Tecnologia a serviço da pecuária: seleção genômica de bovinos é a nova resposta para resistência a carrapatos
31/08/16 - 17:00
Embrapa lança amanhã na Expointer 2016 terceiro sumário genômico para resistência ao carrapato
A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a partir de duas unidades de pesquisa - Pecuária Sul (Bagé, RS) e Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF) – desenvolveu uma tecnologia de seleção genômica capaz de auxiliar os criadores de bovinos no Brasil no combate a um de seus piores pesadelos: os carrapatos. O estudo desenvolvido pela Embrapa, em parceria com a Conexão Delta G, a empresa GenSys Consultores Associados e produtores, já resultou na publicação de dois sumários com avaliações genômicas de touros das raças Hereford e Braford, muito importantes para a pecuária dos Pampas, em 2012 e 2014. Em 2016, as instituições, com a incorporação de mais um parceiro, a Universidade Federal de Pelotas, comemoram a publicação do terceiro sumário a ser lançado hoje (31/08) na Expointer 2016, em Esteio, RS.
Os carrapatos causam prejuízos à pecuária brasileira superiores a R$ 5 bilhões por ano. A análise genômica permite identificar animais menos propensos à infestação, a partir da correlação entre as informações de contagem de carrapatos nos animais com dados detectados no seu DNA. O objetivo final do trabalho é a formação de rebanhos resistentes.
No novo sumário, que considerou dados genômicos de 3750 animais, além da resistência ao carrapato, foram incorporadas novas características, como a pigmentação ocular (um dos fatores capazes de causar câncer nos animais), o tipo de pelagem e a caracterização racial. Ao todo, foram considerados dados de 12.513 contagens de carrapatos em 5.252 animais.
O sumário oferece aos produtores uma potente ferramenta para desenvolvimento de linhagens mais resistentes ao carrapato, permitindo a identificação precoce de reprodutores com maior resistência ao parasita. É a ciência a serviço do setor produtivo.
O trabalho em questão gerou o primeiro sumário genômico do Brasil e representa o único esforço no mundo que oferece avaliação genética para a resistência ao carrapato, aprimorada pela genômica.
Carrapato: pedra no sapato dos pecuaristas dos Pampas
O melhoramento genético de bovinos das raças Hereford e Braford tem sido uma das prioridades da Embrapa Pecuária Sul, em função da importância econômica que representam para a pecuária dos Pampas, onde são totalmente adaptadas. O controle de carrapatos é um dos piores problemas enfrentados pelos bovinocultores dessa região, já que ao contrário dos zebuínos, como os da raça Nelore, por exemplo, os taurinos (Hereford) e mestiços (como o Braford, entre outras) apresentam susceptibilidade elevada e intermediária ao ataque desses parasitas, respectivamente.
Carrapato: pedra no sapato dos pecuaristas dos Pampas
O melhoramento genético de bovinos das raças Hereford e Braford tem sido uma das prioridades da Embrapa Pecuária Sul, em função da importância econômica que representam para a pecuária dos Pampas, onde são totalmente adaptadas. O controle de carrapatos é um dos piores problemas enfrentados pelos bovinocultores dessa região, já que ao contrário dos zebuínos, como os da raça Nelore, por exemplo, os taurinos (Hereford) e mestiços (como o Braford, entre outras) apresentam susceptibilidade elevada e intermediária ao ataque desses parasitas, respectivamente.
Além de sugar o sangue dos animais, o que leva à perda de peso, anemia, danos no couro e redução da produtividade, o carrapato é transmissor de doenças, como a tristeza parasitária bovina, entre outras. As perdas na produção geradas pelo carrapato, somadas aos custos com mão-de-obra e carrapaticidas para controle desse parasita, geram grandes impactos financeiros para os produtores.
Por isso, em 2010, em parceria com a Conexão Delta G e com o apoio da GenSys e da Associação Brasileira de Hereford e Braford, a Embrapa Pecuária Sul liderou um grupo de criadores das raças Braford e Hereford e, juntos, se lançaram ao desafio de desenvolver uma ferramenta efetiva para controlar essa praga a partir da associação entre dados de contagem de carrapatos nos animais com dados genômicos obtidos a partir de análises de DNA com marcadores moleculares.
O exaustivo trabalho de contar carrapatos em milhares de animais resultou no lançamento do primeiro sumário genômico para resistência ao carrapato, inédito no Brasil. Segundo o pesquisador da Unidade de Bagé que lidera o trabalho, Fernando Cardoso, o objetivo é oferecer ao mercado material genético (bezerros e sêmen) de animais mais resistentes ao carrapato bovino.
O domínio da metodologia genômica levou à elaboração de mais dois sumários, mas além disso, resultou num conhecimento de ponta com potencial para gerar muitos benefícios em prol da pecuária brasileira.
Melhoramento genético na era da Genômica: tecnologia é capaz de formar novos rebanhos com características de interesse dos produtores
De acordo com o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Alexandre Caetano, que é o coordenador da Rede Genômica Animal da Embrapa, as ferramentas genômicas oferecem ao setor produtivo a possibilidade de formar rebanhos com animais mais produtivos, considerando novas características de interesse, em menor tempo e custos reduzidos. A Rede de pesquisa da Embrapa congrega 123 pesquisadores de 13 unidades da Embrapa de norte a sul do país, com o objetivo de compartilhar e conhecimentos e desenvolver novas tecnologias na área de genômica em prol do setor produtivo brasileiro.
Melhoramento genético na era da Genômica: tecnologia é capaz de formar novos rebanhos com características de interesse dos produtores
De acordo com o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Alexandre Caetano, que é o coordenador da Rede Genômica Animal da Embrapa, as ferramentas genômicas oferecem ao setor produtivo a possibilidade de formar rebanhos com animais mais produtivos, considerando novas características de interesse, em menor tempo e custos reduzidos. A Rede de pesquisa da Embrapa congrega 123 pesquisadores de 13 unidades da Embrapa de norte a sul do país, com o objetivo de compartilhar e conhecimentos e desenvolver novas tecnologias na área de genômica em prol do setor produtivo brasileiro.
A pesquisa desenvolvida na Embrapa Pecuária Sul, que é uma das unidades que compõem a Rede, é um dos exemplos bem-sucedidos desse esforço. Segundo Alexandre, o amplo conhecimento multidisciplinar da equipe coordenada pelo pesquisador Fernando Cardoso, envolvendo médicos veterinários, biólogos e zootecnistas, além de especialistas em melhoramento animal, parasitologia e ciências genômicas, foi fundamental para embasar os resultados obtidos.
"Nesse caso, comparamos as informações oriundas de análises estatísticas que correlacionam o genótipo (estrutura genética do animal) com o fenótipo (interação do genótipo com o ambiente) para selecionar animais mais resistentes ao carrapato. Para isso, utilizamos 50 mil marcadores", explica.
Considerando que 20% das diferenças nas infestações de carrapato são determinadas por fatores de resistência genética, ou seja, passam de pai para filho, a tecnologia oferece aos criadores a possibilidade de formar novos rebanhos com animais resistentes, selecionados a partir das crias dos animais genotipados.
"Essa é a grande vantagem da genômica. Ela permite ao produtor conhecer o fenótipo das próximas gerações de bovinos antes mesmo de nascerem. É o que se chama de predição, um conceito que vem ganhando força com o crescimento do uso da genômica na ciência contemporânea", comemora o pesquisador.
Resultados podem beneficiar outros setores da pecuária
O conhecimento genômico permite compreender o valor agregado de todo o genoma. Aliadas à genética quantitativa, as informações geradas pelo uso de marcadores moleculares distribuídos pelo genoma dos seres vivos, possibilitam predizer seu valor genético com alta precisão.
Resultados podem beneficiar outros setores da pecuária
O conhecimento genômico permite compreender o valor agregado de todo o genoma. Aliadas à genética quantitativa, as informações geradas pelo uso de marcadores moleculares distribuídos pelo genoma dos seres vivos, possibilitam predizer seu valor genético com alta precisão.
Segundo Alexandre, o bom resultado alcançado na identificação de animais resistentes a carrapatos pode ser estendido a outras áreas, como a pecuária leiteira, por exemplo. O gado holandês, número um no ranking mundial da pecuária leiteira, é altamente suscetível a esse parasita.
"Conseguimos comprovar o êxito da prova de conceito e hoje temos uma tecnologia sólida, que pode ser facilmente aplicada a outras cadeias produtivas da bovinocultura no Brasil, como é o caso da pecuária de leite, entre outras", recomenda o pesquisador.
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