segunda-feira, 15 de abril de 2013

Preço da terra no RS sobe 240% em 10 anos

Preço da terra no RS sobe 240% em 10 anos 15/04/2013 - 15:01 Zero Hora Em 10 anos, o hectare agrícola no Estado aumentou 240%, em média, conforme pesquisa da Informe Economics/FNP. No mesmo período, a inflação acumulada foi de 76,61%. Em regiões onde a soja avançou, na Metade Sul e na Fronteira Oeste, a valorização chegou a 600%. Entusiasmados pelos resultados das últimas safras, produtores de médio e grande porte voltaram a investir, expandindo as áreas de produção e inflacionando o mercado de terras. Conforme o levantamento, realizado em 113 regiões brasileiras, as áreas mais caras no Estado estão concentradas no Norte, principal região produtora, onde um hectare pode passar de R$ 40 mil. Sem espaço para expandir as lavouras em áreas com valores exorbitantes e entusiasmados com a safra, produtores e empresários migraram os investimentos para regiões até então pouco exploradas para plantio de soja. "Com preços no teto no Norte, houve uma corrida em busca de terras nas regiões da Campanha, Metade Sul e Fronteira. Esse movimento acabou inflacionando o mercado", explica Nilo de Souza Ourique, proprietário da Nilo Imóveis, imobiliária rural com sede em Santa Maria e atuação em todo o Estado. Com características diferentes, as áreas rurais são avaliadas conforme o potencial. Nos bolsões produtores de soja, o preço do hectare é calculado de acordo com a cotação da saca. "O grão dá valor à terra", explica Ourique. Empresário e produtor rural em Tapejara, no norte do Estado, Norberto Dal'Olivo buscou uma nova região para aumentar a produção. Há dois meses, comprou uma área de 600 hectares, em São Borja, na Fronteira Oeste. "Aqui (região Norte) o preço está muito alto, sem contar que há pouca oferta para venda", aponta o produtor. A migração do Norte para Campanha e Fronteira é justificada pela diferença de preço. Enquanto na região de Passo Fundo Dal'Olivo teria de desembolsar mais de R$ 30 mil por hectare, em São Borja o valor do hectare pago ficou em torno de R$ 10 mil. No entanto, essa diferença tende a diminuir. "O valor da terra nessas regiões (Central e Fronteira) deve continuar crescendo numa velocidade maior do que nas demais, em razão da procura", aponta Antônio da Luz, economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). A variação do preço da terra não chega a ser uma surpresa, pois segue uma tendência mundial de aumento da produção de alimentos e de matérias-primas. "O elemento terra será cada vez mais valorizado. Com o esgotamento de recursos naturais, as áreas que tiveram potencial serão exploradas, mais cedo ou mais tarde", avalia o diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. Expansão das vinícolas elevou preços na Serra Caracterizada por terrenos irregulares e de alta produtividade para viticultura, as terras da região de Caxias do Sul tiveram a maior alta de preço da década no Estado. A valorização no período – de 1.531%, seis vezes maior do que a variação do Estado – foi puxada especialmente pela expansão de vinícolas em municípios como Bento Gonçalves e Garibaldi. Produtor de uva em Flores da Cunha, Celso Bernardi, 56 anos, nunca imaginou que desembolsaria R$ 120 mil para comprar três hectares de terra no distrito de Otávio Rocha, interior do município, onde nasceu, aprendeu a trabalhar, casou e criou três filhos. "Paguei esse valor para não perder o negócio, se não outra pessoa compraria para fazer um sítio", conta. Na nova área, Bernardi irá plantar alho, cebola e milho. O retorno do investimento, com o quilo do alho a R$ 7,06, virá após duas safras cheias de trabalho compartilhado com o filho Leonir, de 23 anos. Enquanto houver demanda, ou seja, compradores dispostos a pagar caro, a tendência é de que o preço da terra se mantenha em curva ascendente. No entanto, o mercado exige cautela, orienta André Guidotti, chefe da Divisão de Obtenção de Terras do Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra-RS). "É preciso calcular em quanto tempo a rentabilidade da produção irá pagar o investimento. O endividamento no campo é um fator de preocupação", alerta Guidotti, acrescentando que terras mais valorizadas forçam os produtores a terem um produtividade maior. Mapitoba, nova fronteira agrícola do país Depois de consolidar a migração ao Centro-Oeste, os gaúchos ajudam a fortalecer um movimento em direção à chamada última fronteira agrícola do país: a região formada pelo Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, Mapitoba. "Essas regiões têm um potencial fabuloso. São locais com pouca infraestrutura ainda, mas os grandes investidores têm recursos para aplicar", diz o diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. Grandes grupos e produtores são atraídos pelo baixo preço da terra, e pela posição geográfica privilegiada. "Nessas novas áreas de fronteira agrícola os investidores ganham com a valorização da terra a cada ano e com a atividade em si, fomentada pela elevação do preço das commodities agrícolas", destaca o consultor Breno Carvalho Pereira, da Correnteza Gestão e Investimentos Rurais. Emeri Eugênio Tonial, 62 anos, pagou caro pelos 144 hectares adquiridos no ano passado em Passo Fundo, no norte do Estado – 750 sacas por hectare. Não se arrepende. A soja domina a paisagem na área de localização privilegiada, próxima à BR-285 e dos pontos para armazenagem. O produtor também investiu em outras três áreas, uma delas no Piauí, adquirida em 2001.

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