Publicado em 29/11/2018 15:09
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Cerca de 300 funcionários da Petrobras foram responsabilizados por irregularidades levantadas a partir de investigações internas realizadas após a deflagração da operação Lava Jato, há quatro anos, afirmou nesta quinta-feira o diretor-executivo de Governança e Conformidade da estatal, Rafael Mendes.
Com a Lava Jato, da Política Federal e do Ministério Público Federal, foi exposto um amplo esquema bilionário de corrupção envolvendo contratos da petroleira estatal, grandes companhias de engenharia, políticos e partidos.
A identificação de responsáveis por irregularidades foi resultado de uma série de medidas da petroleira para corrigir o ambiente de governança e se recuperar dos danos sofridos, segundo o executivo.
"Em torno de 300 pessoas foram responsabilizadas, e responsabilização pode ser mais grave ou menos, pode ser uma demissão por justa causa, pode ser uma suspensão ou pode ser uma advertência escrita. E nós tivemos um grupo considerável que foi de fato demissão", disse Mendes, evitando detalhar os números.
Após participar de evento de governança, organizado pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), executivo frisou ainda que não há mais na Petrobras, "há algum tempo", pessoas que praticaram atos relacionados com a Lava Jato.
Além disso, disse que a empresa concluiu diversas reformas que evitam um ambiente de práticas ilícitas.
Prova dessa confiança com o novo momento, Mendes ressaltou que o Conselho de Administração aprovou na véspera o encerramento do Comitê Especial, criado em dezembro de 2014 para atuar como interlocutor de investigações independentes realizadas por escritórios de advocacia.
Conforme a estatal, também foi aprovada a cessação das atividades de investigação conduzidas pelos escritórios externos. Composto por Andreas Pohlmann, Ellen Gracie Northfleet e pelo diretor-executivo de governança da Petrobras, o Comitê Especial foi criado para atuar de forma independente, com linha de reporte direta ao conselho.
Mendes detalhou que mais de 80 recomendações partiram de grupo de investigação, liderado pelo comitê especial, para mudanças na empresa, como alterações nos processos de contratos de serviços e também na contratação de gestores, dentre inúmeras outras. As recomendações foram implementadas em ondas, segundo ele, e a terceira e última ainda está em implementação, mas não apresentou detalhes. A partir do trabalho, segundo o executivo, a empresa promoveu o fortalecimento dos seus controles internos; avanços em relação à governança corporativa; e a implementação de mecanismos adicionais de prevenção, detecção, investigação interna e remediação de irregularidades.
Nesse contexto, Mendes citou a celebração de acordos para encerramento de investigações do Departamento de Justiça e da Securities & Exchange Commission, nos Estados Unidos.
O diretor destacou ainda que as atividades do comitê especial e escritórios externos passam a ser executadas, de forma permanente, pelas áreas competentes da Petrobras, sob a liderança da Diretoria de Governança e Conformidade.
Criado há quatro anos, o departamento de governança e conformidade da Petrobras vai fechar o ano com aproximadamente 470 empregados, sendo 170 contratados no segundo semestre deste ano, disse Mendes.
(Por José Roberto Gomes e Marta Nogueira)
Fonte: Reuters
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