sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Petrobras diz não ter mais condições de dar aumentos 'tão generosos'

30/09/2016 14h32 - Atualizado em 30/09/2016 14h59



Petrobras diz não ter mais condições de dar aumentos 'tão generosos'




Na véspera, reunião sobre reajuste salarial terminou sem acordo.
Presidente da estatal criticou ‘aparelhamento’ e construção de refinarias.

Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo



Pedro Parente, presidente da Petrobras, no Exame Fórum, evento, organizado pelo Grupo Abril (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Pedro Parente, presidente da Petrobras, no Exame Fórum, evento, organizado pelo Grupo Abril (Foto: Darlan Alvarenga/G1)
O presidente da PetrobrasPedro Parente, destacou nesta sexta-feira (30) que a Petrobras não tem condição de dar aumentos salariais generosos, acima da inflação, como no passado.
Na véspera, reunião entre a categoria e a direção da empresa sobre reajuste salarial terminou sem acordo e muitos sindicatos aprovaram indicativo de greve.
"Obviamente, quando você vem agora e fala: ‘Queremos dar só metade da inflação', isso soa como afronta, parte das pessoas, não todas, se sentem afrontadas. Eu diria que na gestão da empresa, no nível dos gerentes, a gente percebe um grande apoio à direção", declarou. “É difícil as pessoas entenderem que mudou, que não há menor condição de dar aumentos tão generosos”, completou.
Na véspera, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que representa 14 sindicados ta categoria, rejeitou a proposta apresentada pela estatal nas assembleias com os empregados. Segundo a Petrobras, o sindicato pediu que a empresa apresente uma proposta de reajuste que reponha as perdas com a inflação. Na tarde desta quinta, a FUP volta a se reunir com a Petrobras, informou a entidade.
"A Petrobras reitera que mantém diálogo permanente junto aos representantes da força de trabalho e agendará um novo encontro para dar continuidade às negociações do ACT 2016", afirmou a estatal em comunicado.
'Racionalidade econômica'
O presidente da Petrobras também defendeu a volta da “racionalidade econômica” nas decisões da estatal para que a empresa possa voltar a dar retorno financeiro, reduzir o seu endividamento e se recuperar da crise detonada pela deflagração da operação Lava Jato, cujos efeitos foram comparados pelo executivo a um “tsunami”.
“O que aconteceu na Petrobras foi um aparelhamento de uma empresa. Ela foi usada para outros fins”, afirmou Parente, durante evento promovido pela revista “Exame”, em São Paulo.
Entre as decisões das gestões anteriores criticadas por Parente, está a política de preços de combustíveis abaixo da paridade internacional para ajudar o governo a controlar a inflação e investimentos que resultaram em prejuízos.

“Como é que uma empresa pode decidir construir uma refinaria - independente do over price, do custo -, em Pernambuco, outra no Maranhão e outra no Ceará? Não é racionalidade econômica”, disse.

Regras
O presidente da Petrobras voltou a defender mudanças nas regras de conteúdo local em investimentos no setor de óleo e gás. Segundo ele, os atuais índices de exigência de participação de componentes produzidos nacionalmente nos projetos de investimentos fazem a estatal pagar preços muito acima do mercado e ainda enfrentar atrasos em empreendimentos.
“Somos a favor de política de conteúdo local inteligente, mas não essa que está aí”, disse.
Entre as regras prejudiciais ao setor, ele citou a obrigatoriedade de índices de conteúdo global tanto para uma plataforma como para cada linha da plataforma.
“É uma coisa totalmente ilógica. Não existe política correta de conteúdo local se os percentuais são crescentes. Isso não permite emancipar a indústria brasileira”, criticou.
'Houve endeusamento do pré-sal'
O presidente da Petrobras destacou que a prioridade da empresa nos próximos anos é reduzir o nível de endividamento, de forma a garantir a sustentabilidade das operações e o equilíbrio financeiro, o que permitirá reconquistar o grau de investimento na classificação das agências de risco.

Segundo Parente, apesar do enxugamento que o plano de venda de ativos deverá provocar na empresa, o objetivo é garantir a continuidade dos investimentos em exploração e produção, de forma que a Petrobras possa estar até 2021 entre as 5 maiores empresas de petróleo e gás do mundo.

Embora os investimentos em produção em águas profundas permaneçam entre as prioridades da companhia, Parente destacou que a exploração fora do pré-sal não pode ser deixada em segundo plano.

“Houve um certo hipervalorização, endeusamento do pré-sal, quando na realidade nós temos em outras áreas da empresa campos excelentes, a própria bacia de campos. Então o nosso objetivo é gerir de forma integrada o portfólio de projetos, sempre fazendo avaliação de risco e retorno de cada um dos campos na decisão relacionada a mantê-lo ou não, ou de oferecê-lo em parcerias”, disse.
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