terça-feira, 18 de junho de 2013

18/06/2013

18/06/2013 19:30 Porto faz ajustes e ganha fôlego Aumento de 12% no embarque de grãos mostra que estrutura operava com folga. Mudanças em fase de implantação testam limites estruturais Gazeta do Povo Sem ampliar a estrutura de embarque, o Porto do Paranaguá está carregando 12% mais granéis do que em 2012, quando chegou perto de seu limite. O crescimento foi aferido de janeiro a maio, período crucial para o escoamento da safra recorde de grãos, quando 9 milhões de toneladas de soja, farelo de soja, milho e açúcar passaram pelos terminais rumo ao mercado internacional. A movimentação geral de mercadorias cresceu 5% no mesmo período. Ao todo, 18,2 milhões de toneladas de produtos passaram por Paranaguá, contra 17,3 milhões de toneladas em 2012. A superação ocorre apesar de o número de dias de chuva ter chegado a 40 nos primeiros 150 dias deste ano (dez a mais do que no ano passado). O salto foi possível porque houve otimização de processos, aponta o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Hen­­­rique Dividino. Ele menciona o tempo médio de carga e descarga dos caminhões, que diminuiu de 36 horas para oito horas. “Nós acompanhamos diariamente os processos. Quando algum terminal está operando abaixo [do ritmo esperado], verificamos o que ocorre. No caso dos caminhões, com menos tempo de espera, os veículos voltam antes para o interior e recomeça um novo ciclo”, afirma Dividino. “Estamos exigindo o máximo de todos”, complementa. Na parte logística, o Carga Online, sistema eletrônico de agendamento de cargas, está deixando um número maior de caminhões descerem a Serra do Mar. Só no mês passado, 41,2 mil veículos passaram pelo pátio de triagem, 18% a mais do que em maio de 2012. Demanda Os mais de 100 navios que permanecem ao largo, no entanto, mostram que a demanda continua maior que o ritmo de embarque. De acordo com a Appa, ontem 120 embarcações aguardavam para atracar e outras 16 tinham chegada prevista até amanhã. Parte das embarcações não tem carregamento agendado. “As commodities carvão e minério de ferro estão em baixa, o que resulta na sobra de navios no mundo. Eles se colocam nos portos brasileiros para escoar a safra”, observa Dividino. O Porto de Paranaguá é porta de saída da safra do Paraná e de parte da produção de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás. Não há estimativa sobre quantos navios estão simplesmente estacionados. Folga O programa Porto 24 horas, implantado pelo governo federal em oito terminais do país, vem sendo pouco utilizado em Paranaguá. Funciona há um mês e meio no litoral do estado, com o objetivo de estender à noite as operações de fiscalização e liberação de cargas. A reportagem da Gazeta do Povo esteve em Paranaguá para conferir como funciona o programa e verificou que o plantão ainda é pouco utilizado. A maioria dos agentes se concentra em trabalhos administrativos, que poderiam ser feitos durante o dia. O trabalho externo, nos navios, é menos frequente. Segundo os servidores, há menos solicitações do que se previa. “A demanda ainda é pequena. Quando o programa for alarmado [mais divulgado], pode aumentar”, disse o chefe da Vigilância Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gil Bueno de Magalhães. Shiploaders ainda passam por licitação Quatro novos shiploaders (carregadores de grãos) em licitação desde fevereiro devem ser instalados nos próximos meses e entrar em operação dentro de um ano, conforme a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). A documentação das empresas que participam da concorrência passa por avaliação. De acordo com a Appa, serão investidos R$ 66 milhões para troca de quatro dos dez equipamentos. Como alguns foram instalados na década de 70 e estão obsoletos, a renovação irá permitir ganho de 33% na capacidade de embarque (exportação de granéis), prevê a Appa. Outro investimento, sem prazo definido, é o projeto de ampliação do cais, no Corredor de Exportação. O projeto executivo prevê um píer em ‘T’, obra que estaria entre as próximas a serem licitadas pelo governo federal. Mão de obra Porto 24 horas expõe a necessidade de novas contratações Para colocar o programa Porto 24 horas em prática, os órgãos do governo federal escalaram funcionários do dia para trabalhar à noite. “O número de funcionários é reduzido para o horário comercial, imagine dividir o pessoal em 24 horas”, aponta Argyris Ikonomou, presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Paraná (Sindapar). O posto do Ministério da Agricultura (Mapa) em Paranaguá conta com cinco veterinários, 11 agrônomos e três servidores administrativos (19 ao todo), quantidade considerada insuficiente pelo chefe da Vigilância Agropecuária, Gil Bueno de Magalhães. “Há mais de 20 anos que não ocorre concurso (…) O ideal seria ter mais cinco veterinários, quatro agrônomos e oito administrativos”, aponta, sem previsão para as 17 contratações. O reforço de 17 estagiários funciona como uma espécie de força tarefa na análise dos 500 processos por dia. As vistorias dependem dos servidores. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conta com apenas dez fiscais e deixa a unidade de Paranaguá desguarnecida em parte da noite, conferiu a reportagem da Gazeta do Povo em Paranaguá. De acordo com a entidade, apenas um fiscal fica de plantão, para serviços burocráticos e externos. Jornada estendida Governo espera aumento da demanda por serviços noturnos As operações de fiscalização e liberação de cargas no Porto de Paranaguá continuam concentradas durante o dia, mesmo após a implantação do programa Porto 24 horas. A maioria das empresas envolvidas com as operações portuárias trabalha com programação antecipada para liberar a atracação dos navios que são carregados ou descarregados à noite. “O pessoal já sabe qual navio vai atracar e pede a liberação. No resto, a demanda ocorre se surgir emergência como a necessidade de inspecionar um porão”, afirma o diretor técnico da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Paulinho Dalmaz. Segundo a superintendência da Appa, o programa do governo federal deve funcionar como uma política pública para fomentar também as empresas a trabalharem 24 horas. Para Martin Aron, diretor presidente Associação Brasileira de Terminais Retroportuários e das Transportadoras de Contêineres (ABTTC), a melhora dos serviços portuários no país, além de investimentos em infraestrutura, passa pela mudança de cultura nas operações. Para ele, as empresas que trabalham diretamente com as operações portuárias também precisam ampliar seu expediente. “A concentração continua sendo durante o dia, o que impede a melhor distribuição do fluxo”, alerta. Notícias de Setor Agroindustrial

Nenhum comentário:

Postar um comentário