Publicado em 01/01/2019 15:13 e atualizado em 01/01/2019 18:29
Segurando uma bandeira do Brasil nas mãos, repetiu um dos seus mais populares slogans: “Nossa bandeira nunca será vermelha”
BRASÍLIA (Reuters) - O capitão da reserva do Exército Jair Bolsonaro, de 63 anos, tomou posse nesta terça-feira como presidente da República para um mandato que vai até 31 de dezembro de 2022, após ser eleito em outubro na campanha presidencial mais polarizada da história.
Com a promessa de desafiar paradigmas e alterar modelos como o de comunicação do governo e de negociação com o Legislativo, Bolsonaro foi oficialmente empossado após prestar juramento no Congresso Nacional ao lado do general da reserva Hamilton Mourão, empossado como vice-presidente.
No primeiro discurso após ser empossado pelo Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que fará em seu governo "reformas estruturantes" que serão essenciais para a "saúde financeira e sustentabilidade das contas públicas", vai priorizar a proteção e revigoramento da democracia e reafirmou o compromisso de construir uma sociedade "sem discriminação ou divisão".
"Realizaremos reformas estruturantes, que serão essenciais para a saúde financeira e sustentabilidade das contas públicas, transformando o cenário econômico e abrindo novas oportunidades", disse Bolsonaro, que não citou nominalmente a reforma da Previdência.
"Precisamos criar um círculo virtuoso para a economia que traga a confiança necessária para permitir abrir nossos mercados para o comércio internacional, estimulando a competição, a produtividade e a eficácia, sem o viés ideológico", completou, na sua fala de 10 minutos no plenário da Câmara.
O presidente empossado afirmou que, na economia, vai trazer a "marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência". "Confiança no compromisso de que o governo não gastará mais do que arrecada e na garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitados", frisou.
Em entrevista à TV Câmara, em meio à solenidade no Congresso, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que haverá uma reunião ministerial para alinhar as medidas a serem tomadas.
SEM DISCRIMINAÇÕES
Em discurso marcado por temas da campanha eleitoral, Bolsonaro também prometeu construir uma sociedade sem discriminações e divisões e, ao levantar bandeiras de sua campanha eleitoral, a mais polarizada da história, defendeu a posse de armas de fogo por "cidadãos de bem", respeitando, segundo ele, a decisão do referendo sobre 2005.
O presidente empossado disse também que vai "unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e nossa tradição judaico-cristã, combater a ideologia de gênero, conservando nossos valores".
"Por isso, quando os inimigos da pátria, da ordem e da liberdade tentaram pôr fim à minha vida, milhões de brasileiros foram às ruas. Uma campanha eleitoral transformou-se em um movimento cívico, cobriu-se de verde e amarelo, tornou-se espontâneo, forte e indestrutível, e nos trouxe até aqui", afirmou.
CONGRESSO
Em aceno ao Congresso, o presidente empossado disse que vai valorizar o Parlamento, resgatando a "legitimidade e credibilidade" do Poder. E, em sua fala, convocou cada um dos parlamentares a ajudá-lo na missão de "restaurar e reerguer nossa pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica".
Bolsonaro afirmou que no processo de recuperação do crescimento o setor agropecuário seguirá desempenhando "papel decisivo", em perfeita harmonia com o meio ambiente e que, da mesma forma, todo setor produtivo terá um aumento da eficiência, com menos regulamentação e burocracia.
"Esses desafios só serão resolvidos mediante um verdadeiro pacto nacional entre a sociedade e os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na busca de novos caminhos para um novo Brasil", conclamou.
O presidente empossado afirmou que a política externa retomará seu papel na defesa da soberania, na construção da grandeza e no fomento ao desenvolvimento do Brasil.
"Com a benção de Deus, o apoio da minha família e a força do povo brasileiro, trabalharei incansavelmente para que o Brasil se encontre com o seu destino e se torne a grande nação que todos queremos", concluiu ele, sob aplausos do plenário.
O discurso do presidente -- para um plenário não lotado e sob forte esquema de segurança -- foi elogiado por autoridades que estiveram presentes à solenidade. O ex-líder do DEM na Câmara Efraim Filho (PB) disse que o discurso foi claro e mostrou direções que o governo vai tomar.
O deputado Arthur de Oliveira Maia (DEM-BA), que foi relator da reforma da Previdência enviada pelo governo Michel Temer, minimizou o fato de Bolsonaro não ter nominado no discurso a reforma da Previdência.
“Aí é uma questão do presidente da República, não vou entrar nesse mérito. O presidente tem noção da importância da reforma, o ministro Paulo Guedes. Claro que o governo sabe da importância da reforma”, disse ele à Reuters.
Arthur Maia defendeu que Bolsonaro utilize a reforma do Temer para acelerar as mudanças na Previdência.
Bandeira só será vermelha se for preciso sangue para mantê-la verde e amarela, diz Bolsonaro
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse em discurso após receber a faixa presidencial nesta terça-feira que, com sua posse, o povo brasileiro começa a se "libertar do socialismo" e do "politicamente correto" e que a bandeira do Brasil só será vermelha se for preciso sangue para mantê-la verde e amarela.
"Nossa bandeira jamais será vermelha!", disse Bolsonaro segurando uma bandeira brasileira, enquanto a multidão gritava "mito". "Só será vermelha se for preciso o nosso sangue para mantê-la verde e amarela", acrescentou, sendo ovacionado pelos milhares de pessoas que acompanharam o discurso feito no parlatório do Palácio do Planalto.
Em discurso bem mais inflamado do que o feito na cerimônia de posse no Congresso Nacional, Bolsonaro disse ainda que tem o desafio de enfrentar a crise econômica e o desemprego recorde, ao mesmo tempo que afirmou que terá preocupação com o cidadão de bem e tirará o "viés ideológico" da política externa brasileira.
Durante o discurso, as cerca de 115 mil pessoas que estavam na Esplanada dos Ministérios, de acordo com estimativas do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, gritaram também "o capitão chegou" e ovacionaram o novo presidente.
"Me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto", disse Bolsonaro ao iniciar seu discurso.
"Não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os brasileiros. Ideologias que destroem nossos valores e tradições, destroem nossas famílias, alicerce da nossa sociedade", afirmou.
O novo presidente, que assume após a disputa eleitoral mais polarizada da história, também retomou temas de sua campanha, como um discurso duro contra a criminalidade e contra o que chama de "viés ideológico" na política externa e na educação, assim como a defesa do combate à corrupção.
"Também é urgente acabar com a ideologia que defende bandidos e criminaliza policiais, que levou o Brasil a viver o aumento dos índices de violência e do poder do crime organizado, que tira vidas de inocentes, destrói famílias e leva a insegurança a todos os lugares", discursou Bolsonaro.
"Nossa preocupação será com a segurança das pessoas de bem e a garantia do direito de propriedade e da legítima defesa, e o nosso compromisso é valorizar e dar respaldo ao trabalho de todas as forças de segurança."
ECONOMIA
Antes de Bolsonaro discursar no parlatório, em uma quebra de protocolo pouso usual, a primeira-dama Michelle Bolsonaro fez um discurso usando a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) acompanhado em voz alta por uma intérprete.
A primeira-dama agradeceu o apoio do vereador pelo Rio de Janeiro, filho de Bolsonaro e seu enteado, Carlos Bolsonaro, e de toda a população no período em que o agora presidente ficou hospitalizado por causa da facada de que foi alvo durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG), em setembro.
Assim como fez no discurso no Congresso, Bolsonaro também fez alusão à facada agradecendo por estar vivo.
Embora com menos ênfase do que em seu discurso no Congresso, Bolsonaro também tratou de economia, apontando o enfrentamento da crise econômica e do desemprego como dois de seus desafios e defendendo reformas, sem mencionar a da Previdência.
"Vamos propor e implementar as reformas necessárias. Vamos ampliar infraestruturas, desburocratizar, simplificar, tirar a desconfiança e o peso do governo sobre quem trabalha e quem produz", afirmou.
Bolsonaro diz em vídeo que pretende mudar destino do país e pede apoio imprescindível da população
(Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, pouco antes do tomar posse como novo presidente da República, que pretende mudar o destino do Brasil, e que para isso conta com o apoio "imprescindível" da população.
Em rápido vídeo publicado em sua conta no Twitter, Bolsonaro agradece a Deus por estar vivo e ao "cidadão brasileiro", pelo apoio e confiança em seu trabalho.
Líder do PSL diz que primeira reforma de Bolsonaro será a da Previdência
BRASÍLIA (Reuters) - O líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (GO), disse na tarde desta terça-feira que a reforma da Previdência será a primeira a ser feita pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), seguida pela reforma tributária.
"Pensamos que a primeira reforma sem dúvida nenhuma é a da Previdência. Depois a tributária. Penso que essas são as prioridades do novo governo, formar a base para que sejam votadas essas mudanças, que não são para o PSL, são para o país", disse ele pouco antes da cerimônia de posse de Bolsonaro, que é do PSL, na Presidência da República.
"Os governadores dos Estados, os prefeitos, estão desesperados, com as contas estouradas, alguns não pagaram funcionalismo e nós queremos trabalhar para que aconteçam essas mudanças", completou o líder, em rápida entrevista à imprensa na chegada ao plenário da Câmara, onde Bolsonaro será empossado.
Waldir destacou que o governo buscará ter um diálogo com os parlamentares e que eles terão de votar pelo Brasil. Segundo ele, quem não seguir essa linha terá futuramente "problemas" com as urnas.
O líder do PSL citou ainda que a equipe de Bolsonaro e o próprio novo presidente já se reuniram com cerca de 300 parlamentares durante a transição e que o novo chefe do Executivo buscará ter uma nova relação com o Congresso Nacional.
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Fonte: Reuters
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