De Maceió - André Garcia Santana
01 Set 2017 - 10:56
Líderes na safra nacional de algodão, os estados de Mato Grosso e Bahia, oferecem ao mercado características específicas de seus produtos: de um lado, a volumosa produção do Centro-Oeste, de outro, a brancura e qualidade da pluma nordestina. As distinções, embora sutis, interferem principalmente na hora da negociação e determinam o destino de cada lote. O assunto foi abordado pelo Agro Olhar, junto ao classificador Geraldo Pereira durante o 11º Congresso do Algodão, em Maceió - AL, na quarta-feira (29).
Congresso do Algodão começa com anúncio de aumento de 23% na safra; MT lidera produção
O profissional, que trabalha há 35 anos na área, atua agora em Luís Eduardo Magalhães - BA, e explica que as diferenças dependem da condição da lavoura, do clima, variedade e manejo. Deste modo, mesmo dentro dos estados é possível que existam disparidades de uma lavoura para outra. “Como na Bahia chove menos, o algodão de lá apresenta melhor qualidade na refletância, que é o brilho. O que determina isso é a luminosidade, que é maior na nossa região."
Tal particularidade agrega valor na comercialização porque indica a realização de um processo de tingimento mais fácil. "No algodão mais branco a indústria vai usar menos tinta para tingir, e também dá pra usá-lo para fazer peças especiais: camisa, roupa branca. Então é uma cor superior a outra, sendo considerada um branco-branco, diferente do branco médio creme. O primeiro se apresenta melhor, é mais bonito", diz. Já a resistência e o comprimento, segundo ele, são semelhantes nos produtos de ambos os lugares.
A pequena desvantagem comercial, infelizmente, não pode ser revertida pelos produtores mato-grossenses, uma vez que é determinada exclusivamente pelas especificidades do clima. "Lá chove quase na hora da colheita, e essa chuva tira a cera que fica na fibra, deixando menos brilhosa." O resultado é um algodão mais opaco e crespo, contra outro, mais sedoso e atrativo.
O produtor Ernesto Martelli, de Campo Novo do Parecis (401 km de Cuiabá), discorda do posicionamento. Para ele, que trabalha com a pluma há 13 anos a produção do Estado não perde em nada, e as chuvas, a exemplo desse ano, interferem pontualmente em algumas localidades, não causando prejuízos. "Esse ano achei que fosse colher algodão de ponteiro, que é o algodão que fica na ponta da planta após a chuva, mas isso não aconteceu. Além disso temos um grupo de produtores organizados, mais preparado", afirma.
Ao Agro Olhar, Geraldo reforçou que as diferenças não são suficientes para tornar o produto do centro-oeste inferior. "Não dá pra dizer que o de Mato Grosso é ruim. Talvez seja só mal padronizado, perdendo só brilho. O resto é parecido, não tem muito o que mudar. Fora que os números lá são muito maiores."
Hoje o Estado é responsável por mais de 60% da safra brasileira e deverá expandir sua produção em até 15% para a colheita de 2018/19.
Congresso do Algodão começa com anúncio de aumento de 23% na safra; MT lidera produção
O profissional, que trabalha há 35 anos na área, atua agora em Luís Eduardo Magalhães - BA, e explica que as diferenças dependem da condição da lavoura, do clima, variedade e manejo. Deste modo, mesmo dentro dos estados é possível que existam disparidades de uma lavoura para outra. “Como na Bahia chove menos, o algodão de lá apresenta melhor qualidade na refletância, que é o brilho. O que determina isso é a luminosidade, que é maior na nossa região."
Tal particularidade agrega valor na comercialização porque indica a realização de um processo de tingimento mais fácil. "No algodão mais branco a indústria vai usar menos tinta para tingir, e também dá pra usá-lo para fazer peças especiais: camisa, roupa branca. Então é uma cor superior a outra, sendo considerada um branco-branco, diferente do branco médio creme. O primeiro se apresenta melhor, é mais bonito", diz. Já a resistência e o comprimento, segundo ele, são semelhantes nos produtos de ambos os lugares.
A pequena desvantagem comercial, infelizmente, não pode ser revertida pelos produtores mato-grossenses, uma vez que é determinada exclusivamente pelas especificidades do clima. "Lá chove quase na hora da colheita, e essa chuva tira a cera que fica na fibra, deixando menos brilhosa." O resultado é um algodão mais opaco e crespo, contra outro, mais sedoso e atrativo.
O produtor Ernesto Martelli, de Campo Novo do Parecis (401 km de Cuiabá), discorda do posicionamento. Para ele, que trabalha com a pluma há 13 anos a produção do Estado não perde em nada, e as chuvas, a exemplo desse ano, interferem pontualmente em algumas localidades, não causando prejuízos. "Esse ano achei que fosse colher algodão de ponteiro, que é o algodão que fica na ponta da planta após a chuva, mas isso não aconteceu. Além disso temos um grupo de produtores organizados, mais preparado", afirma.
Ao Agro Olhar, Geraldo reforçou que as diferenças não são suficientes para tornar o produto do centro-oeste inferior. "Não dá pra dizer que o de Mato Grosso é ruim. Talvez seja só mal padronizado, perdendo só brilho. O resto é parecido, não tem muito o que mudar. Fora que os números lá são muito maiores."
Hoje o Estado é responsável por mais de 60% da safra brasileira e deverá expandir sua produção em até 15% para a colheita de 2018/19.
Classificação, moda e o seu jeans rasgado
De acordo com Geraldo há dois tipos de classificação, o visual e o americano. No primeiro deles, o procedimento se dá em uma sala padronizada, com mesas, paredes e equipamentos da mesma cor. No segundo, o trabalho é de comparação. “Você vai ter uma caixa como parâmetro e a partir dela vai comparar e separar. Cada um tem uma finalidade”. A diferença de um tipo para o outro é de aproximadamente R$ 2,00 por arroba, a depender da tabela de negociações.
(Reprodução/Internet)
Já na indústria foi constatado que o algodão poderia apresentar tantos defeitos que a moda não conseguiria suprir as exigências do mercado com ele. “Ou faziam uma calça com o preço muito alto, que pouca gente ia comprar, ou achavam outro jeito. Aí, no lugar do defeito resolveram desfiar ou rasgar e isso virou moda”, explica.
De acordo com o classificador, na indústria um profissional expõe as peça à luz negra, marcando os defeitos no tecido e encaminhando para quem trabalha com essa proposta. “Antes de rasgar era manchado. A moda era manchar o jeans, aí depois isso começou a aparecer quando a calça ficava velha. Por isso é melhor rasgar, tudo é a criatividade”. Depois disso, não é mais possível identificar o que era ou não uma avaria.
De acordo com o classificador, na indústria um profissional expõe as peça à luz negra, marcando os defeitos no tecido e encaminhando para quem trabalha com essa proposta. “Antes de rasgar era manchado. A moda era manchar o jeans, aí depois isso começou a aparecer quando a calça ficava velha. Por isso é melhor rasgar, tudo é a criatividade”. Depois disso, não é mais possível identificar o que era ou não uma avaria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário