Plantio
Mesmo com as chuvas da estação, é pouco provável que a semeadura comece 1º de outubro
Perto de começar o plantio, clima, rentabilidade e Funrural preocupam sojicultor de Goiás
Por: APROSOJA GOIÁS
Publicado em 29/09/2017 às 13:54h.
Publicado em 29/09/2017 às 13:54h.
Às vésperas de iniciar o plantio da safra 2017/18 de grãos, os produtores de Goiás estão preocupados com os cenários que se desenham para esta temporada. Não bastassem as previsões climáticas e econômicas pouco animadoras, as indefinições sobre a cobrança do Funrural aumentam as incertezas no campo, avalia a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO).
Mesmo com as primeiras chuvas da estação chegando ao Estado esta semana, é pouco provável que a semeadura comece neste 1º de outubro, após o encerramento do vazio sanitário da soja no dia 30 de setembro. Conforme a meteorologia, o volume de água até o começo do mês será insuficiente para oferecer umidade no solo adequada à germinação. Precipitações mais consistentes só devem ocorrer a partir do dia 20 de outubro, quando as chuvas passam a se estabilizar.
Se os mapas meteorológicos confirmarem as precipitações abaixo da média, a safra goiana de soja também sofrerá atrasos – a exemplo do que vem ocorrendo em outros importantes Estados produtores, como o Paraná, onde o plantio está liberado desde 10 de setembro, e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que encerraram o vazio em 15 de setembro.
"Estas previsões colocam em alerta principalmente os produtores do Sudoeste, onde se iniciam os cultivos em Goiás. Uma redução das chuvas no meio de outubro pode gerar replantio dessas áreas cultivadas mais ao início do mês", afirma o consultor técnico da Aprosoja-GO, Cristiano Palavro.
Estimativas do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária Goiana (IFAG) apontam que a área de soja a ser plantada no Estado deve passar de 3,350 milhões de hectares, incremento de 2,2% em relação à safra 2015/16. Com a produtividade esperada de 52,5 sacas por hectare, a colheita goiana em 2017 vai render em torno de 10,552 milhões de toneladas da oleaginosa.
Rentabilidade
Embora os custos de produção da soja tenham apresentado ligeira baixa em Goiás, a expectativa é de rentabilidade novamente reduzida em função dos menores preços de venda. Um levantamento do IFAG constatou redução de 7% no preço de fertilizantes e 5% no de defensivos, que, juntos, representam 40,5% dos custos operacionais da soja.
De acordo com Palavro, que também é analista do IFAG, essa queda gerou uma economia de 8,4% nos desembolsos para o plantio das cultivares RR (transgênicas, com resistência a aplicações do herbicida glifosato) e de 6,5% para as RR2 (resistência a alguns tipos de lagartas e ao glifosato).
Entretanto, no lado da comercialização, as cotações médias da soja nos meses que antecedem o plantio (agosto/setembro) estão 20,9% menores este ano em comparação a igual período de 2016. Tais números, afirma o analista, demonstram uma grande possibilidade de continuação do cenário de mínima rentabilidade da sojicultura goiana.
"O momento é de cautela, o produtor deve ter atenção. Os custos da atividade continuam altos e persistem os antigos gargalos na logística e no armazenamento", lembra o presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz Pereira. "Ainda com o dólar nesse patamar (inferior a R$ 3,20) e as cotações baixas em Chicago, nossa competitividade e rentabilidade com a soja ficam comprometidas", destaca.
Segundo Palavro, a larga oferta proveniente de safras cheias nos maiores países produtores (Estados Unidos, Brasil e Argentina) tem pressionado as cotações na Bolsa de Chicago, mesmo com a demanda chinesa aquecida. "Isso reforça a necessidade de uma boa gestão da comercialização", completa, recomendando atenção às oportunidades de negócios que podem surgir com o avanço da safra sul-americana e a colheita da oleaginosa iniciada nos EUA.
Até o momento, calcula o IFAG, apenas 16% da soja que será cultivada em Goiás foi comercializada por meio de contratos futuros ou barter (troca de insumos por grãos). Esse percentual é inferior aos 30% negociados no pré-plantio de anos anteriores. Ainda de acordo com o instituto, restam vender 13% da soja e 40% do milho safrinha produzidos na temporada 2016/17.
Funrural
As indefinições em torno da constitucionalidade do Funrural (Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural), votada pelo STF, e de sua cobrança retroativa e futura também têm preocupado o produtor. A safra começa com muitas possibilidades em discussão, como as alterações na Medida Provisória 793/2017, que trata do refinanciamento do passivo e teve o prazo de adesão prorrogado para 30 de novembro; a validação do PRS 13/2017 (extinção do Funrural); e a solicitação de embargos e da modulação da decisão do STF, que publicou o acórdão sobre a votação do Funrural esta semana.
"A Aprosoja-GO está trabalhando para que o PRS seja validado e defendemos que a cobrança futura seja opcional sobre a folha de pagamentos dos empregados ou sobre a comercialização bruta", informa o presidente Bartolomeu. "Mas se a Justiça não entender de vez o quanto o atual modelo do Funrural prejudica o setor e tivermos que recolher esse imposto sobre nossas vendas, a rentabilidade da soja vai ficar ainda mais achatada."
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