quarta-feira, 29 de março de 2017

Primeiros frutos de bananeiras da Embrapa são colhidos na África

Banana

Primeiros frutos de bananeiras da Embrapa são colhidos na África





Foram colhidos os primeiros frutos das 13 cultivares de bananeira desenvolvidas e/ou protegidas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura

Créditos: Arquivo

Na segunda semana de março, foram colhidos os primeiros frutos das 13 cultivares de bananeira desenvolvidas e/ou protegidas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e que estão em teste na Tanzânia, em Uganda e na Nigéria desde o final de 2014.
A colheita faz parte de projeto aprovado na Plataforma África-Brasil Marketplace em 2013 e que tem como objetivo fomentar o desenvolvimento dos países africanos por meio do apoio técnico-científico da Embrapa e colaborar para a segurança alimentar do continente africano.
“De acordo com relatos dos pesquisadores responsáveis pelas análises em Uganda, nesse primeiro ciclo nossas cultivares apresentaram bom desenvolvimento agronômico e aceitação sensorial preliminar, em especial a BRS Princesa, BRS Platina, BRS Vitória, BRS Japira e BRS Pacovan Ken. Destaque também foi dado para a resistência às doenças, em especial Sigatoka-negra e murcha de Fusarium, presentes em alta intensidade na área dos experimentos”, disse o líder do Programa de Melhoramento Genético de Bananas e Plátanos da Embrapa, Edson Perito Amorim. A sigatoka-negra é o mais grave problema da bananicultura mundial e o mal-do-Panamá (ou mal-do-Panamá ou fusariose) é endêmico em todas as regiões bananicultoras do mundo. Além de serem resistentes, as variedades brasileiras são rústicas, o que facilita o cultivo em áreas onde o uso de tecnologia ainda é incipiente, como na maioria dos países africanos.
Avaliação
O trabalho de validação é realizado pelo International Institute of Tropical Agriculture (IITA) e pelo National Agricultural Research Organisation (Naro), cujos técnicos informaram também à Embrapa que as cultivares locais, suscetíveis às doenças, sucumbiram e não produziram frutos — em especial a cultivar Sukali Ndizi, um tipo Maçã bastante consumido na região dos grandes lagos da África, onde fica Uganda.
De forma coordenada e articulada, essa é a primeira iniciativa da Embrapa para ampliar a adoção das suas cultivares de bananeira além-mar. “Esses são resultados preliminares. Para uma recomendação internacional — o que seria um feito inédito —, deve-se aguardar, no mínimo, três ciclos de produção e realizar uma análise de aceitação comercial mais detalhada, conforme já planejado com as equipes do Naro e do IITA. Estamos trabalhando com três ambientes totalmente diferenciados, incluindo preferência do consumidor, e é provável que as recomendações ocorram por país”, explica Amorim.
Em contrapartida, o IITA enviou para o Brasil cultivares de plátanos (bananas tipo Terra) resistentes à Sigatoka-negra desenvolvidos pelo seu programa de melhoramento e que estão em processo de multiplicação in vitro no Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Mandioca e Fruticultura. A perspectiva é instalar, no início de 2018, as primeiras Unidades de Referência Tecnológica (URTs) nos principais polos de produção de plátanos do Brasil. “Como a Sigatoka-negra é a principal doença que acomete a cultura no País, em especial no Norte e Centro-Oeste do Brasil, e considerando a identificação, em 2015, dos primeiros focos do patógeno nos estados da Bahia e do Espírito Santo [grandes produtores de plátanos], os genótipos resistentes têm potencial para mitigar os efeitos da doença nas regiões afetadas”, espera o pesquisador.

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