Com nova unidade no Paraguai, JBS deve ampliar participação no mercado
Fábrica começa a funcionar em Belén, com investimentos de US$ 80 mi.
Carne premium deverá ser exportada inclusive para o Brasil.
Com uma nova unidade de abate de bovinos no Paraguai, a JBS deve ampliar sua participação no mercado internacional de carnes premium, exportando a proteína inclusive para o Brasil. A fábrica começa a funcionar amanhã em Belén, no Departamento de Concepción, com investimentos de US$ 80 milhões. Conforme explica o presidente da JBS no Paraguai, Felipe Azarias, existem mercados que valorizam o produto paraguaio, como Israel e a União Europeia, por suas características peculiares em relação por exemplo ao que Argentina, Brasil e Uruguai produzem. Azarias explicou ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que no Paraguai boa parte do gado é híbrida, com mescla de raças zebuínas, como o nelore, e europeias, como o angus.
Assim, a carne resultante é um produto intermediário - o Brasil produz predominantemente carne magra, do zebuíno nelore, criado a pasto e considerada nos mercados internacionais como "commodity". Já na Argentina e Uruguai predominam as raças europeias, como a angus, cuja carne possui teor maior de gordura e costuma ser exportada como premium. A carne a ser produzida na nova unidade da JBS, embora intermediária, também será vendida como premium. "Quando exportamos daqui para o Brasil, por exemplo, o produto vai para churrascarias, que compram esta categoria de produtos", informa Azarias.
A unidade deve atender principalmente o mercado externo, seguindo o padrão das operações da JBS no Paraguai, com cerca de 80% da produção destinada à exportação para países da União Europeia, além de Israel, Chile, Rússia e Brasil. O executivo afirmou, ainda, que a plataforma da companhia no país vizinho é complementar às operações da JBS no Brasil e que neste quesito os dois países não competem entre si.
A JBS está no Paraguai desde 2009 e tem outras duas unidades de processamento de bovinos (Assunción e San António). A nova fábrica foi concluída em menos de um ano, tempo considerado recorde, segundo Azarias, e é a primeira que a companhia constrói desde o início - as anteriores foram adaptadas de plantas já existentes. A capacidade instalada de abate é de 1.200 cabeças por dia (até 300 toneladas de carne bovina/dia). A pleno vapor, a unidade de Belén vai aumentar o potencial da JBS no País para 3.000 cabeças/dia, posicionando-a como líder em abates no Paraguai. Azarias prevê que o pico de produção deve ser atingido já no segundo semestre de 2017 e que, como a fábrica foi construída de forma modular, é possível acrescentar rapidamente novos módulos e dobrar sua capacidade instalada em três meses, se necessário. Os primeiros abates devem ter início na próxima semana. "Não vamos começar com força total. Um dos motivos é de que 50% do pessoal não tinha experiência em frigoríficos, por isso ainda estamos capacitando mão de obra", disse Azarias.
Além das diferenças em relação ao tipo de gado, o rebanho paraguaio está em expansão, com crescimento de 14% nos últimos cinco anos, acima da média do Mercosul, o que também impulsiona a atuação da JBS no País. Além disso, Azarias explica que Belén possui "localização privilegiada com a maior concentração de gado do Paraguai em um raio de 200 quilômetros da fábrica".
Apesar disso, ele afirmou que a oferta de animais terminados no país anda um pouco restrita no curto prazo, em razão de fortes chuvas que atingiram as regiões produtoras, como o Chaco paraguaio, e dificultaram o transporte de animais e também por causa do período de vacinação contra aftosa. No país, pecuaristas só conseguem a emissão de guias de transporte após terem vacinado todo o rebanho. A inspeção sanitária no Paraguai se tornou mais rigorosa desde o caso de febre aftosa reportado em 2012.
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