quinta-feira, 4 de abril de 2013

Falta de armazéns

Falta de armazéns No amplo progra­ma que promete executar para modernizar a Infraestrutura lo­gística do País, o governo parece ter relegado a segundo plano a necessidade de aumentar substancialmente a capacidade de estocagem de grãos Editorial do Jornal O Estado de S. Paulo Isso não resolveria a si­tuação caótica que se observa no escoamento da supersafra 2012/2013, mas poderia ameni­zar o congestionamento de es­tradas e portos, além de permi­tir a obtenção de melhores pre­ços pelos produtores agrícolas. Gomo assinalam os especialis­tas, os investimentos em ferro­vias, Rodovias e portos vão le­var alguns anos para começar a surtir efeitos, enquanto a cons­trução de silos e armazéns po­deria amenizar sensivelmente os problemas a curto e a médio prazos, a um custo relativa­mente baixo. Enquanto se preveem inves­timentos de R$ 133 bilhões em ferrovias, por exemplo, calcula-se que com R$ 15 bilhões se po­deria zerar o déficit de 35 mi­lhões a 40 milhões de tonela­das na capacidade de estoca­gem de grãos. Segundo a Conab, existem hoje em operação no País 176 armazéns públicos e privados, com capacidade pa­ra estocar, no máximo, 145 mi­lhões de toneladas de grãos, en­quanto devem ser produzidos este ano de 180 milhões a 185 milhões de toneladas de grãos, 14 milhões a mais que na safra anterior. Sem instalações adequadas para estocagem, alguns produ­tores levam sacos de grãos co­lhidos para a beira das estra­das, onde são cobertos com lo­na e empilhados e ficam à espe­ra de caminhões que possam transportá-los aos portos. Es­ses veículos se tornam silos ambulantes, sendo grandes as perdas por vazamentos ou fu­ros em sacos ou deterioração pela ação do tempo, o que re­sulta em preços mais baixos. Quando o produto não está de acordo com os padrões de qua­lidade exigidos, os comprado­res, especialmente as tradings, descontam a parte danificada do preço a pagar. O Ministério da Agricultura e Abastecimento tem sido aler­tado para esse problema, mas prefere não se pronunciar, em­bora haja a expectativa de que venha a ser lançado um plano para financiar a construção de armazéns, silos e de equipa­mentos. "Este é um pleito anti­go dos produtores", afirma Cid Sanches, gerente de Planeja­mento da Associação de Produ­tores de Soja e Milho do Esta­do de Mato Grosso. Gom mais armazenagem, diz ele, "a pro­dução poderia ficar um tempo maior na mão dos agricultores ou das cooperativas". Sob esse aspecto, o País está em uma posição muito inferior à de outros produtores e expor­tadores mundiais de grãos. No Brasil, apenas 15% da safra é ar­mazenada pelo produtor, pro­porção que sobe para 35% na Argentina, 65% nos EUA e 85% no Canadá. Isso torna o produtor nacio­nal mais dependente de arma­zéns públicos. Em média, a ca­pacidade de armazenagem do País é de 80% em condições normais, ficando bem abaixo do nível recomendado pela FAO, de 1,2 vez a produção anual, para poder suportar uma supersafra como a atual e funcionar como instrumento de controle da oferta. Além dis­so, a capacidade nacional de es­tocagem está mal distribuída. No Gentro-Oeste, de onde se origina a maior parte da produ­ção, a capacidade é, em média, de 67%. É ainda preciso levar em conta que muitos armazéns se localizam em pontos distan­tes das áreas de produção. Nessas circunstâncias, o pro­dutor nacional não tem meios para dosar as suas vendas e se vê obrigado a desovar a produ­ção às pressas, o que cria um gargalo no transporte. Considere-se ainda que os portos mais importantes ficam nas Regiões Sudeste e Sul. Tudo isso afeta a produtividade e a competiti­vidade. Não tendo como segu­rar a safra, a maioria dos produ­tores não pode vender na oca­sião em que as cotações lhe são mais propícias. Nem tudo depende de inves­timentos do governo em mais armazéns públicos. Produto­res mais capitalizados têm in­vestido em estruturas de arma­zenagem e equipamentos um total de R$ 7 bilhões a R$ 8 bi­lhões nos últimos cinco anos, segundo a Abimaq. Tais investimentos poderiam ser bem maiores com condições de fi­nanciamento mais atraentes. Notícias de Agricultura

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