sábado, 30 de março de 2013
Lisboa Comerciantes continuam no Mercado do Rato até notificação da Câmara
Os comerciantes do Mercado do Rato, em Lisboa, vão continuar naquele espaço até serem notificados pela Câmara Municipal, depois de um assessor da autarquia lhes ter dito que teriam de encontrar até Abril outro sítio para t
No início de Março, os seis comerciantes daquele mercado foram informados verbalmente por um assessor da Câmara de Lisboa de que teriam de deixar as instalações até ao final do mês.
A justificação dada foi a “falta de segurança” do edifício, há muito degradado. Os comerciantes, na sua maioria idosos, receberiam uma indemnização ou passariam a trabalhar num outro mercado da cidade.
Para já, os moradores ficam a aguardar por uma notificação da autarquia para deixar o espaço, uma data que o vereador que tutela os mercados, José Sá Fernandes, diz à agência Lusa desconhecer.
João Barata tem 75 anos e trabalha no Mercado do Rato há 28. A indemnização proposta, conta, “não vale a pena”. Sair para outro mercado também não.
“Não tenho capacidade para fazer noutro sítio o investimento que fiz aqui. Daqui não consigo levar nada. E o negócio é fraco, os clientes são habituais e são daqui da zona”, diz.
O dono da loja, que vende bacalhau, recorda o tempo em que o mercado chegou a ter “uma centena de lojas”. Hoje tem quatro lojas e dois restaurantes, portas e janelas partidas. “Há muito tempo” que os comerciantes pedem obras de recuperação.
Quando chegar a carta de notificação, este comerciante, já reformado, vai trabalhar “directamente com o distribuidor do bacalhau”, mas Maria de Fátima, de 72 anos e há 39 no mercado, não sabe o que vai fazer.
“A indemnização que me querem dar não chega aos 2.000 euros. Isto não chega para nada, muito menos para ir para outro mercado. Porque é que tiram o trabalho às pessoas?”, pergunta.
Mesmo agora, com as notícias de que o mercado encerrava até ao final do mês, é difícil para Maria de Fátima vender as frutas e legumes expostos no balcão do centro do mercado.
“As pessoas achavam que já tinha fechado e deixaram de cá vir. É muito difícil. E depois temos as grandes superfícies, que ficam com tudo”, lamenta.
Pelas 13:00, uma hora antes do encerramento do Mercado do Rato, estes dois comerciantes começam a arrumar as suas bancadas. Mas no ‘Cantinho do Rato’, um dos dois restaurantes do espaço, José Saraiva serve almoços para uma casa cheia de trabalhadores da zona.
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O comerciante desvaloriza o aviso da Câmara: “Vieram lançar o alarme, mas não apresentaram nada em concreto”.
Também a presidente da Junta de Freguesia de São Mamede, Ana Bravo de Campos, lamenta que não tenha havido “qualquer intervenção para a recuperação” do mercado.
Desconhecendo formalmente a decisão, e os motivos, para o encerramento do mercado, a presidente da Junta, Ana Bravo de Campos, recorda que “há anos que se discute o destino daquele espaço, apetecível para muitos”.
Depois de terem ouvido falar em espaços comerciais e de escritórios, hotéis e estacionamentos (este último previsto no Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente) ao longo dos anos, para já, os comerciantes não sabem qual o seu destino, nem o do mercado.
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