sábado, 15 de junho de 2013

Cavaco Silva Fim do euro "seria um erro dramático" para toda a Europa

Cavaco Silva Fim do euro "seria um erro dramático" para toda a Europa 15 de Junho de 2013 | Por Lusa O Presidente da República, Cavaco Silva, disse hoje confiar "muito na sobrevivência do euro" e considerou que seria "um erro dramático para toda a Europa" Se o euro fosse posto em causa então estaria posto em causa o mercado interno, e nós não temos mercado interno a funcionar plenamente sem uma moeda única, essa foi uma das razões pelas quais se tomou a decisão de avançar para uma moeda única", sublinhou o chefe de Estado. As posições de Aníbal Cavaco Silva foram assumidas durante uma entrevista dada esta semana ao programa da Sic Notícias "Europa XXI", em Estrasburgo, durante uma visita que fez ao Parlamento Europeu, e difundida hoje na íntegra. Na opinião do Presidente português, se o projeto da moeda única acabasse voltariam a surgir "situações de protecionismo na Europa", os "egoísmos nacionais exacerbavam-se" e "até posições xenófobas aumentariam". Cavaco Silva disse confiar muito "na sobrevivência do euro", um "pilar decisivo da construção europeia", e esperar que esta seja "cada vez mais uma moeda forte na cena internacional" . "Seria um erro dramático para toda a Europa se fosse posto em causa o euro", advertiu, manifestando-se convicto de que os 17 países do euro se manterão na moeda única e sublinhando a adesão da Letónia em janeiro: "O que mostra que o euro continua a ter uma atração". Na entrevista à Sic, Cavaco deixou ainda críticas às atuais lideranças europeias e ao que disse ser um excesso de concentração "na austeridade e na disciplina orçamental". "Ignorou-se de alguma forma a vertente do crescimento, as coisas estão a mudar, mas tardiamente", considerou. O Presidente da República português criticou ainda que países europeus "com mais folga", como a Alemanha, a Holanda e a Finlândia, não adotem políticas mais expansionistas e alinhem "pelo mesmo diapasão da austeridade". "A coordenação de políticas económicas não deve ser apenas para políticas de contração e impor disciplina, devia coordenar para o crescimento económico", advogou Cavaco Silva. O chefe de Estado considerou ainda que Portugal "está a fazer a sua quota-parte" no cumprimento do programa de ajustamento acordado com a ‘troika', lamentando contudo que "outros países não estejam a fazer a sua". Sobre o desemprego jovem, o Presidente português apontou-o como "um grande problema social da Europa e em Portugal" e disse esperar "respostas concretas" no próximo Conselho Europeu de 28 de junho, que passem por medidas como a formação ou os incentivos fiscais a empresas, integradas com "políticas mais expansionistas" da Zona Euro. No final da entrevista, interrogado sobre se reconhece alguns erros dos seus mandatos como primeiro-ministro de Portugal, Cavaco Silva referiu-se apenas à sua experiência em funções executivas no plano europeu. "O tempo em que fui primeiro-ministro a União Europeia era bastante diferente do tempo atual, desde logo porque a solidariedade era um princípio destacado, os egoísmos nacionais não eram sentidos, eu nunca senti que a posição portuguesa, e penso que de outros países da dimensão de Portugal, fosse ignorada pelos países grandes", afirmou. Segundo Cavaco, esse foi "um tempo em que a união, a palavra união, estava mais sublinhada": "Sentia-se muito mais esse espírito de união, de preocupação de desenvolvimento harmonioso, de escutar a opinião de todos, noto que hoje é um pouco diferente, talvez seja a diferença entre ter 12 países, e depois 15, e ter 27 países. Quando éramos 12 à volta da mesa víamos com muita facilidade os lábios, as caras, os olhos, hoje parece que é preciso um computador na frente de cada um para se saber bem ou ouvir bem o que o outro está a dizer", referiu. O chefe de Estado elogiou ainda os seus homólogos à época, classificando Mitterrand, Delors, Kohl e Gonzalez como "homens de grande estatura na União Europeia". "Foi uma grande realização pessoal para mim, e também política, ter tido o privilégio de viver esses primeiros dez anos de Portugal como membro de pleno direito da União Europeia", concluiu.

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