terça-feira, 21 de maio de 2013

Empresa americana tem uma ligação de 77 anos com a caatinga brasileira

Empresa americana tem uma ligação de 77 anos com a caatinga brasileira 21/05/2013 08h10 Fabricante de produtos de limpeza começou com cera de carnaúba. Americanos querem a caatinga como patr Em 1935, o jovem empresário americano Herbert F. Johnson Jr., líder da terceira geração da família proprietária da fábrica de cera para chão Johnson’s Wax, passava por um momento de vida turbulento: enfrentava um divórcio, situação nada comum nos Estados Unidos daquela época, e lutava para manter a empresa em pé. Resolveu driblar a turbulência voando para o Brasil para conhecer de perto a matéria-prima de seu produto, a carnaúba, sem a qual não teria o que produzir e vender em sua fábrica em Wisconsin. H.F. Johnson comprou um avião Sikorsky S-38, que tinha conhecido na Exposição de Chicago de 1933, e deu início a uma expedição sem precedentes, voando para locais onde não havia aeroportos. Por isso, comprou o avião anfíbio, para pousar nas águas do Ceará. Quem relata a aventura é Kelly M. Semrau, chefe-executiva de Sustentabilidade da SC Johnson, hoje uma empresa familiar de 127 anos, fabricante líder de limpeza e higiene, com mais de 13 mil funcionários em mais de 70 países. No Brasil, tem a fábrica em Manaus, inaugurada em 1937, dois anos após a viagem de H.F. Johnson. Em 1998, Sam Johnson, filho de H. F. reuniu a família e decidiu refazer a viagem com um avião semelhante ao do pai. “Após a viagem de 1998, e reconhecendo o papel vital que a região da caatinga desempenha no país, a SC Johnson fundou a Associação Caatinga, dedicada ao estudo e à preservação da região, por meio da criação de um fundo de US$ 1,5 milhão”, disse Kelly, comemorando os 15 anos da associação. A associação defende e faz campanha em seu site pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 51/03) que visa a reconhecer os biomas Caatinga e Cerrado como patrimônios nacionais pela Constituição brasileira. Graças ao fundo, mais de 2.240 espécies de vegetais e animais já foram catalogadas, sendo que 340 espécies vegetais são exclusivas da região da Caatinga. A SC Johnson doou 18 mil acres de terra para a maior organização de proteção ambiental do mundo, The Nature Conservancy. O resultado foi a criação da Reserva Natural Serra das Almas, em Crateús, no Ceará, hoje reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera. “A caatinga desempenha um papel fundamental no passado e no presente da SC Johnson. Por meio do apoio à preservação da região, ao mesmo tempo em que garantimos uma fonte permanente de matéria-prima, demonstramos o compromisso de longa data da companhia com o país” conta Mauro Ramos, gerente-geral da SC Johnson no Brasil. H. F. morreu aos 79 anos, em 1978, e a seu pedido, o filho Sam mandou gravar em sua lápide uma palma da carnaubeira. Em seu site, a associação divulga a primeira parte do documentário "Carnaúba à memória de meu pai", que também pode ser acessado pelo Youtube. Kelly M. Semrau (Foto: Lilian Quaino/G1)Kelly M. Semrau (Foto: Lilian Quaino/G1) Braço filantrópico Segundo Kelly Semrau, a companhia estabeleceu um padrão de compromisso contínuo junto às comunidades dos países em que está presente. Há uma semana, a empresa anunciou o investimento de R$ 1,2 milhão em iniciativas em comunidades brasileiras em 2013. “O Brasil é um marco na história da SC Johnson há mais de 70 anos. Temos muito orgulho em apoiar famílias em todo mundo, e em países como o Brasil, e também em ter a oportunidade de retribuir às comunidades por meio do apoio a educação, saúde e promovendo o acesso a práticas esportivas”, disse Kelly. No investimento estão iniciativas como a parceria com o Instituto Ayrton Senna para garantir o acesso à educação de qualidade a mais de 200 mil crianças e jovens de escolas públicas do Brasil; o apoio à saúde infantil em Curitiba para crianças e adolescentes do Hospital Pequeno Príncipe; e incentivo ao esporte no Rio de Janeiro, para mais de 200 crianças beneficiadas todos os anos pelo projeto social “Voluntários SC Johnson – Estrela Solidária” que visa a dar acesso ao esporte com ênfase no futebol a crianças de baixa renda alunos de escolas públicas da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro e de Niterói. Greenlist Com sede em Racine, Wisconsin, a SC Johnson soma US$ 9 bilhões por ano em vendas de produtos de consumo doméstico de limpeza, armazenamento doméstico, purificação de ar, controle de pestes e cuidados com calçados. Suas marcas são conhecidas no mundo inteiro. No Brasil os carros-chefes são Raid, Off! e ZipLoc. Os cientistas da SC Johnson desenvolveram a classificação ambiental Greenlist para selecionar ingredientes que atendessem requisitos legais e regulatórios e que pudessem aumentar por ano o número de produtos com menos impacto sobre o meio ambiente e a saúde humana. De 2001 a 2011, o percentual de produtos considerados “Excelentes” ou “Bons”, dentro dos padrões da Greenlist, aumentou de 18% para 50%, ressalta Kelly. Os objetivos ambientais para 2016 incluem o maior foco nas embalagens, com a redução das embalagens em geral e o aumento de conteúdo reciclado. A política de sustentabilidade não é criar apenas produtos verdes, mas tornar a empresa uma companhia verde. A política de sustentabilidade atinge Ingredientes, produtos e embalagens, explica ela. “Na verdade, a sustentabilidade está incluída nas operações de nossas categorias de negócios e em nossas geografias. Em vez de considerar a responsabilidade ambiental como uma função separada na empresa, ela é um objetivo compartilhado pelos líderes em toda a empresa”, disse. O Brasil está se movendo mais rápido do que qualquer outro pais que já vi no tema sustentabilidade" Kelly M. Semrau País do futuro Kelly M. Semrau é uma líder em sustentabilidade por mais de 25 anos, e supervisiona a nível global e local todas as iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa da SC Johnson. Ela também é responsável pelas iniciativas filantrópicas e gerencia o braço filantrópico e a instituição de caridade da companhia. No início do mês, ela foi uma das principais palestrantes da Conferência Internacional de Sustentabilidade Sustainable Brands, que aconteceu no Rio. Ela diz que o mercado da SC Johnson no Brasil é muito bom, mas por questões de estratégia não revela números de vendas ou faturamento. “Para nós, o Brasil é um importante mercado. Vemos o Brasil como um país do futuro, e ser parte deste futuro é importante para nós. A classe média é emergente e queremos ser parte desse movimento. A estratégia para o Brasil é continuar crescendo e produzindo os produtos que o brasileiro precisa e quer, com preços acessíveis a todos os níveis de consumidor”, diz ela. Para ela, a única coisa que não pode acontecer é a volta da inflação: “O que não queremos que aconteça é a inflação porque queremos ter certeza que os consumidores vão poder comprar nossos produtos”, disse. Ela se disse surpresa e entusiasmada com o engajamento brasileiro no tema da sustentabilidade. “O Brasil está se movendo mais rápido do que qualquer outro pais que já vi no tema sustentabilidade. As companhias e mídia são muito engajadas. Temos mais de 20 anos de atuação nessa área, sou um dinossauro e estou espantada com o que o Brasil tem feito”, disse, acrescentando que as publicações e a cobertura jornalística do tema são de alto nível. E a cera de carnaúba Johnson's Wax continua sendo produzida e vendida em sua tradicional lata amarela, brinca ela. tópicos: Manaus Lilian Quaino Do G1, no Rio

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