sábado, 15 de junho de 2013

Balanço Grécia: Recessão e crise política sem luz ao fundo do túnel

Balanço Grécia: Recessão e crise política sem luz ao fundo do túnel 15 de Junho de 2013 | Por Lusa Um ano após as eleições antecipadas de 17 de junho de 2012, que anunciaram a formação de um governo “esquerda-direita”, a Grécia assistiu na semana passada à prim Ainda a digerir as divergências públicas entre os credores internacionais sobre as consequências do programa de assistência à Grécia – com o FMI a acusar as instituições europeias de suposta má gestão da crise –, o país foi confrontado com a decisão unilateral, anunciada terça-feira pelo Executivo dominando pelos conservadores, de encerrar a televisão e rádio estatais (ERT) e iniciar um processo de “reestruturação” do serviço audiovisual público. A decisão abriu um novo período de crise política e o primeiro-ministro Antonis Samaras, forçado a encontrar uma “solução comum” com os dois parceiros de centro-esquerda - o Pasok de Evangelos Venizelos e a coligação Dimar de Fotis Kouvelis-, anunciou uma reunião entre os três dirigentes da coligação para segunda-feira. As fissuras no Governo tripartido coincidiram com nova visita dos credores internacionais para avaliar as contas gregas, num contexto de prolongada recessão que apenas poderá abrandar em 2014. Com uma queda do PIB de 5,3% no primeiro trimestre de 2013, o país balcânico e Estado-membro da União Europeia (UE) desde 1981 entrou oficialmente no sexto ano consecutivo de recessão, que pode prosseguir em 2014 (-1,3%), segundo as previsões da OCDE divulgadas no final de maio. As contínuas políticas recessivas implicaram uma “tragédia humanitária”, na expressão de vários comentadores, com uma redução nas pensões e salários que chegou aos 50% e o empobrecimento generalizado da população, para além de uma convulsão política única na Europa comunitária. Dois anos após o início do resgate internacional, as inconclusivas eleições antecipadas de 6 de maio de 2012 – que assinalaram o fim da experiência tecnocrática do governo de Lucas Papademos – forçaram a convocação de novo escrutínio, que ocorreu seis semanas mais tarde. O novo primeiro-ministro e líder da Nova Democracia (ND), Antonis Samaras, prometeu estabilidade política, uma nova abordagem face à ‘troika’ de credores internacionais (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) e prognosticou o fim da recessão. No entanto, o seu Governo é frágil – em maio os três partidos coligados já tinham divergido sobre um projeto-lei antirracista –, a economia permanece débil e a situação social dramática. As negociações com os credores arrastaram-se durante meses, mas no início de novembro de 2012 o Parlamento grego aprovou um novo plano de austeridade e o orçamento para 2013, que prevê nova redução na despesa de 9,4 mil milhões de euros. Por fim, no final de novembro, o Eurogrupo chegou a acordo, juntamente com o FMI, para a redução da dívida grega para 124% do PIB em 2020, permitindo o reinício da ajuda financeira congelada há meses. O impacto social acentuou-se. A taxa de desemprego ultrapassou os 27% em fevereiro de 2013 (60% nos jovens entre 18 e 25 anos), confirmou-se o colapso da segurança social, o aumento da taxa de suicídio, dos sem-abrigo. Mas o aumento da “nota soberana da dívida grega” pela agência de notação financeira Fitch em meados de maio permitiu a alguns analistas anunciar o início da “recuperação”. A “purga social” aplicada desde 2010 deixou o país esgotado, apesar de continuarem garantidos os empréstimos internacionais após prolongadas negociações com os credores, que mantêm a pressão. O mais recente acordo entre o Governo de coligação de Antonis Samaras e a ‘troika’ prevê a “dispensa” até ao final de 2014 de 15.000 funcionários públicos, mantendo-se o objetivo da “partida de 150.000 até 2015”, uma exigência dos credores para prosseguir o plano de assistência financeira. O recente sinal emitido pelo presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sobre um regresso ao crescimento em 2014 e nova redução da dívida soberana grega caso Atenas cumpra os objetivos fixados pela UE e FMI já não suscitou particular entusiasmo, incluindo nas esferas do poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário