de caminhões do porto estão vazias.” O governo da província de Santa Fé, por sua vez, afirma que falta integração entre os elos da cadeia produtiva. “Temos que rever o a situação para encontrar soluções envolvendo todos os setores”, disse o vice-governador, Jorge Henn. Não há agendamento para a chegada de navios aos terminais. Influência O quadro ainda não influencia as cotações locais, pautadas na Bolsa de Chicago, mas aumenta os custos do escoamento, ainda um dos mais competitivos do mundo. Dois terços das lavouras ficam a menos de 300 quilômetros dos portos. Cerca de 80% da produção exportada chegam aos terminais de caminhão (15% de trem e 5% de barcaças). Mesmo com a região portuária cercada de veículos, armazéns como os da Associação das Cooperativas Argentinas (ACA) estão abarrotados e alimentam carregamento permanente. O leilão de lançamento das vendas no mercado físico, realizado na última quinta-feira na Bolsa de Rosário, refletiu a expectativa do mercado argentino em relação à colheita. Um lote de 23 mil toneladas foi arrematado por 82,6 mil pesos (3,6 mil pesos por tonelada) num dia em que a cotação fechou em 1.620 pesos/t. A empresa que deu o lance, Crosmar Cereales, confirmou tratar-se de uma cotação simbólica. O risco é de queda nos índices que remuneram o agronegócio. “A expectativa de plantio ampliado nos Estados Unidos e a colheita cheia do Brasil e da Argentina dão uma sensação de sobreoferta, mas, se as previsões de crescimento da demanda internacional se confirmarem, os preços serão melhores do que os de hoje”, disse o presidente da Bolsa de Comércio de Rosário, Cristián Amuchástegui. Fonte: Famasul

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