Da Redação - André Garcia Santana
30 Jan 2018 - 14:12
Sob as primeiras luzes da manhã, às 5h, Edílson Donato Bento, 43, se levanta. Organiza-se para, às 7h, dar início ao serviço no pátio da fazenda Água Azul, uma das 110 do Grupo Bom Futuro. Responsável pela separação de material reciclável é encarregado também pela poda e limpeza do espaço, ladeado por galpões, escritórios, alojamentos e casas de funcionários que, como ele, vivem no empreendimento. Às 17h encerra sua rotina, semelhante a de outros milhares de trabalhadores rurais. A diferença, contudo, se dá pelas proporções. Do cifrão à safra, os números gerados por seus empregadores criam em propriedades como esta verdadeiras mini-cidades.
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Censo Agro chega a 64 mil produtores e constata queda no número de propriedades rurais em MT
Grupo também investe em pecuária.
A alguns quilômetros, na sede de outra fazenda do Grupo, a Filadélfia, o padrão descrito se repete. Ali, no entanto, foi construída uma residência que recebe um dos quatro sócios do empreendimento em eventuais visitas. Em frente a ela está a casa do gerente. Nas proximidades, moradas mais modestas e alojamentos se desdobram às dezenas. É numa destas que residem Edílson e sua esposa, que conseguiu uma vaga como cozinheira na mesma propriedade que ele. “Somos nós dois e um casal de filhos, mas tenho outro menino que mora na minha casa, na cidade”, conta o marido.
Seu colega, o motorista Mário Fernandes, 43, aguarda pela mesma oportunidade. Ele e a mulher também atuam no grupo, mas hoje moram em Campo Verde (240 km de Cuiabá), mantendo gasto estimado de R$ 1300 reais com água, luz e compra do mês. “Mais pra frente acredito que vai sair uma casa pra nós. Sempre que um funcionário sai, eles oferecem. Isso ajuda muito porque aqui você já faz duas refeições aqui, fora os gastos. Dá pra fazer uma economia boa.”
Ele diz isso porque para os empregados há um refeitório onde, logo cedo, é servido café da manhã. Na sequencia vem o almoço, das 11h ao 12h. No último sábado (27), o cardápio incluía arroz branco, feijoada, torresmo, costela de porco, salada de repolho, tomate, farofa de banana e suco de limão. A exceção fica por conta dos funcionários que trabalham à noite, que recebem jantar.
Ainda na Filadélfia há um frigorífico de peixes, inúmeros galpões sobre o enorme maquinário, silos, tanques e escritórios que ajudam a compor o cenário descrito. Afora benefícios e infraestrutura garantidos por lei, obras de calçamento e jardins levam a um cinema, com sessões abertas aos domingos. Ao lado dele, o crucifixo no topo da igreja aponta para o alto. A isso se somam campos de futebol e chalés espalhados pelas propriedades, onde os trabalhadores podem confraternizar nos finais de semana que optarem por não ir à cidade.
Nas redondezas de Campo Verde, município mais próximo e estruturado da região, o Grupo concentra todas as suas áreas de atuação, que envolvem os setores do agronegócio, imobiliário, aeroportuário e energético. Os contornos de pequena urbe, entretanto, se repetem por outras fazendas, distribuídas entre 37 unidades centrais em cidades como Sapezal, Diamantino, São José do Rio Claro, Tapurah e Bom Jesus do Araguaia, todas em Mato Grosso.
A amplitude do empreendimento exige um quadro de quase seis mil empregados fixos, distribuídos entre os mais diversos setores, incluindo os que atuam nos escritórios na zona urbana. Durante a colheita, o número salta para nove mil, considerando os contratos temporários. São centenas de pessoas com e sem instrução formal que enxergam ali uma oportunidade de fazer um pé-de-meia.
Seus suores regam 520 mil hectares de terras divididos entre culturas de soja, milho e algodão. Alimenta ainda 120 mil cabeças de gado e três mil toneladas de peixes, além de sustentar três pequenas centrais hidrelétricas (PCH), 12 armazéns, transportadora e diversos outros ramos da empresa de Eraí Maggi Scheffer, Elusmar Maggi Scheffer, Fernando Maggi Scheffer e José Maria Bortoli.
Para além dos números impressionantes, negócios como este vêm contribuindo com uma mudança de percepção dos moradores das grandes cidades brasileiras sobre a realidade em uma fazenda. De acordo com uma pesquisa divulgada recentemente pela Bridge Research sobre a Percepção Urbana do Agro, apenas 26% das pessoas consideram que o produtor rural está longe de modernidade, conforto e das tecnologias acessíveis nas grandes cidades e centros urbanos, colocando em xeque o antigo estigma.
Ainda demonstrando a visão atualizada que o público tem do Agronegócio, 64% reconhecem o trabalho no campo como uma atividade moderna e inovadora. Com relação à contribuição dos moradores urbanos para o Agronegócio, 76% sentem que colaboram quando compram um produto que tem origem agropecuária. 94% das pessoas acreditam que o setor é importante ou extremamente importante para o Brasil; 89% concordam que somos o País do agro; e 88% destacam que temos uma vocação natural para esse conjunto de atividade econômica.
Diferente da maioria dos municípios de Mato Grosso, incluindo a Capital, em todas as sedes do Bom Futuro há coleta seletiva de resíduos, desde os insumos utilizados na lavoura até o lixo doméstico. Além disso, nas escolas espalhadas pelas fazendas há pelo menos três mil crianças matriculadas. No último sábado (27), parte delas se reuniu na sede da Água Azul, onde uma gincana com temática ambiental encerrou suas férias de final de ano.
“Como educadora e mãe vejo que apostar nessas faixas etárias contribuiu mais efetivamente para alcançar esse objetivo. Uma criança consciente consegue convencer um adulto facilmente. Fui professora no último ano, mas agora vou ficar apenas como o projeto Sementes do futuro para trabalhar com mais intensidade em todas as fazendas. Temos que pensar em alcançar todas as fazendas”, explicou ao Agro Olhar durante o evento.
Sede e lavoura de soja na fazenda Santo Antônio.
O grupo destaca o empenho em garantir cursos de formação, atualização profissional, atividades artesanais, cursos para aproveitamento de alimentos e educação escolar para as crianças das fazendas. São projetos sociais nas quatro regiões do estado onde há um esforço para promover o bem estar entre empresa, colaboradores e comunidade. O mais recente deles, proporcionará o ensino periódico de línguas e artes em algumas unidades onde já foram implantadas parcerias com profissionais destas áreas.
A cozinheira Janaina dos Santos Silva, considera que estes incentivos são uma das principais vantagens dali. “Meus filhos estudam na cidade, mas tem os benefícios da empresa. Esses eventos, como a gincana, por exemplo, ajudam muito a desenvolver as crianças. Um dos meus meninos era muito vergonhoso, agora ele fala melhor e posso estar sempre perto para cuidar, é bem mais prático pra mim.”
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Censo Agro chega a 64 mil produtores e constata queda no número de propriedades rurais em MT
Grupo também investe em pecuária.
A alguns quilômetros, na sede de outra fazenda do Grupo, a Filadélfia, o padrão descrito se repete. Ali, no entanto, foi construída uma residência que recebe um dos quatro sócios do empreendimento em eventuais visitas. Em frente a ela está a casa do gerente. Nas proximidades, moradas mais modestas e alojamentos se desdobram às dezenas. É numa destas que residem Edílson e sua esposa, que conseguiu uma vaga como cozinheira na mesma propriedade que ele. “Somos nós dois e um casal de filhos, mas tenho outro menino que mora na minha casa, na cidade”, conta o marido. Ele diz isso porque para os empregados há um refeitório onde, logo cedo, é servido café da manhã. Na sequencia vem o almoço, das 11h ao 12h. No último sábado (27), o cardápio incluía arroz branco, feijoada, torresmo, costela de porco, salada de repolho, tomate, farofa de banana e suco de limão. A exceção fica por conta dos funcionários que trabalham à noite, que recebem jantar.
Algodoeira do Grupo Bom Futuro/Reprodução - Instagram.
Ainda na Filadélfia há um frigorífico de peixes, inúmeros galpões sobre o enorme maquinário, silos, tanques e escritórios que ajudam a compor o cenário descrito. Afora benefícios e infraestrutura garantidos por lei, obras de calçamento e jardins levam a um cinema, com sessões abertas aos domingos. Ao lado dele, o crucifixo no topo da igreja aponta para o alto. A isso se somam campos de futebol e chalés espalhados pelas propriedades, onde os trabalhadores podem confraternizar nos finais de semana que optarem por não ir à cidade.Nas redondezas de Campo Verde, município mais próximo e estruturado da região, o Grupo concentra todas as suas áreas de atuação, que envolvem os setores do agronegócio, imobiliário, aeroportuário e energético. Os contornos de pequena urbe, entretanto, se repetem por outras fazendas, distribuídas entre 37 unidades centrais em cidades como Sapezal, Diamantino, São José do Rio Claro, Tapurah e Bom Jesus do Araguaia, todas em Mato Grosso.
Super colheita de algodão, em 2017 - Reprodução/Instagram
A amplitude do empreendimento exige um quadro de quase seis mil empregados fixos, distribuídos entre os mais diversos setores, incluindo os que atuam nos escritórios na zona urbana. Durante a colheita, o número salta para nove mil, considerando os contratos temporários. São centenas de pessoas com e sem instrução formal que enxergam ali uma oportunidade de fazer um pé-de-meia.
Para além dos números impressionantes, negócios como este vêm contribuindo com uma mudança de percepção dos moradores das grandes cidades brasileiras sobre a realidade em uma fazenda. De acordo com uma pesquisa divulgada recentemente pela Bridge Research sobre a Percepção Urbana do Agro, apenas 26% das pessoas consideram que o produtor rural está longe de modernidade, conforto e das tecnologias acessíveis nas grandes cidades e centros urbanos, colocando em xeque o antigo estigma.
Ainda demonstrando a visão atualizada que o público tem do Agronegócio, 64% reconhecem o trabalho no campo como uma atividade moderna e inovadora. Com relação à contribuição dos moradores urbanos para o Agronegócio, 76% sentem que colaboram quando compram um produto que tem origem agropecuária. 94% das pessoas acreditam que o setor é importante ou extremamente importante para o Brasil; 89% concordam que somos o País do agro; e 88% destacam que temos uma vocação natural para esse conjunto de atividade econômica.
Educação e coleta seletiva
O material reciclável é comercializado para a promoção de ações socioambientais.
É neste contexto que se desenvolve o trabalho da pedagoga pós-graduada em psicopedagogia Leusimar Souza de Paula, 40. Ela mora ali há15 anos e desde 2007 é uma das precursoras do projeto Sementes do Futuro, que promove a conscientização das crianças acerca de questões ambientais. Junto ao setor responsável, Leusimar desenvolve uma série de atividades voltadas a preservação de recursos naturais e incentivo à separação do lixo.
“Como educadora e mãe vejo que apostar nessas faixas etárias contribuiu mais efetivamente para alcançar esse objetivo. Uma criança consciente consegue convencer um adulto facilmente. Fui professora no último ano, mas agora vou ficar apenas como o projeto Sementes do futuro para trabalhar com mais intensidade em todas as fazendas. Temos que pensar em alcançar todas as fazendas”, explicou ao Agro Olhar durante o evento.
Sede e lavoura de soja na fazenda Santo Antônio.
O grupo destaca o empenho em garantir cursos de formação, atualização profissional, atividades artesanais, cursos para aproveitamento de alimentos e educação escolar para as crianças das fazendas. São projetos sociais nas quatro regiões do estado onde há um esforço para promover o bem estar entre empresa, colaboradores e comunidade. O mais recente deles, proporcionará o ensino periódico de línguas e artes em algumas unidades onde já foram implantadas parcerias com profissionais destas áreas.
A cozinheira Janaina dos Santos Silva, considera que estes incentivos são uma das principais vantagens dali. “Meus filhos estudam na cidade, mas tem os benefícios da empresa. Esses eventos, como a gincana, por exemplo, ajudam muito a desenvolver as crianças. Um dos meus meninos era muito vergonhoso, agora ele fala melhor e posso estar sempre perto para cuidar, é bem mais prático pra mim.”
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