quarta-feira, 19 de junho de 2013

19/06/2013 20:00

19/06/2013 20:00 Itamaraty pode se reunir com Abrapa para discutir contencioso do algodão Negociação sobre o encerramento do painel na OMC foi feita entre entidade brasileira e representante dos produtores norte-americanos Sou Agro Depois de protagonizarem um dos mais longos contenciosos da história da Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa dos subsídios dados aos cotonicultores norte-americanos, Brasil e Estados Unidos se sentaram à mesa mais uma vez para negociar e decidiram pelo fim da disputa sobre o algodão no órgão internacional. O acordo foi firmado entre as partes sem a consulta dos governos de ambos os lados, notificados após a conclusão das reuniões. Em nota, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) afirmou que os dois países já foram comunicados sobre as negociações e “das recomendações que sugerem uma compensação financeira por parte do governo dos EUA, entre outras medidas”. O assunto está sendo tratado diretamente pelo Itamaraty, que, segundo fontes, deverá realizar uma reunião com a Abrapa nesta quarta-feira (19), em Brasília. Procurado, Gilson Pinesso, presidente da entidade, preferiu só se pronunciar após o encontro. Em nota, o Itamaraty afirmou que “considera a aproximação entre as duas associações positiva”. Mas ressalta que a viabilidade das sugestões efetuadas por ambas, tanto do viés prático como do jurídico, ainda está sendo avaliada pelo governo, especialmente no que se refere ao “pagamento pelo governo norte-americano de uma compensação financeira adicional”. O documento ressalta ainda que qualquer decisão a respeito do contencioso dependerá de uma avaliação mais detalhada sobre sobre os impactos dos programas da nova Farm Bill e também de um “acordo satisfatório” sobre o programa de garantia de créditos à exportação GSM-102, “um dos aspectos centrais do contencioso, mas que não foi contemplado nas discussões entre as duas associações”. Na opinião de Pedro de Camargo Neto, ex-secretário do Ministério da Agricultura e ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), “foi um equívoco negociarem de maneira independente, sem a participação dos governos”. A reunião entre os produtores contou com representantes da Abrapa e com integrantes do National Cotton Council (NCC). A condição exigida pelos cotonicultores brasileiros para retirar o processo, aberto em 2002, é de que haja o pagamento de uma indenização aos setor, vinculado ao comprometimento dos Estados Unidos de promover uma redução gradativa nos subsídios concedidos a seus cotonicultores por meio da Farm Bill. Entenda o caso Em 2005, quando o Brasil ganhou a disputa, os Estados Unidos se comprometeram a pagar US$ 830 milhões aos produtores brasileiros. Desde 2010, já foram depositados US$ 420 milhões, dinheiro que vem sendo utilizado pelo Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) para o fomento da produção, capacitação de profissionais e melhora do manejo. Segundo a nota divulgada pela associação, “a expectativa das duas instituições é de que os governos atendam às recomendações e que incorporem as necessárias mudanças na nova legislação agrícola a ser aprovada pelo governo americano”. O comunicado segue afirmando que ambas as entidades “reconhecem que a questão do contencioso envolve vários outros aspectos que estão sendo avaliados pelo governo brasileiro e o esforço de ambas deve ser entendido como uma contribuição na busca de uma alternativa possível”. A negociação entre Abrapa e NCC acontece em um momento em que o cenário internacional para o algodão segue indefinido. Isso porque nas últimas safras, a produção mundial da fibra caiu, passando de 27,79 milhões de toneladas na safra 2011/12, para 25,09 milhões de toneladas previstas para a safra 2013/14, segundo dados do International Cotton Advisory Committee (ICAC). Isso se deve não só aos baixos preços do produto no mercado e às secas que afetaram algumas lavouras, mas também à forte concorrência das fibras sintéticas, mais baratas. Mesmo assim, o consumo da fibra natural deverá crescer. Segundo previsão do ICAC, a demanda na safra 2013/14 deverá ficar na casa dos 24,3 milhões de toneladas, ante 22,1 milhões de toneladas da temporada 2011/12. Brasil ganha destaque no cenário internacional O crescimento da produtividade do agronegócio brasileiro, somado ao aumento das exportações de produtos como soja, algodão, carnes bovinas, suína e de aves, vem contribuindo para o maior destaque do Brasil no mercado internacional. Além disso, a posição do país como líder do Mercosul e importante personagem quando se trata de questões diplomáticas já rendeu bons frutos. O primeiro deles foi a nomeação de José Graziano como presidente da FAO/ONU; depois, Roberto Azevedo como diretor-geral da OMC. Na semana passada, José Sette, até então diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), foi escolhido o novo diretor-executivo do ICAC. Notícias de Política Rural

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