quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Fed vê recuperação sólida e pode subir juro em junho

O Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) melhorou sensivelmente seu diagnóstico da economia no comunicado de sua reunião de ontem ao dizer que "a atividade econômica tem se expandido a um ritmo sólido", em contraste com o "ritmo moderado" observado em dezembro
Isoladamente, essa mudança poderia representar maior proximidade do início do ciclo de alta de juros, mas como há vários outros elementos em debate, como a queda contínua da inflação e desdobramentos da economia internacional, notadamente em um momento oposto do cenário americano, a leitura foi neutra para o mercado financeiro. Dessa forma, a sinalização resultante foi que seus planos continuam os mesmos: não deve haver alta de juros ao menos até a reunião de junho. O Banco Central pode, portanto, "ser paciente quanto ao início da normalização de sua abordagem da política monetária". As taxas foram mantidas entre 0% e 0,25% em uma decisão unânime do comitê de mercado aberto (Fomc). O termo "paciente" foi introduzido no mês passado em conjunto com a expressão, agora retirada do comunicado, de que a autoridade manteria os juros próximos a zero "por tempo considerável". Na visão de observadores, essa mudança de "guidance" indicou, em ciclos anteriores, maior proximidade do início do aperto de juros. Essa alteração pode ser lida também como um sinal de que eventos recentes, como a adoção do programa de compras de ativos na zona do euro ou a situação da Grécia foram neutros, ao menos na decisão de ontem, algo que só saberemos de fato na leitura da ata da reunião, daqui a três semanas. O Fed reconhece, por um lado, que as "condições do mercado de trabalho têm melhorado ainda mais, com fortes ganhos de emprego e uma taxa de desemprego mais baixa". Dessa forma, "uma série de indicadores do mercado de trabalho sugere que a subutilização dos recursos de trabalho continua a diminuir". Por outro lado, a inflação deve "diminuir ainda mais no curto prazo", mas recuperar-se gradualmente até a meta de 2% no médio prazo quando fatores transitórios, como a queda dos preços de energia, se dissiparem. Do ponto de vista da atividade, a forte queda do Petróleo tem efeito líquido positivo, "impulsionando o poder de compra das famílias". A queda substancial das expectativas de inflação embutidas nos preços de mercado (títulos indexados) foram citadas pelo BC americano, ao passo que aquelas colhidas por pesquisa própria continuaram estáveis. O CPI (índice de preços ao consumidor) está rodando a apenas 0,8% ao ano - muito longe da meta de 2%. Já o núcleo (que exclui alimentos e energia) subiu 1,6% na última leitura. O ponto aqui é quanto da deflação de preços de energia pode, em algum momento, contaminar os demais preços da economia. O mercado vem comentando a hipótese de que a valorização do dólar, especialmente depois do "QE" europeu, poderia ser um fator de peso para influenciar uma eventual postergação da alta de juros nos Estados Unidos, uma vez que vem afetando negativamente a inflação, lucros das empresas e, por consequência, os salários. É um tema que tende a permear os debates nos próximos meses. Nesse momento, continua valendo a fala da presidente da instituição, Janet Yellen, na conferência de imprensa em dezembro, dando conta de que as taxas não seriam elevadas "pelo menos" nas duas próximas reuniões, ou seja, em janeiro e março. Mas tudo vai depender da avaliação dos indicadores até lá. Por ora, o mês de junho continua sendo a data mais provável para o início da normalização da política monetária americana, que mantém o status altamente expansionista desde o fim de 2008 como resposta à crise financeira, que logo se tornou global. Se assim for, março será um mês crítico para a sinalização do aperto, já que haverá a divulgação das projeções atualizadas e conferência de imprensa com Janet Yellen. Data de Publicação: 29/01/2015 às 11:50hs Fonte: Canal do Produtor

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