SOJA DISPONÍVEL VAI A R$ 67,20 EM RIO GRANDE
Na tarde desta terça-feira, o mercado internacional da soja deixou a estabilidade de lado e vem ampliando suas baixas na Bolsa de Chicago entre os principais contratos. Por volta de 12h15 (horário de Brasília), as baixas variavam de 9,25 a 14 pontos, com o vencimento julho/17 – que é o atual driver do mercado – já negociado a US$ 9,12 por bushel.
Essa é a segunda sessão consecutiva de baixas bastante severas e os preços testam suas mínimas em mais de um ano, portanto. E segundo explica o analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex Group, de Genebra, na Suíça, trata-se de uma nova confirmação do canal de baixa em que se encontra o vencimento julho.
“Podemos ver uma sequência de baixas ser acelerada se o julho romper os US$ 9,22 (que vinha sendo a referência no canal de baixa) e fechar abaixo disso, mas precisa de uma confirmação no dia seguinte para dizer se a tendência de baixa é ainda mais agressiva do que vinha se observando”, diz Biegai.
Ainda de acordo com analistas internacionais, esse movimento acentuado de vendas de posições (o chamando selloff) desencadeia um movimento negativo mais severo, o que traz as tendências de curto e médio prazo apontando para preços ainda em queda na CBOT.
Dólar e portos no Brasil
Com essa despencada em Chicago e mais um dólar em queda, os preços da soja formados nos portos do Brasil não se sustentam e apresentam quedas significativas nesta terça. Em Rio Grande, a oleaginosa disponível recuava 1,9% para R$ 67,20 por saca, enquanto a safra nova valia R$ 71,50 e perdia 0,69%.
As variações são em relação à última sexta-feira (26), já que ontem o mercado ficou sem a referência do mercado internacional dado o feriado nos EUA.
O dólar, nesta terça, perdia quase 0,2%, por volta de 12h40 (Brasília), e era negociado a R$ 3,263. Segundo informa a Reuters, este é o oitavo pregão consecutivo em que a divisa opera no intervalo estreito dos R$ 3,25 aos R$ 3,30, diante da instabilidade e incerteza que o governo de Michel Temer ainda inspira depois dos últimos escândalos. “O pior cenário é o presidente ficar sangrando no cargo”, destacou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonin à agência de notícias.
Neste ambiente, os negócios no Brasil voltam a ficar travados. Os produtores seguem acompanhando esse cenário ainda incerto para o câmbio, tal qual as baixas intensas observadas em Chicago e voltam a se retrair. “Mesmo dentro de um canal de baixa, o mercado tem dias de alta e é nesse dia que o produtor tem que procurar vender”, explica Biegai.
O que mais pressiona Chicago
A nova safra americana volta ao foco principal dos negócios e o mercado espera ansioso pelo novo reporte semanal de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura do Estados Unidos) traz às 17h (horário de Brasília), após o fechamento da CBOT.
Segundo números levantados pela Labhoro, o mercado espera o plantio da soja entre 64% e 67%, contra 53% da semana anterior. Já no caso do milho, o índice esperado é de algo acima dos 90%, uma vez que nas áreas onde o plantio do cereal estava menos evoluído, o final de semana foi de condições mais favoráveis de clima, permitindo um melhor desenvolvimento da semeadura.
O boletim traz também os primeiros números nacionais das condições das lavouras de milho do país e as expectativas são de plantações em boas ou excelentes condições na casa de 66% a 68%. A média para este período é de 72%.
Além disso, ainda nesta terça chegam os números atualizados dos embarques semanais de grãos, também trazidos pelo USDA, durante o andamento do mercado. Em seu último relatório de embarques, divulgado no dia 22 de maio, o total da oleaginosa norte-americana já embarcada era de 50.447,843 milhões de toneladas, contra pouco mais de 43 milhões do mesmo período do ano passado.
Paralelamente, atenção ainda ao desenvolvimento do clima no Meio-Oeste americano. Os próximos dias serão de mais chuvas, apesar de mais espaçadas e menos volumosas. Os modelos climáticos europeus, como mostram as informações da corretora, trazem as possibilidades de algo entre 75 e 100 mm de chuvas em Iowa (exceto sudeste), oeste e sul do Missouri, Oklahoma, Texas, Louisiana, Arkansas, Mississippi, Alabama e Tennessee. As demais áreas têm chuvas previstas de no máximo 45 mm acumulados.
Sobre as temperaturas, as previsões seguem indicando que elas continuam mais baixas do que o normal para o período e, segundo a AgResource Brasil, esse ainda deve ser o padrão pelas próximas duas semanas. Porém, a consultoria afirma ainda que “a frente fria chegando ao leste do Cinturão nos primeiros dias de junho começa a perder forças, dando espaço para um padrão climático dentro das normalidades sazonais”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário