Crimes de roubo, invasões de terras produtivas e até mesmo de estelionato estão levando pecuaristas em Mato Grosso a registrar prejuízos de aproximadamente R$ 300 mil, dependendo do caso. Somente no primeiro semestre de 2016, foram 30 propriedades da Baixada Cuiabana com casos notificados à Polícia Civil. Segundo o setor produtivo, além das perdas com o rebanho, o roubo de gado também fere a questão de sanidade, uma vez que não há o controle sanitário do abate de cargas.
Pecuaristas de Mato Grosso apresentaram para a Casa Militar do Estado de Mato Grosso, na segunda-feira, 28 de novembro, a real situação vivida pelos criadores e solicitaram mais segurança para o campo.
Essa não é a primeira vez que o setor produtivo busca junto ao Governo de Mato Grosso uma solução para os roubos, furtos, invasões e casos de estelionato. Há cerca de uma semana representantes da Associações dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e dos Produtores de Algodão de Mato Grosso (Ampa) reuniram-se com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP).
Os crimes de abigeato, que são roubos ou furtos de gado nas fazendas, são crescentes em Mato Grosso. Conforme a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), 30 propriedades com casos notificados na Polícia Civil foram verificadas no primeiro semestre deste ano. O diretor da entidade e pecuarista na região do Vale do Araguaia, Marcos Antonio Jacinto, ressalta ainda que há a questão de sanidade quanto aos animais roubados e furtados.
“Os casos estão cada vez mais preocupantes. O que antes era uma situação que se restringia ao abate no pasto, em pequenas quantidades, agora apresenta um sistema de logística e volume que têm impressionado os produtores. Um trabalho de quadrilhas especializadas. É preciso investigar. Descobrir como esse gado se desloca – se tem GTA ou não. Se sim, como ela é emitida. Onde acontece o abate, e qual o mercado a que se destina. Há prazos de medicamentos e vacinas que devem ser observados antes de abate e consumo. A falta desse controle é um grave risco à saúde pública”, pontua Marcos Antonio Jacinto.
Invasões de terras
“Além dos constantes roubos de gado, temos fazendas com mais de duas reintegrações de posse executadas e que continuam sendo invadidas. O produtor faz sua parte atuando dentro lei, pagando seus impostos e contribuições, e o Estado tem que cumprir a parte dele com o produtor”, afirma o presidente do Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV), Jorge Pires de Miranda. Ele destaca ainda que a segurança no campo deve ser prioridade para o Estado.
Durante a reunião na Casa Militar do Estado de Mato Grosso, os pecuaristas relataram ao secretário chefe da Casa Militar, Coronel Airton Siqueira Júnior, diversos casos de propriedades que execução de reintegrações de posse e logo em seguida voltaram a ser invadidas. Um dos exemplos apresentados foi o da fazenda Rosahmar, da Rohden Indústria Lignea, voltada 100% para o manejo florestal, já teve duas reintegrações de posse e foi novamente invadida. A propriedade está localizada em Juruena, região Noroeste de Mato Grosso, e é a única do Estado a possuir o selo verde de certificação internacional do Conselho de Manejo Florestal – Forest Stewardship Council (FSC). Desde abril a fazenda Rosahmar passa por inúmeras perdas tanto econômicas, quanto ambientais.
O diretor de relações públicas da Acrimat, o pecuarista Luiz Fernando Conte, salienta que é preciso segurança para que os produtores mato-grossenses possam continuar trabalhando com tranquilidade.
"Trazemos à Casa Militar a extrema preocupação do setor para que o Estado se faça presente nas regiões mais afetadas pelas invasões, garantindo os direitos à propriedade. A maioria dos casos acontecem em áreas de floresta – muitas delas em reservas legais e de manejo, onde é proibido o corte raso de madeira, ação certa nos casos de invasão”, frisa Conte.
O secretário chefe da Casa Militar, Coronel Airton Siqueira Júnior, garantiu aos pecuaristas que as ações serão intensificadas na região Noroeste de Mato Grosso, a que mais demandas de reintegrações de posse por invasões tem apresentado.
O secretário afirmou que o Estado por meio da Secretaria de Segurança, Casa Militar e o Comitê de Conflitos Fundiários, acompanha de perto as situações que ocorrem em todo o território mato-grossense, bem como todas as ações já realizadas. Ele pontuou ainda que retende atuar estrategicamente para mitigar as possibilidades de reincidência nas invasões.
“No caso do Noroeste, o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) deve desenvolver atividades de patrulhamento rural e realizar reuniões com todos envolvidos direta e indiretamente nesse cenário – Polícia Militar, Polícia Judiciária Civil, Tribunal de Justiça, Ministério Público e autoridades locais para que possamos apresentar o problema e buscar uma solução em conjunto para mitigar esses conflitos”, disse o Coronel Airton Siqueira Júnior aos pecuaristas.