Fazenda investe em técnica para garantir o bem-estar do gado
Conduzir um rebanho sem nenhum instrumento, sem ferrão, sem bandeira.
Essa é a técnica utilizada em uma fazenda de Paracatu (MG).
Uma fazenda de Paracatu, em Minas Gerais, com capacidade para engordar 50 mil bois confinados, está investindo no bem-estar animal. Com novos métodos, ela consegue superar problemas que os grandes confinamentos enfrentam, como a morte de animais, por exemplo.
A técnica de manejo não faz uso de nenhum instrumento. Não tem ferrão, não tem bandeira, os vaqueiros não tocam no gado, e também não tem gritaria. As cenas são o resultado de um amplo programa de bem-estar animal. Elas foram gravadas na fazenda Santos Reis. É uma fazenda de confinamento, com capacidade para 50 mil animais.
O gado que está nos piquetes cresceu em outras fazendas, algumas longe, de outros estados até. Na Santos Reis, eles vêm para engordar nos últimos meses antes do abate. Só que há três anos, um problemão fez a fazenda começar uma série de mudanças. “Nós vivemos em 2014 o problema da pneumonia, a doença respiratória bovina. Foi um grande desafio”, explica o veterinário Anderson Baptista.
A pneumonia, quando não mata, derruba a produtividade. E 76% dos casos aconteciam logo na chegada dos animais. “É uma doença oportunista e pega o animal estressado, com sistema imunológico baixo e está diretamente relacionada ao bem-estar animal”.
Veio então a primeira mudança: animal que vem de longe, é recebido no pasto, por pelo menos cinco dias. Só então vai enfrentar o estresse do curral, vacinas. A segunda foi um verdadeiro refresco para todo mundo. No calor do Brasil central, só a água para sossegar o poeirão que vem atrás de tudo que se mexe. Agora, os bichos encontram tudo molhado, o tempo todo.
Veio então a primeira mudança: animal que vem de longe, é recebido no pasto, por pelo menos cinco dias. Só então vai enfrentar o estresse do curral, vacinas. A segunda foi um verdadeiro refresco para todo mundo. No calor do Brasil central, só a água para sossegar o poeirão que vem atrás de tudo que se mexe. Agora, os bichos encontram tudo molhado, o tempo todo.
Quando o gado chega no confinamento ele tem que se adaptar a essa nova realidade. Muitos desses animais foram criados a pasto, soltos, comendo no chão. Alguns podem até ter dificuldade de encontrar a comida, água nesse ambiente novo. Por isso, foi desenvolvida uma técnica de adaptação para esse primeiro momento.
Técnica Bud Williams
A técnica depende um pouco de observar o animal. “Eles estão num grupo, vieram de vários locais e eles tem que estabelecer uma hierarquia. Eu vou observar quem são os sentinelas, quem são os dominantes pra conduzir esses animais de forma mais calma possível”, explica o engenheiro agrônomo Antony Luinenberg.
A técnica depende um pouco de observar o animal. “Eles estão num grupo, vieram de vários locais e eles tem que estabelecer uma hierarquia. Eu vou observar quem são os sentinelas, quem são os dominantes pra conduzir esses animais de forma mais calma possível”, explica o engenheiro agrônomo Antony Luinenberg.
Ele é consultor na fazenda. Entra no piquete e começa a trabalhar. Reúne o gado com tranquilidade e dá voltas no cercado todo. Depois, o engenheiro se movimenta um pouco para frente e um pouco para trás. “O bovino é uma presa, então, a gente trabalha com ela com alívio e pressão. Então, eu coloco pressão, olho no olho desse animal, direciono para lado que eu quero que ele vá, coloco pressão e alívio. Por que? Para poder fazer esse animal se movimentar pro lado que eu quero que ele se movimente”. Essa tarefa é repetida diariamente, por 15 ou 20 dias na chegada dos animais. É pra eles acostumarem com as pessoas.
Antes das mudanças, animal doente era tratado no curral mesmo e derrubado no laço. Agora, boi doente é tratado no hospital.
A principal aquisição da fazenda dentro do plano de bem-estar é a ‘bud box’. Custou R$ 300 mil, é toda de ferro vazado. A caixa é um espaço, em geral, de quatro metros de largura por até nove de comprimento. Com o nelore, as grades têm que ser altas: 2,20 metros. É uma estrutura desenhada especialmente para o manejo sem uso das mãos.
VEJA O VÍDEO E ENTENDA COMO FUNCIONA A ‘BUD BOX’
A bud box funciona para o hospital, mas a fazenda tem outros modelos de curral. Um, bem antigo, serve para o embarque dos animais, e o curral de concreto, usado na recepção.
O resultado é positivo, como conta o veterinário Anderson Baptista. “A mortalidade reduziu em 60% e o nível de acidente com os nossos manejadores caiu a zero depois da implantação do sistema. O problema de pneumonia, que tirava meu sono, não é o principal fator. Está controlado.”
Esse programa de bem-estar animal começou a ser introduzido no Brasil há dois anos e hoje, já está implantado em 80 fazendas de nove estados.
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