Apesar da queda na produção das principais lavouras devido a problemas climáticos, como o excesso de chuva durante o desenvolvimento vegetativo da soja e a estiagem na floração e maturação da segunda safra de milho no Estado, a alta nas cotações sinaliza bons resultados nos campos paranaenses em 2018
Apesar da queda na produção das principais lavouras devido a problemas climáticos, como o excesso de chuva durante o desenvolvimento vegetativo da soja e a estiagem na floração e maturação da segunda safra de milho no Estado, a alta nas cotações sinaliza bons resultados nos campos paranaenses em 2018. Enquanto a safra da soja recuou 2,1% ante o ciclo passado, para 19,2 milhões de toneladas, e o milho total deve cair 24,1%, para 13,5 milhões de toneladas, os valores pagos aos agricultores aumentaram 21,7% e 49,3% em 12 meses até a terceira semana de junho, respectivamente, de acordo com a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).
"Foi uma boa safra, não tanto quanto a anterior, mas os preços compensam com a ajuda do dólar em alta", diz o economista-chefe da divisão de conjuntura agropecuária do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Marcelo Moreira, que acompanha a cultura da soja. Em 2017/18 a oleaginosa foi plantada em 5,5 milhões de hectares no Estado, com expansão de 4,1% sobre o ciclo anterior, segundo a Conab.
Conforme o Deral, o custo variável na última safra, concluída em maio, foi de R$ 33 a saca de 60 quilos. Já o valor recebido pelos agricultores, apurado pela Conab, evoluiu de R$ 59,68 para R$ 72,61 de junho de 2017 a junho de 2018, depois de chegar a R$ 75,51 no fim de maio.
No milho, o custo variável da segunda safra, a mais importante, com 2,1 milhões de hectares, ficou em R$ 23 a saca de 60 quilos, de acordo como chefe da divisão de planejamento agrícola do Deral, Edmar Gervásio. Os preços pesquisados pela Conab, no entanto, evoluíram de R$ 20,36 em junho de 2017 até R$ 30,40 no mesmo período deste ano, mas haviam alcançado R$ 34,20 um mês antes.
"Preços acima de R$ 30 são fora da curva", explica Gervásio. Na opinião dele, a valorização pode levar ao avanço da área plantada do cereal sobre a soja em 2018/19. Ele acredita que depois de recuar para 330 mil hectares em 2017/18, o milho da primeira safra pode voltar ao patamar de 500 mil hectares do ciclo anterior.
O trigo também apresenta bom desempenho. Enquanto o custo variável médio das lavouras pesquisado pelo Deral está perto dos R$ 40 a saca de 60 quilos, o cereal estava cotado entre R$ 46,23 e R$ R$ 49,77 na terceira semana de junho, com altas de 53% a 57% em 12 meses, segundo a Conab, que projeta elevação de 26% na produção do grão neste ano no Estado, para 2,8 milhões de toneladas.
No geral o Paraná é o segundo maior produtor brasileiro de grãos, com 16% de participação na safra nacional prevista pela Conab em 229,7 milhões de toneladas em 2017/18, atrás do Mato Grosso, com 26,5%. Os paranaenses são os maiores produtores de trigo e feijão e ficam em segundo na soja e no milho.
Nas exportações, o Estado é o segundo colocado no complexo soja, com 14,7 milhões de toneladas de grãos, óleo e farelo embarcadas em 2017, o que representa alta de 23,8% sobre 2016 e uma fatia de 17,6% do total do país. No milho, ocupa a terceira posição, com 3 milhões de toneladas vendidas ao exterior no ano passado, com expansão de 61,6% e participação de 10,2% do total do Brasil.
A Lar Cooperativa Agroindustrial, de Medianeira, recebeu pouco mais de 1,5 milhão de toneladas de soja neste ano, 10% a mais do que em 2017, e esperava superar levemente as 1,8 milhão de toneladas de milho do ano passado, mas o volume deve ficar abaixo devido à quebra da segunda safra. Mesmo assim, o presidente Irineo Rodrigues diz que o faturamento deve passar de R$ 5,8 bilhões, acima dos R$ 5,7 previstos inicialmente para este ano e dos R$ 5,1 bilhões apurados em 2017 graças à alta dos preços dos grãos e ao desempenho no segmento de carne de frango.
Na Coopavel, de Cascavel, a previsão é crescer 10% neste ano sobre o faturamento de R$ 2,1 bilhões de 2017, diz o presidente Dilvo Grolli. Segundo ele, o volume de soja recebido este ano foi igual ao de 2017 (398,7 mil toneladas), mas o trigo deve crescer 50% sobre as 102,4 mil toneladas do ano passado. O trigo é 100% industrializado pela cooperativa e vendido no mercado interno, enquanto 70% da soja é esmagada. As exportações representam 15% das receitas.
Segundo a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), cerca de 60% da produção de grãos do Paraná são entregues pelos produtores nas 69 cooperativas agropecuárias locais, que no total industrializam 48% das matérias-primas recebidas, incluindo ainda carnes e leite. O dado é de 2017 e segundo o presidente da entidade, Robson Mafioletti, em 2013 o índice de industrialização era de 41%.
A evolução, segundo ele, resulta de pesados investimentos do setor, que chegaram a R$ 2 bilhões por ano em média na última década e devem alcançar R$ 2,5 bilhões em 2018, em segmentos como carnes, beneficiamento e armazenagem de grãos. As cooperativas podem armazenar 17 milhões de toneladas de grãos por ano, mas a meta é chegar a até 23 milhões de toneladas em 2022 para equiparar a capacidade ao volume recebido anualmente dos associados.
As cooperativas agropecuárias paranaenses também são as que mais faturam no país, com R$ 57,9 bilhões em 2017, ou 1,8% a mais do que em 2016. Em segundo lugar vêm as gaúchas, com receitas de R$ 22,5 bilhões no ano passado, segundo a Fecoagro-RS, que representa o setor no Rio Grande do Sul. Conforme a Ocepar, a projeção é que as cooperativas de todos os ramos de atividade no Paraná faturem R$ 100 bilhões em 2021, o dobro do valor registrado em 2014. As agropecuárias respondem por 85% deste total.
Data de Publicação: 29/06/2018 às 19:20hs
Fonte: Avisite
Fonte: Avisite
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