terça-feira, 28 de novembro de 2017

Plantio de soja pode ser paralisado na Argentina devido à falta de chuvas, alerta La Nación

Publicado em 28/11/2017 09:48


A situação climática em várias regiões do Pampa úmido, na Argentina, deu "um giro de 180ºC" nas últimas semanas. Dos excessos hídricos, estes que ainda persistem em zonas do centro-oeste de Buenos Aires, como Bolívar e Daireaux, hoje o panorama é que há outros lugares que estão necessitando de chuvas para plantar soja e completar áreas que iriam receber milho.
Até a semana passada, o plantio de soja a nível país mostrava um avanço de 34% sobre uma superfície projetada de 18,1 milhões de hectares, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA). Se trata de uma porcentagem de avanço elevada na data, já que o mesmo período do ano passado contava com 31,7%. No entanto, é mais baixa do que a média de 40,4% das últimas 15 safras.
Contudo, quando se olha para o interior das regiões, há diferenças. No centro-norte de Córdoba, a semana passada contava com 12,7% de área plantada, frente a 17,8% de média das últimas cinco safras.
Córdoba está vivendo uma importante irregularidade hídrica. "As chuvas serão determinantes para a continuidade do plantio", disse Silvina Fiant, técnica da Bolsa de Cereais da província. Nesta mesma província, a soja ocuparia 4,1 milhões de hectares, uma queda de 3% frente à safra anterior. "No centro-norte de Córdoba, a falta de umidade é aguda", disse Esteban Copatí, chefe de estimativas agrícolas da Bolsa de Cereais de Buenos Aires. A Bolsa de Comércio de Rosario, por sua vez, considerou que metade de Córdoba enfrenta a seca.
Umidade do solo na Argentina
No sul de Santa Fe e norte de Buenos Aires a porcentagem de avanço da oleaginosa está por volta de 60,3%, quase similar aos 58% da média das últimas cinco safras. Há lugares onde se observa uma condição hídrica apenas regular. Ontem, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires recebeu informes neste sentido de várias regiões. "Há algumas luzes de alerta acesas em Buenos Aires", disse Copatí.
Falta, ainda, mais de um mês para o plantio a nível de país se encerrar, mas a cada dia que se demora até dezembro são 30kg a menos por dia de rendimento.
Em Pergamino, uma das zonas mais férteis do país, o técnico Júlio Lieutier contou que, depois dos excessos hídricos, os meses de outubro e novembro tiveram uma mudança abrupta e que, assim, o tempo passou a ser mais seco e fresco. Entre estes meses, a área recebeu 100mm a menos do que costuma receber na época.
O clima fresco, sem as altas temperaturas para que se "entregue" o trigo, atrapalhou a colheita do cereal. Contudo, se fosse possível plantar soja hoje, não haveria umidade suficiente para fazer o plantio de segunda etapa [chamado assim por se tratar de sua época de plantio, depois do trigo], como disse Lieutier ao La Nación. O milho plantado, por sua vez, precisa de mais 20 a 30mm de chuva.
"Há zonas importantes que tiveram chuvas muito escassas nas últimas quatro semanas, insuficientes para que o plantio continuasse. Vai ser um plantio travado, ajustado pelas águas", opinou Cristian Russo, chefe do Guia Estratégico para o Agronegócio (GEA) da Bolsa de Comércio de Rosario.
O que vem por aí não parece alentador. "Vai chover abaixo dos níveis normais durante a primeira quinzena de dezembro", disse Germán Heinzenknecht, meterologista da Consultoria de Climatologia Aplicada (CCA), em entrevista para a Reuters. "Chegamos a um momentoque se pode considerar quase crítico para os plantios tardios", disse, se tratando da região agrícola núcleo.
Tradução: Izadora Pimenta
Fonte: La Nación

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