segunda-feira, 27 de novembro de 2017

MILHO: Redução da safrinha deve puxar preços em meados de 2018



As últimas projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam uma queda na segunda safra de milho do Brasil em 2018 – reflexo de uma conjunção de fatores – e já são esperadas reações entre os preços do cereal


No entanto, essas são reações que podem demorar ainda a chegar, dada a oferta confortável pela qual passa o país, ao menos por enquanto.
Com o atraso do início do plantio da soja em função da demora na chegada das chuvas em importantes regiões produtoras Brasil a fora, os produtores pretendem investir menos na cultura, dada a janela mais estreita para os trabalhos de campo. Os investimentos são altos e os resultados poderão ficar prejudicados.
Os dados mostram que a segunda safra deverá ser de algo próximo a 67.107,9 milhões de toneladas 2016/17, contra 67.355,1 milhões de toneladas 2017/18. Essa baixa, porém, pode ser mais expressiva caso os problemas, principalmente climáticos, continuem a ser registrado nos campos, bem como as preocupações dos produtores.
Somente em Mato Grosso, de acordo com números do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), a baixa poderá ser de 18,75% na segunda safra do estado – com uma queda de 10% da área para 4,2 milhões de hectares. “E essa queda se dá por conta dos preços baixos e esse início de semeadura da soja que acabou acontecendo mais tardiamente do que no ano passado”, explica Ângelo Ozelame, gestor técnico do instituto. A produtividade de Mato Grosso na safrinha também é esperada para ser menor, podendo passar de 107 para 97 sacas por hectare.
No Maranhão, 30% da área inicialmente estimada para o milho safrinha não serão cultivados nesta próxima temporada, segundo relata o presidente da Aprosoja MA, José Carlos Oliveira de Paula, em entrevista ao Notícias Agrícolas. “Não adianta arriscar. Mesmo usando uma tecnologia boa, é arriscar e, hoje, o custo está muito alto. Então, a maioria dos produtores está retraído no caso do milho”, diz.
A situação não é diferente no Paraná. Muitas regiões produtoras do estado estão com um atraso no plantio e no desenvolvimento da soja, com a janela para a semeadura da safrinha também ajustada. “Se for para investir bem, já dá medo, porque se produz menos e não fecha o custo”, explica Ildefonso Ausec, produtor rural de Doutor Camargo, no noroeste paranaense.
Nos arredores de Pato Branco, o cenário é parecido. Cálculos feitos para a região mostram que para cada dia de atraso no plantio do cereal, a possibilidade de perda de produtividade é de 3 a 5 sacas por hectare, de acordo com o presidente do Sindicato Rural local, Oradi Caldato.
Com a confirmação desse quadro, o mercado brasileiro de milho pode chegar a um momento de oferta mais ajustada e, portanto, cotações melhores. No entanto, como explica o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o Brasil ainda vira o ano com uma quantidade de produto que limita essa reação dos preços e um movimento de mudança deverá ser observado apenas em meados de abril e maio de 2018.
As cotações futuras do milho – base porto – já se mostram melhores. Nesse momento, variam entre R$ 29,50 e R$ 30 por saca e, quando observados os meses de julho e agosto do ano que vem, o patamar sobre para algo entre R$ 32 e R$ 34. Ainda assim, como explica Brandalizze, estes são preços que ainda não atraem os vendedores.
Com esse nível, as cotações no interior de Mato Grosso, descontando o frete, leva as cotações a um intervalo de R$ 16 e R$ 17, que não estimula novos negócios dado, mais uma vez, o alto custo de produção do grão.
Dessa forma, a comercialização da safrinha de milho está parada no país. “Podemos dizer que a comercialização nem andou. Temos menos de 5% da safrinha vendida, enquanto, em outros anos, já era algo de 20% a 30% nessa época”, explica o consultor. “Os produtores estão comprando insumos, sementes, com recursos próprios, buscando alternativas, mas os negócios estão parados”, completa.
Para os negócios voltarem a fluir, ainda segundo Brandalizze, e também considerando o interior de Mato Grosso, os valores nos portos teriam de alcançar entre R$ 36 e R$ 38, para liquidar em R$ 20 a R$ 22 no Estado.
As exportações também perderam um pouco de ritmo no Brasil nos últimos meses e deverão, como relata o consultor, fechar o ano com números abaixo das expectativas. “As estimativas iniciais mostravam de 32 a 34 milhões de toneladas, devemos exportar 28 milhões ou até um pouco abaixo”, diz.
“O produtor vendeu o que precisava, e os preços também não reagiram muito nos portos”, complementa Brandalizze, ao explicar o esfriamento das vendas externas do Brasil. “E ele ainda segura parte de suas vendas para o ano que vem, por conta do ano fiscal”.
Além disso, embora os preços do milho estejam alinhados com os dos demais exportadores, seus prêmios são mais elevados neste momento. O cereal do Brasil conta com algo entre 55 e 70 cents de dólar por bushel acima dos valores praticados em Chicago, contra o americano, que tem de 35 a 40 cents.
Esse cenário, porém, é temporário, ainda de acordo com Brandalizze. “No ano que vem, tudo muda. A produção e as exportações americanas serão menores (com as vendas caindo cerca de 10 milhões de toneladas) e vão abrir espaço para o Brasil”, relata.
Além disso, a China deverá atuar com mais expressão nas importações de milho no próximo anos, com uma demanda prevista para crescer, até 2020, 10 milhões de toneladas por ano, como explica o consultor. A força principal vem do setor do etanol, onde a proposta é se aumentar para 10% o volume do combustível na gasolina, que hoje fica entre 2% e 3%.


Data de Publicação: 27/11/2017 às 19:10hs
Fonte: Notícias Agrícolas


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