Publicado em 02/12/2018 06:53 e atualizado em 02/12/2018 13:50
BUENOS AIRES - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordou neste sábado em suspender durante 90 dias o seu plano de subir de 10% para 25% as tarifas americanas a produtos chineses no valor de US$ 200 bilhões, enquanto negocia com Pequim "mudanças estruturais" a sua política econômica.
A Casa Branca fez o anúncio em comunicado depois do jantar de Trump com o presidente da China, Xi Jinping, ao final a Cúpula do G20 em Buenos Aires.
China e Estados Unidos também fecharam um acordo para não imporem novas tarifas um ao outro a partir do dia 1 de janeiro de 2019 e se comprometeram a continuar com as negociações para buscar uma saída para a guerra comercial entre as duas potências, informou neste domingo a emissora estatal chinesa "CCTV".
O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, que esteve presente no encontro, um jantar de trabalho marcado por um ambiente "amistoso", destacou que se trata de um acordo "importante", do qual só revelou que ambas as partes pactuaram não aplicar tarifas adicionais a partir do dia 1 de janeiro.
Leia a notícia na íntegra no site do Estadão.
Comunicado da agência estatal chinesa não fala em datas
Buenos Aires, 1º dez (Xinhua) -- A China e os EUA atingiram no sábado consenso sobre assuntos econômicos e comerciais e concordaram em evitar escalada das medidas comerciais restritivas.
O presidente chinês Xi Jinping e seu homólogo norte-americano, Donald Trump, realizaram uma reunião neste sábado à noite na capital da Argentina, Buenos Aires.
Depois da reunião, os funcionários responsáveis da equipe econômica da China disseram à Xinhua que os dois lados realizaram discussões sobre assuntos econômicos e comerciais China-EUA e obtiveram consensos.
Os dois chefes de Estado elogiaram as consultas positivas e efetivas realizadas recentemente pelas equipes de economia e comércio dos dois lados.
Os dois lados reconheceram que suas relações econômicas e comerciais saudáveis e estáveis estão de acordo com os interesses comuns dos dois países e do mundo inteiro.
Os dois lados decidiram evitar escalada das medidas comerciais restritivas, sem o aumento das tarifas existentes adotadas entre si, nem novas tarifas adicionais para outros produtos.
Os dois lados concordaram em tomar medidas imediatas para lidar com os assuntos de preocupação comum com base no respeito, igualdade e benefício mútuo.
Como exigido pelo 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, Beijing está comprometida a aprofundar reforma e ampliar abertura. Neste processo, alguns assuntos econômicos e comerciais que concernem a Washington serão resolvidos. Ao mesmo tempo, o lado dos EUA abordarão ativamente as concernências chinesas sobre os assuntos econômicos e comerciais.
Xi e Trump instruíram a suas respectivas equipes de economia e comércio a intensificar as consultas para atingir um acordo, a fim de eliminar as tarifas adicionais adotadas neste ano e conduzir as relações bilaterais em economia e comércio de volta aos trilhos o mais breve possível com um resultado de benefício recíproco.
Na Reuters:
EUA e China suspendem novas tarifas por 90 dias após reunião entre Trump e Xi
Por Michael Martina e Roberta Rampton
BUENOS AIRES (Reuters) - A China e os Estados Unidos concordaram em não aplicar tarifas adicionais, em um acordo que evita que a guerra comercial cresça, no momento em que ambos os lados tentam resolver as divergências em novas negociações que visam alcançar um acordo dentro de 90 dias.
A Casa Branca disse no sábado que o presidente dos EUA, Donald Trump, falou ao presidente chinês, Xi Jinping, durante negociações de grande importância na Argentina que ele não aumentará as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em bens chineses para 25 por cento em 1 de janeiro, como anunciado anteriormente.
Pequim, por sua vez, concordou em comprar uma quantidade não especificada, mas "muito substancial" de produtos agrícolas, energéticos e industriais, disse a Casa Branca em comunicado.
Os dois lados também terão novas negociações comerciais para tratar de assuntos que incluem transferência de tecnologia, propriedade intelectual, barreiras não-tarifárias, roubo cibernético e agricultura, afirmou Washington.
Caso não se chegue a um acordo dentro de 90 dias, ambos os lados concordaram que as tarifas de 10 por cento serão elevadas para 25 por cento, disse a Casa Branca.
Neste domingo, a mídia estatal da China saudou o "importante consenso" alcançado pelos dois líderes, mas não mencionou o prazo de 90 dias.
Trump impôs tarifas de 10 por cento sobre 200 bilhões de dólares em bens chineses em setembro. A China respondeu com suas próprias tarifas.
O presidente norte-americano também ameaçou aplicar tarifas sobre adicionais 267 bilhões de dólares em bens chineses, e a relação entre os dois países pareceu se agravar nas semanas antes do encontro na Argentina.
"Eu não acho que isso é um avanço - é mais para evitar um colapso. Esse não é o pior resultado, mas o trabalho duro está pela frente", disse Paul Haenle, diretor do Carnegie-Tsinghua Center em Pequim.
"Os chineses precisam entrar (nas negociações) com um senso de urgência", ele acrescentou.
"ACORDO INCRÍVEL"
Como parte do acordo, a China concordou em começar a comprar produtos agrícolas de produtores dos Estados Unidos imediatamente, afirmou a Casa Branca.
Falando a repórteres no Air Force One, Trump elogiou seu acordo com Xi.
"É um acordo incrível", disse Trump. "O que eu estaria fazendo é segurando a mão nas tarifas. A China estará se abrindo. A China se livrará das tarifas".
Ele disse que sob o acordo a China comprará uma "quantidade tremenda de produtos agrícolas e outros" dos EUA. "Terá um impacto incrivelmente positivo sobre a agricultura".
O conselheiro estatal Wang Yi, principal diplomata do governo chinês, disse a repórteres em Buenos Aires que os dois lados acreditam que o acordo "efetivamente previne a expansão de fricções econômicas entre os dois países".
"Fatos mostram que os interesses conjuntos de China e EUA são maiores que as disputas, e a necessidade de cooperação é maior do que as fricções", afirmou.
Companhias dos EUA e consumidores estão arcando com parte do preço das tarifas dos EUA sobre a China ao pagar preços mais altos por bens, e muitas empresas aumentaram os preços de produtos importados.
Ao mesmo tempo, produtores dos EUA foram prejudicados por menores importações chinesas de soja e outros produtos.
FMI alerta líderes do G20 que tensões comerciais ameaçam a economia global
BUENOS AIRES (Reuters) - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pediu aos líderes do G20 que reduzam as tensões comerciais e revertam os aumentos de tarifas, alertando que elas correm o risco de desacelerar o crescimento global.
"As pressões nos mercados emergentes vêm aumentando e as tensões comerciais começaram a ter um impacto negativo, aumentando os riscos negativos", disse Lagarde em um comunicado divulgado após a conclusão da cúpula do G20, em Buenos Aires.
(Por Cassandra Garrison)
Trump notificará Congresso no futuro próximo que vai encerrar o Nafta
Por Roberta Rampton
A BORDO DO AIR FORCE ONE (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no sábado que notificará formalmente o Congresso dos EUA num futuro próximo que vai encerrar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), dando seis meses para que os parlamentares aprovem um novo acordo comercial assinado na sexta-feira.
"Encerrarei formalmente o Nafta em breve", disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One a caminho de casa, vindo da Argentina.
"Só para vocês entenderem, quando eu fizer isso - se por qualquer razão não pudermos fazer um acordo por causa do Congresso, então o Congresso terá uma escolha" do novo acordo ou do retorno às regras de comércio anteriores a 1994, quando o Nafta entrou em vigor, ele disse.
Trump afirmou aos repórteres que as regras comerciais antes do Nafta "funcionam muito bem". O Nafta permite que qualquer país se retire formalmente com seis meses de antecedência.
Trump, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e o presidente mexicano Enrique Peña Nieto assinaram um novo acordo comercial na sexta-feira conhecido como Acordo Estados Unidos-México-Canadá.
A decisão de Trump ocorre em meio a um certo ceticismo dos democratas, que vão assumir controle da Câmara dos Deputados, sobre o novo acordo comercial.
Fonte: Estadão + Xinhua
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