domingo, 5 de maio de 2013

Criadores usam técnica ultrapassada em várias propriedades do país

Criadores usam técnica ultrapassada em várias propriedades do país 05/05/2013 09h00 Brasil apresenta avanços na produção de leite em quantidade e qualidade. Mas o setor ainda convive com os Em vários pontos do país, seja em coleções do governo, seja principalmente na mão de particulares, vem-se fazendo um trabalho metódico de seleção do zebu leiteiro. O objetivo é que o girolando, fruto do cruzamento da raça holandesa com o gir, possa contar com duas linhas de boa genética tanto da parte da raça européia, cujo desenvolvimento vem de séculos, quanto do zebu. O agrônomo e pesquisador Rui Verneque vê o cruzamento para a vaca leiteira brasileira como vantagem. “A primeira vantagem é que nós temos a possibilidade a usar o animal zebuíno melhoria da qualidade do leite, ou seja, teremos um leite com mais sólidos. Uma segunda vantagem que eu diria é a questão ligada à rusticidade”, diz. O pesquisador destaca também o fato de que nas condições do Brasil a vaca girolanda tem vida útil maior do que a européia. Outro ponto a favor está na hora do descarte. “Uma vaca girolando, mais azebuada, quando chega numa situação, se você descartar ela por idade, ela tem um valor comercial de uma vaca de corte. Pode explorar o animal até uma idade mais avançada que não perde muito em valor comercial”, completa Verneque. O modo de produção varia muito na extensão do país. Ainda é possível encontrar o sistema de latões que o caminhão coleta de fazenda em fazenda. Gustavo Roque tem seis vacas em lactação na propriedade na região leste de Minas Gerais. O criador não tem ordenhadeira nem tanquinho, mas possui um banquinho com um pé só. Ele é uma figura do mundo do leite do Brasil. O criador tem áreas para pastagem e já tirou 200 litros por dia. “Eu mesmo faço a ordenha e entrego no caminhão”, diz. Enquanto o leite é pago em centavos, a energia, a gasolina, a ração e o supermercado são pagos em real. Um litro de leite pago ao produtor continua valendo menos que uma garrafinha de meio litro de água comprada na loja. É obrigatório nos currais o uso do tanque de refrigeração. Mas o pequeno produtor Antonio Claret não tem esse tanquinho. “A situação não é boa para ter tanquinho. Pra gente ter tanquinho, tem que ter mais produção e tirar mais quantidade de leite”, diz. Uma vacada que o pessoal da região diz de sangue comum. Um touro do mesmo sangue comum, puxando um pouco mais pro zebu, para valorizar o bezerro. E o manejo básico: apartação à tarde pros bezerros não mamarem à noite, de forma que a vaca amanheça com o úbere cheio. O controle do que acontece numa instalação de leite levou a equipe de reportagem a uma fazenda no município de Cajuri, no leste de Minas Gerais. O agrônomo e pesquisador da Embrapa, Bruno de Carvalho, enumera os pontos fundamentais de uma instalação leiteira, por menor que seja: condições sanitárias para operar com higiene e limpeza; tanque de refrigeração; previsão de alimento para o ano todo, seca e verde; vacada de raça leiteira e controle. Há 24 anos, na fazenda no município de Cajuri, na região de Viçosa, no leste de Minas Gerais, o produtor Antonio Maria estava adotando a casinha, um manejo novo na criação dos bezerros. O esquema para os bezerros mudou muito e a fazenda acha que agora vai dar ainda mais certo. Os animais ficam presos num arame, como cachorrinho, com liberdade para ir ao cocho, deitar, correr e beber água. Na ocasião, o lugar produzia tirava 300 litros de leite e hoje passa dos 4,5 mil. A Fazenda da Agrindus, em Descalvado, no estado de São Paulo, produz 50 mil litros de leite por dia. Como tem seu próprio laticínio, o leite não sai do lugar para ser processado e não sofre mudança com o transporte e calor. Já sai da propriedade como leite, iogurte e manteiga. Como a vacada tem comida na boca o ano todo, a parte de agricultura é muito desenvolvida na fazenda. O sistema é do galpão livre e aberto, onde as vacas ficam o dia todo, só saindo para a ordenha. Elas têm comida para comer à vontade; água limpa; sal mineral; temperatura controlada com vapor de água que entra em ação quando o dia esquenta; um coçador onde as vacas encostam toda hora; piquete de capim, por onde circulam para tomar sol; e cama de areia seca. A cama de areia é um trunfo do manejo. A fazenda trabalha com a informação de que as vacas de leite passam 13,5 horas deitadas para ruminar e dormir. Elas gastam as outras 10,5 horas comendo, andando ou na ordenha. As vacas dão uma média de 3,5 crias antes do descarte. Em compensação, começam a trabalhar bem cedo. A bezerra só fica com a mãe no dia que nasce. Daí até dois meses, leite no balde e já com oferta de ração. Daí em diante, piquete com capim e ração. A Fazenda Agrindus aparta novilha para reprodução aos 14 meses. Na propriedade são três ordenhas por dia. O leite ordenhado corre por uma linha subterrânea até os tanques de refrigeração. Um sistema de câmeras permite que a qualidade do leite seja monitorada do outro lado do mundo. O monitoramento é feito em Israel por clientes da fazenda que querem manter rígidos os padrões de qualidade do leite. O agrônomo Roberto Jank é diretor da Agrindus e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite. Como maior produtor de leite do Brasil, ele sabe bem onde o país pode chegar. “O leite tem um enorme potencial para crescer em qualidade, intensificação da produção por hectare e produtividade por vaca. O crescimento de consumo também foi muito alto. Nos últimos 15 anos, cresceu 60%. Então, é tudo favorável para o crescimento da produção e do consumo no Brasil”, diz. DO GLOBO RURAL

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