sexta-feira, 31 de julho de 2015
Nutrição na pecuária leiteira argentina chama atenção de produtores de MT
31/07/2015 17h44 - Atualizado em 31/07/2015 18h13
Nutrição na pecuária leiteira argentina chama atenção de produtores de MT
Na última semana, produtores e técnicos foram ao país em Missão Técnica.
Argentinos investem em tecnologia, nutrição e genética.
Amanda Sampaio
Do G1 MT
Os produtores rurais de Mato Grosso que participaram na última semana de uma Missão Técnica da Famato e do Senar-MT para a Argentina constataram que apesar de os pecuaristas argentinos estarem passando por uma situação econômica bastante complicada, eles continuam aplicando técnicas avançadas de nutrição animal e sanidade do rebanho, atingindo bons níveis de produção de carne e de leite.
O planejamento nutricional bem feito durante todo o ano foi o que mais chamou atenção de um grupo formado por 31 pessoas entre produtores, lideranças sindicais e técnicos de Mato Grosso que visitou sistemas de produção da pecuária de leite e de corte na Argentina na última semana. O grupo da Missão Técnica visitou propriedades de gado de leite, confinamento de gado de corte, estações experimentais, exposição agropecuária, um mercado de gado e a Universidade de Buenos Aires.
O gestor do Núcleo Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Carlos Augusto Zanata, que participou da missão técnica, observou que era comum, durante o deslocamento às propriedades visitadas, encontrar pelo caminho outras propriedades que tinham silagem, feno, grãos armazenados para o inverno. “Víamos que tinha comida armazenada para a época da seca. Tanto na pecuária leiteira quanto de corte, enfrentam a época de seca e frio sempre com um bom planejamento nutricional”, relata.
Em uma das propriedades visitadas, na província de Santa Fé, Zanata conta que pouco mais de 1 mil vacas em lactação produziam 35 mil litros de leite diariamente. Mas, além do volume de produção, o ponto forte da propriedade era outro: as informações detalhadas de todas as atividades da fazenda. “Nunca tinha visto nenhum nível de monitoramento de informações econômicas e zootécnicas, desde mercado, de custos em cada operação e dos índices zootécnicos, como peso de bezerro, leite produzido”, comenta. “Essa eficiência faz com que sejam grandes produtores na região”, diz.
A preparação dos argentinos com relação ao alimento do gado ao longo do ano ainda é bem diferente do que a maioria dos pecuaristas têm praticado em Mato Grosso. “Em relação à nutrição, a prática mais comum, tirando quem faz confinamento, é não ter planejamento nutricional para a época da seca. São poucos os que fazem planejamento aqui”, destaca o gestor.
Ele cita como exemplo que em terras argentinas, uma pequena propriedade de leite produz abaixo de 2,9 mil litros por dia, enquanto que, em Mato Grosso, 95% das propriedades produzem abaixo de 100 litros por dia. A diferença, segundo ele, é grande e o motivo está na tecnologia aplicada na atividade, no investimento em genética, na garantia de alimentação durante todo o ano no país vizinho.
As vacas usadas naquele país são predominantemente holandesas, adaptadas ao clima mais frio da Argentina. “Estão usando a ferramenta certa no lugar certo, mas para Mato Grosso, temos que partir para a ferramenta que serve para o nosso clima tropical, como a raça Girolando. Basta fazer bem feito para explorar ao máximo o potencial do animal”, observa Zanata.
No Estado, ele já teve notícias de vacas Girolando que conseguem produzir de 12 a 14 litros ao dia. A média mato-grossense atual, com a predominância de gado Nelore, no entanto, é de 5 litros ao dia, diante de 18 litros diários na Argentina. “Existe investimento na raça, é possível que cheguemos a esses volumes de produção no Estado, mas nosso produtor ainda é muito pequeno e, para ele, comprar três vacas Girolando ainda é considerado um investimento alto”, explica.
O segredo, comenta Zanata, é implementar a tecnologia e garantir a Nutrição dos animais. “Se tiver um planejamento e uma qualidade genética nos animais, consegue-se produzir mais”, afirma.
Segundo o diretor de Relações Institucionais da Famato, Rogério Romanini, a Missão Técnica cumpriu com os objetivos da entidade de buscar novos conhecimentos e experiências por meio desse intercâmbio. “Vimos que os argentinos possuem uma produção significativa de carne e de leite, apesar de toda a crise que eles estão passando. A missão contribuiu para adquirirmos novos conhecimentos e estreitarmos relacionamentos com empresas, entidades e entre nós, produtores rurais”, diz.
Pecuária Argentina
Os produtores argentinos possuem alguns problemas semelhantes aos do Brasil, entre eles estão os altos custos de produção e de impostos, dificuldades na sucessão familiar e de mão de obra qualificada. Apesar de não haver a incidência do imposto “retenciones” sobre a exportação do leite, há um acordo bilateral entre o Brasil e a Argentina que limita as exportações do excedente de produção de leite para terras brasileiras, o que restringe ainda mais os ganhos com a atividade.
Na pecuária de leite, os produtores não escapam da atual conjuntura econômica do país. O setor atravessa uma das piores crises, com fechamento de aproximadamente 8 mil tambos (propriedades leiteiras) nos últimos anos, especialmente os de pequeno e médio porte. Além disso, o rebanho bovino da Argentina reduziu nos últimos 10 anos de 61 milhões para 51 milhões de cabeças.
tópicos:
Argentina, Mato Grosso
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