segunda-feira, 17 de junho de 2013

Brasil precisa assumir liderança no debate sobre segurança alimentar”

Brasil precisa assumir liderança no debate sobre segurança alimentar” “Brasil precisa assumir liderança no debate sobre segurança alimentar” 17/06/13 - 10:04 O discurso propalado mundialmente de que não será possível combater a fome sem derrubar áreas, sem consumir água, nem usar máquinas agrícolas e produtos transgênicos não faz sentido. A avaliação é do conselheiro do Fórum do Futuro e Coordenador de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Ele foi um dos painelistas do o Seminário “40 anos do Plano Noroeste - A História do Futuro”, realizado nesta quinta-feira (13.6), em Unaí (MG), distante 167 KMs de Brasília (DF), e que reuniu algumas das principais autoridades da política e da agricultura nacional. Promovido Pelo Fórum do Futuro – entidade voltada para a reflexão prospectiva de questões estratégicas brasileiras – o evento traz para a região noroeste de Minas Gerais uma reflexão sobre a importância do cerrado brasileiro para alavancar a produção de alimentos. Cálculos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), mostram que até 2050 a produção mundial de alimentos precisará crescer 50% para abastecer cerca de 9 bilhões de habitantes. Rodrigues vê neste panorama grandes oportunidades para o país crescer. “A primavera área foi desencadeada pela falta de alimentos. O debate sobre sustentabilidade na Rio+20 foi um ‘papelucho pequenino sem grandes horizontes’. O que está em jogo é a garantia da paz. Falta gente no mundo para debater a segurança alimentar. Chegou a hora de assumirmos a liderança neste tema”, sentenciou Rodrigues em sua palestra, repleta de dados sobre o potencial brasileiro. De acordo com o ex-ministro, o setor agropecuário representa 23% do produto Interno Bruto (PIB) do país e gera 37% dos empregos. Em 2012, respondeu por 40% das exportações. Ele afirmou que o saldo da balança comercial brasileira do ano passado foi de US$ 19 bi, sendo que o saldo do agronegócio foi de R$ 79 bi. “Ou seja, o saldo comercial do agronegócio foi quatro vezes maior do que outros setores. Nos últimos 12 meses, o saldo comercial hoje é de 10 bi de dólares, enquanto o saldo comercial do agronegócio é de 83 bi de dólares. A agricultura é o mais importante setor da economia em relação ao PIB e o mais relevante socialmente em relação aos empregos. Em 2003, exportamos 26 bilhões de dólares. Em 2012 chegamos a 96 bilhões em meio a uma enorme crise”, observou. Inflamando a plateia com seu otimismo e humor habitual, Roberto Rodrigues lembrou que nos últimos 20 anos a área plantada com grãos cresceu 40% e produção de grãos teve aumento de 200%. O conselheiro da FGV disse ainda que seria necessário o acréscimo de 67 milhões de hectares – além dos atuais 54 milhões de hectares – para manter produção atual com a tecnologia de décadas atrás. “O Brasil tem 61% do território de florestas originais contra 1% na Europa. E eles ainda querem falar em segurar o nosso crescimento. Não dá para aceitar isso. O Brasil tem 851 milhões de hectares disponíveis para o agronegócio. Não é discurso romântico. Para que o mundo cresça em 20% em 10 anos, o Brasil tem que crescer 40%. Temos terras disponíveis, temos tecnologia e temos gente pra isso. Não tenham medo do que vem pela frente”, acrescentou ao citar o aumento na participação de jovens e mulheres nos cursos oferecidos aos estudantes e trabalhadores do meio rural. Roberto Rodrigues, contudo, afirma que o Brasil não crescerá nem 40% se não resolver o problema da estratégia. Ao elogiar inovações no Plano Safra 2013/2014, disse que falta política de renda ao produtor e que a logística ainda será insuficiente nos próximos anos. “Falta política de renda, política agrícola, tecnologia, estruturação legal para resolver questão ambiental trabalhista, falta estratégia coordenada. No mundo inteiro, o setor funciona como Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca. Aqui são quatro ministérios distintos. Precisamos ter estratégia. O Cerrado é o maracanã da agricultura mundial, mas depende estratégia. Só com a união vamos conseguir isso”, acrescentou. Plano Noroeste Segundo especialistas, o aumento na produção de grãos se deve em parte pela expansão da atividade no cerrado brasileiro e pela criação da Embrapa, na década de 1970, cujas pesquisas permitiram que sementes exóticas antes só adaptadas a regiões de clima frio pudessem ser plantadas em áreas com temperaturas mais elevadas. Paralelo a isso, foi na região Noroeste de Minas Gerais, há cerca de 40 anos, que teve início uma verdadeira transformação social e econômica do Noroeste quando, por iniciativa de homens de visão e espírito público e republicano, foi dado um grande impulso à atividade rural em larga escala em uma microrregião compreendida por 19 municípios e que abriga uma população de mais de 350 mil habitantes, a maioria de pequenos e médios produtores rurais. O presidente do Conselho Consultivo do Fórum do Futuro e da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, uma das estrelas do encontro, foi um dos responsáveis pela elaboração do plano para o desenvolvimento da região no período em que foi secretário de Agricultura de Minas Gerais durante o governo de Rondon Pacheco, e, posteriormente, como ministro do ex-presidente Ernesto Geisel, entre 1974 e 1979. O Plano Noroeste, que completa 40 anos, situa-se no bojo de uma série de iniciativas que visavam a expansão territorial para o interior do país, tal qual havia ocorrido anos na década anterior com a recém-inaugurada capital do país, distante entre 150 KMs a 200 KMs desta região produtora. A região, considerada uma das portas de entrada para o cerrado brasileiro, era praticamente vazia, carente de uma produção organizada, de acesso ao crédito rural e com imensas dificuldades logísticas para o escoamento da produção. A ação foi executada com o aval do ex-governador mineiro, que aos 94 anos recebeu das mãos de Paolinelli uma medalha em sua homenagem durante o seminário. “A homenagem que estamos prestando a doutor Pacheco tem um profundo significado. A sua figura traz além do respeito, uma gratidão e estímulo. Ele entendeu a necessidade de fazer de Minas Gerais e do cerrado uma região rica e produtiva para o país”, homenageou o ex-ministro. “Esse é o nosso compromisso de cidadãos para brasileiros. Estou certo de que desse salão surge mais uma mensagem vitoriosa no sentido de prestigiar e desenvolve o futuro do Brasil”, agradeceu Pacheco. A programação do Fórum do Futuro incluiu ainda painéis sobre a estratégia regional para utilização dos recursos hídricos e a ampliação da capacidade logística para o escoamento da produção, com a implantação de aproximadamente 350 KMs de ferrovia para portos do Espírito Santo e duplicação de rodovias, além de temas ligados ao fortalecimento e qualificação dos produtores e cooperativas da região. AgroOlhar Autor: Vinicius Tavares

Nenhum comentário:

Postar um comentário