segunda-feira, 1 de abril de 2013

Empresas oferecem a demitidos recolocação em outros países

Empresas oferecem a demitidos recolocação em outros países 01/04/2013por Valor Econômico Para Bev White, presidente do Career Star Group, o setor financeiro no Brasil tem absorvido vários profissionais de fora Empresas de países severamente afetados pela crise e que se veem obrigadas a demitir até mesmo alguns de seus maiores talentos estão ampliando seus programas de outplacement. O objetivo é auxiliar o profissional nesse momento de transição de carreira e oferecer opções globalmente, criando assim um vínculo que facilite um possível retorno quando a economia voltar a dar sinais de melhora. Nesse contexto, o Brasil está cada vez mais em evidência, segundo a britânica Bev White, presidente do Career Star Group, uma associação de 52 consultorias do mundo todo de recursos humanos e desenvolvimento profissional que prestam serviços em conjunto. Bev, que também comanda a empresa de recrutamento inglesa Penna, esteve em São Paulo na semana passada para uma reunião de conselho do grupo, que completará um ano em abril. "Encontrar uma boa vaga de trabalho em um país em recessão é muito difícil. Para driblar essa realidade, muitas companhias estão oferecendo o outplacement de forma mais global", afirma. De acordo com a especialista, dessa forma elas conseguem manter um bom relacionamento com o profissional que não está sendo desligado por baixo desempenho ou problemas de comportamento, mas por motivos de restruturação. "As portas ficam abertas para que aquele talento possa voltar". diz. Em 2012, houve um crescimento de 20% no volume de executivos que vieram do exterior para o Brasil por meio de processos de outplacement. A maioria, 80%, veio da Europa, segundo levantamento da consultoria Mariaca, representante brasileira do Career Star Group. Para este ano, a expectativa é que a procura de profissionais estrangeiros pelo país apresente uma expansão de 30%, também puxada pelos europeus - principalmente de origem espanhola e portuguesa. O caminho inverso, porém, ainda é pouco percorrido, segundo Patrícia Epperlein, presidente da Mariaca. "A demanda maior é pelo outplacement de estrangeiros que querem vir para o Brasil. Mas, ainda que incipiente, já existe uma procura de executivos daqui que pretendem trabalhar no exterior", diz, sem precisar o tamanho desse mercado. Para Patrícia, a atratividade do Brasil está nos segmentos ligados à infraestrutura, engenharia e bens de consumo. "A escassez de talentos para suprir investimentos em grandes projetos está abrindo espaço para que executivos de diversos países assumam posições de destaque em empresas nacionais", afirma. Além disso, o mercado consumidor do país, que tem segurado o PIB nacional, gera muitas oportunidades no varejo e no setor de serviços, destaca a executiva. De acordo com Bev, o setor financeiro do Brasil também tem absorvido a "evasão" de talentos de fora, já que a crise desencadeou uma série de processos de restruturação em diversas instituições do exterior. "Esses profissionais estão encontrando boas oportunidades nos emergentes, em especial no Brasil", diz. Na opinião da presidente do Career Star Group, as empresas valorizam os executivos globalizados, que falam muitos idiomas e entendem a dinâmica de mercados diversos. Esse é o caso da alemã Tjalda Drucke, que deixou seu país no começo deste ano para disputar uma posição no mercado brasileiro. Ela, que trabalhava na gerência internacional de vendas da Jungheinrich, fabricante de máquinas e equipamentos de intralogística, começou o processo de outplacement em Hamburgo, por conta de uma restruturação da companhia, mas continuará o programa em São Paulo. Esta, contudo, não é a primeira visita da executiva à cidade, que até já perdeu as contas de quantas vezes esteve no Brasil. Enquanto estudante, Tjalda chegou a fazer um semestre de intercâmbio em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná, e um estágio de cinco meses na T-Systems do Brasil, empresa da Deutsche Telekom, em 2007. Nessa época, conheceu o namorado, que é hoje seu marido - um indiano naturalizado brasileiro. Entre as idas e vindas ao Brasil, ela fez estágio em administração no Hospital das Clínicas e trabalhos voluntários em diferentes Estados. "Gosto principalmente de São Paulo. Por ser um mercado emergente, há muito espaço para desenvolver projetos novos. É o oposto de onde venho: uma economia já saturada e engessada", diz, em português fluente. Além das diferenças culturais, presentes no cotidiano e nas relações de trabalho, os desafios de adaptação ao mercado brasileiro também esbarram nos entraves burocráticos do visto. "Não é fácil conseguir trabalhar no Brasil. O processo legal é muito demorado e confuso", afirma.

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