domingo, 12 de maio de 2013

Inflação alta compromete negociações salariais

Inflação alta compromete negociações salariais O ganho real conquistado pelos trabalhadores das categorias com data-base no primeiro trimestre foi menor do que no ano passado 13/05/2013 | 00:01 Cristina Rios/Gazeta do Povo A inflação alta promete ser uma pedra no sapato nas negociações salariais em 2013. Entre as categorias que tiveram a data-base no primeiro trimestre, o ganho real (já descontado a inflação) conquistado pelos trabalhadores foi menor do que no ano passado. A média, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), foi de 1,4%, contra 1,96% no mesmo período de 2012. O índice de inflação medido pelo INPC (que é usado na maioria das negociações salariais) nos últimos 12 meses encerrados em março ficou em 7,22%, acima da inflação oficial medida pelo IPCA, de 6,59%, no mesmo período. Renault e Volks já fecharam acordos Embora a data-base dos metalúrgicos seja em setembro, alguns acordos já foram negociados antecipadamente. A Renault fechou em 2011 um acordo com os metalúrgicos para vigorar até 2013. Somente nesse ano, a montadora deve pagar 3,5% de aumento real, mais R$ 5,5 mil de abono com correção pelo INPC e R$ 18 mil de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Em setembro do ano passado, a Volks também fechou um acordo até 2014. Para 2013, está previsto um ganho real de 2,8% e mais um abono de R$ 2,8 mil. O acordo foi fechado depois de a montadora de origem alemã enfrentar, em 2011, a maior greve da sua história, que durou 37 dias. A Volvo e a Case New Holland (CNH) – essa última em dezembro – terão negociações nesse ano. Mercado de trabalho ainda aquecido e a previsão de crescimento da economia em 2013 pesam a favor dos reajustes salariais nesse ano. Por outro lado, a inflação alta e o baixo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, que afetou o desempenho das empresas, devem complicar as conversas na mesa de negociações e aumentar o número de greves. Em fevereiro, os vigilantes de Curitiba e Região Metropolitana fizeram uma greve de seis dias e, em abril, os metalúrgicos da GM em Gravataí, no Rio Grande do Sul, interromperam a produção por cinco dias. Os bancários fizeram paralisações no Banco do Brasil e no HSBC em todo o país. O Dieese no Paraná não tem um levantamento dos resultados regionais das negociações no primeiro trimestre – os dados são divulgados semestralmente. Para o economista do departamento, Sandro Silva, uma tendência mais clara só poderá ser verificada no segundo semestre, quando são realizados dissídios de categorias de peso, como metalúrgicos e bancários. “Tudo indica, porém, que 2013 será um ano de ganho real, mas provavelmente menor do que em 2012”, diz ele. De janeiro a março ocorreram cerca de 90 negociações em todo o país. Desse total, 87% negociaram reajustes acima da inflação contra 94,6% no mesmo período do ano passado, segundo o Dieese nacional. Para Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, as greves devem ser maiores nesse ano porque são a única forma de pressão que funciona para os bancos. “Não discutimos reposição da inflação. Discutimos aumento real. Os bancos continuam a ter lucros com aumento de tarifas e spreads. Por outro lado, desde 2008 alegam que estão em dificuldades por conta da crise mundial”, diz ele, que espera uma negociação difícil. A categoria reúne 18,5 mil trabalhadores na região de Curitiba. Em ano de inflação mais alta, as conversas entre patrões e empregados geralmente são mais complicadas, concorda o presidente do Sindicato dos trabalhadores da Indústria da Construção Civil (Sintracon), Domingos Oliveira Davide. A entidade, que reúne 65 mil trabalhadores em Curitiba e região metropolitana e tem data-base em junho, tem como objetivo repetir o ganho real alcançado no ano passado, de 5%.

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