O mercado da soja na Bolsa de Chicago registrou uma sessão de volatilidade nesta quarta-feira (30) e terminou o dia em campo negativo. O dia foi, depois das recentes altas, de realização de lucros e de movimentos técnicos. "Os fundos estão bem comprados e, nos fundamentos a situação agora é diferente", explica Carlos Cogo. O contrato janeiro/17 fechou com US$ 10,32 e o maio/17 valendo US$ 10,49 por bushel.
Segundo o consultor da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, já há uma atenção dos traders e dos investidores maior na América do Sul e na possibilidade de uma mudança da demanda para cá. E, depois de um período sem novidades vindas da China, nesta quarta, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou uma nova venda de 123 mil toneladas da oleaginosa da safra 2016/17 para a nação asiática, ajudando a limitar as perdas na CBOT.
"A Argentina está cumprindo o calendário correto, o Brasil nem se fala, e as perspectivas são boas para a safra. E issso, no médio e longo prazo, é baixista para os preços", explica.
Ao mesmo tempo, no cenário macroeconômico, há ainda as expectativas sobre informações que chegam dos Estados Unidos nas próximas semanas e meses, principalmente após a posse de Donald Trump como presidente do país e, antes disso, a chegada ou não de uma alta na taxa dos juros norte-americanos. Ainda de acordo com o executivo, essa revisão da taxa para cima poderia valorizar o dólar e, com a moeda americana mais valorizada, os preços poderiam ser pressionados na CBOT. O dólar index segue avançando e esse também tem sido um fator de pressão.
"Então, para o produtor brasileiro que poderia ser beneficiado pela alta do câmbio, a pressão pode vir de baixas em Chicago", explica. E essa é uma das situações sobre as quais o produtor brasileiro ainda espera definições para que possa evoluir melhor com sua comercialização da safra 2016/17. "Não que isso seja recomendável, mas está acontecendo. Porque, por outro lado, o momento é oportuno para fazer alguns negócios.
Nesta quarta-feira, os preços da oleaginosa não obedeceram um caminho comum no mercado interno brasileiro. No interior do país, altas e baixas foram registradas nas principais praças de comercialização, bem como outras encerrando o dia com estabilidade. Os ganhos foram mais comuns em praças de Mato Grosso, chegando a superar 1%, enquanto as baixas puderam ser mais observadas no Paraná. Os preços seguem trabalhando no intervalo de R$ 64,00 e R$ 78,00 nas principais regiões produtoras.
Nos portos, as referências recuaram entre os principais indicativos, enquanto os demais permaneceram estáveis. No porto de Paranaguá, R$ 79,00 no disponível e R$ 81,00 no mercado futuro, com estabilidade em ambos os casos em relação ao fechamento do dia anterior. Já em Rio Grande, os últimos valores foram de R$ 80,50 e R$ 84,50 por saca, respectivamente, com quedas de 0,662% e 1,17%. Em Santos, o mercado disponível foi a R$ 81,50, registrando uma queda expressiva de 3,38%.
O ritmo mais baixo de vendas antecipadas esbarra também nos prêmios pagos pela soja nos portos brasileiros que, embora ainda permaneçam positivos, já vêm cedendo e podem cair um pouco mais, também como sinaliza o consultor Carlos Cogo, na medida em que se confirma uma grande safra no Brasil. "O prêmio para abril, por exemplo, está na casa de 25, 30 cents de dólar (sobre os preços de Chicago) e já esteve em 90 cents, 1 dólar. E mesmo assim, ao lado de Chicago, leva o preço a se aproximar de US$ 11,00 e, com um dólar perto dos R$ 3,40, ainda remunera muito bem o produtor brasileiro, com margens até melhores do que as do ano passado", diz.
Outro fator que influenciou o andamento das cotações da soja em Chicago na sessão desta quarta-feira foi o movimento de forte alta do petróleo. Os futuros da commodity subiram mais de 9% após o anúncio de um acordo firmado pela Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) para a redução da produção após meses de negociações. Segundo fontes internacionais, a decisão vem em linha com as medidas firmadas em setembro, na Argélia, que estabeleciam um teto de produção de 32,5 milhões de barris por dia, contra os atuais 33,6 milhões.
O efeito, entretanto, foi limitado. As cotações da soja, somente em determinados momentos da sessão, testaram alguns ganhos, mas insuficientes para mudar a direção do mercado nesta quarta-feira. "Pode ser que os efeitos sejam sentidos com mais intensidade amanhã, pode ser que o mercado ainda não tenha compreendido todo o acordo ainda. Temos que esperar o dia seguinte", diz Cogo.
Além da soja - com uma ligação bastante estreita com o óleo e o mercado norte-americano de biocombustíveis - esses ganhos do petróleo, caso consolidados, e os efeitos do acordo poderiam influenciar ainda os mercado do milho, açúcar e etanol mais adiante e de forma mais efetiva, além de promover uma mudança no cenário dos custos de produção.
Na contramão, há ainda os efeitos em relação à demanda por alimentos. "Com preços mais altos do petróleo, os países produtores - que são importantes importadores de alimentos do Brasil poderiam aumentar suas compras de diversos itens, principalmente as proteínas animais", sinaliza o consultor.
Fonte: Notícias Agrícolas
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