sábado, 11 de maio de 2013

Logística força governo a trazer milho da Argentina

Logística força governo a trazer milho da Argentina Publicação: 12 de Maio de 2013 às 00:00Brasília (AE) - Apesar da safra recorde deste ano, entraves logísticos obrigarão o governo federal a receber milho argentino para ajudar no combate à maior seca dos últimos 50 anos no Nordeste. O caos logístico, que prejudica o escoamento da produção para a exportação, também impede o transporte do milho guardado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no interior da Bahia. Com Trata-se do segundo problema logístico de grandes proporções, em conjunto com as filas de caminhões para embarcar a supersafra de grãos em alguns portos brasileiros. É, também, uma ironia, tendo em vista a situação de ampla oferta de milho no mercado interno, o que leva os produtores brasileiros a pressionar por medidas de apoio ao escoamento da safra, já que falta espaço nos armazéns no Centro-Oeste e há risco de ser estocada a céu aberto. O lote de 20 mil toneladas de milho argentino, que será entregue no Porto de Salvador, foi a primeira compra do governo em leilões realizados pela Conab. Ao todo serão compradas 103 mil toneladas de milho para atender os pequenos criadores que sofrem com a seca prolongada. O cereal será doado aos governos estaduais, que serão responsáveis pelo ensacamento, transporte e distribuição. O Nordeste enfrenta seca há quase dois anos. Em visita à região, a presidente Dilma Rousseff prometeu a entrega de 49,1 mil toneladas de milho e máquinas escavadoras. Neste ano, o Brasil deve colher 78 milhões de toneladas de milho, 7% mais que na safra passada, de acordo com a Conab. Conab terá de refazer leilão para o RN São Paulo (AE) - A Conab comprou na semana passada 55 mil toneladas (t) das 83 mil toneladas de milho que planejava adquirir, em leilão com compromisso de entrega - por parte do vendedor - nos portos do Nordeste. As 55 mil toneladas negociadas deverão ser entregues pelos fornecedores nos armazéns portuários do Ceará (30 mil t) e de Pernambuco (25 mil t). Um outro lote, de 28 mil toneladas, não teve interessados. O produto seria destinado aos portos da Paraíba (16 mil t) e do Rio Grande do Norte (12 mil t). “O Conselho Interministerial de Estoques Públicos deverá deliberar sobre a realização de novo leilão para compra do lote remanescente”, informou a Conab, em nota. Essa é a terceira tentativa de compra do grão para atender produtores da região da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), afetada pela seca. No primeiro pregão desse modelo, não houve interesse de venda para o governo, porque o prazo de entrega nos portos, de menos de 15 dias, foi considerado curto, especialmente quando considerado o caos logístico para escoar a produção agrícola. Na segunda edição do leilão, com maior prazo de entrega, um lote de 20 mil toneladas foi negociado, também pelo preço de abertura Para tentar atrair as tradings, o governo publicou, na semana passada, uma portaria que dá prioridade nos portos a navios que desejem descarregar o cereal adquirido pela Conab. O cereal adquirido pelo governo será doado aos Estados, que serão responsáveis pela venda do produto aos agricultores. Por meio da Medida Provisória nº 610, de 2 de abril de 2013, a Conab fica autorizada a doar esse volume de milho adquirido aos governos estaduais, para que o grão seja vendido a pequenos criadores de aves, suínos, bovinos, caprinos e ovinos. Para fugir de fila, empresa opta por importar No caso do milho argentino, a intenção inicial da Nidera Sementes, subsidiária da trading holandesa do mesmo nome, era entregar o cereal estocado em Luiz Eduardo Magalhães, município do oeste da Bahia a cerca de mil quilômetros do Porto de Salvador. Entretanto, como a fila de caminhões para embarque de soja no porto baiano é imensa, para não correr risco de atraso a empresa optou por entregar o milho argentino, que começou a ser carregado em navios na origem. A Coamo, cooperativa de Campo Mourão, será responsável pela entrega de 30 mil toneladas de milho no Ceará, com a vantagem de ter um terminal de grãos em Paranaguá. Para concluir a operação, precisará contar com a ajuda do governo para “furar a fila” de navios que estão aguardando por várias semanas a vez de atracar no porto. A Secretaria dos Portos baixou uma portaria dando prioridade ao embarque e desembarque do milho que irá para o Nordeste. A prioridade para as operações nos portos também é fundamental para o Grupo Getúlio Viana, de Primavera do Leste (MT), que vai entregar 25 mil toneladas de milho no Recife. Marcos Viana, diretor administrativo do grupo, diz que a venda ao governo foi alternativa encontrada para garantir o escoamento da produção de milho, que neste ano enfrentará dificuldades de logística e de preços, por causa da colheita de safra recorde em Mato Grosso. Ele afirma que a empresa arrematou o lote por R$ 730,80 a tonelada no Recife, mas somente de frete rodoviário até Paranaguá vai gastar R$ 300 por tonelada. Viana diz que os cálculos da cabotagem ainda estão sendo realizados, mas prevê que a margem de ganho na operação “será muito pequena”. Segundo Viana, além da logística complicada existem outros fatores do chamado “custo Brasil” que são imprevisíveis. Um problema é o preço cobrado pelo sindicato dos trabalhadores braçais em municípios como Bom Jesus da Lapa (BA), para retirar o milho do caminhão. Os sindicatos cobram R$ 1,50 por saca de 60 quilos. Ele diz que na origem, com todo trabalho de ensacar o milho e colocar em cima do caminhão, o custo da mão de obra é de R$ 2 por tonelada. Setores do governo reconhecem que o cereal não resolve o problema do gado faminto no Nordeste, pois os ruminantes precisam mais da forragem escassa do que do milho.

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