segunda-feira, 25 de março de 2013
25/03/2013 11:20
25/03/2013 11:20
Projeto garante renda para famílias com frutos da Amazônia, em RO
O distrito Nova Califórnia, em Porto Velho, distante cerca de 300 quilômetros, não possui rede de telefonia celular, e tem apenas a rua principal asfaltada, mas já ganhou fama internacional
G1
No distrito funciona o Projeto Reca de reflorestamento econômico consorciado adensado. Atualmente 350 famílias estão associadas à cooperativa e outras 600 trabalham indiretamente com o projeto. Organizadas em associações, as famílias vendem os frutos colhidos para a cooperativa que são processados e vendidos para outros estados brasileiros. O total de área plantada pelo Reca chega a três mil hectares.
Áreas que antes, há 20 anos, eram degradadas ou de pastagens, estão tomadas por vários tipos de árvores. “A gente pensou: temos que plantar alguma coisa para melhorar o ambiente e poder fixar o homem do campo aqui. Fazer uma floresta onde ele mesmo poderia ganhar dinheiro e manter a família”, diz Cemildo Kaefer, vice-presidente da cooperativa, que é um dos pioneiros do Projeto Reca.
A aposta do sistema agroflorestal onde são cultivadas várias espécies deu certo. O primeiro foi o cupuaçu, seguido do palmito e a pupunha, que atualmente tomam conta de boa parte das plantações. Depois foram somadas ao cultivo a castanha da Amazônia e o açaí.
Na época da colheita os pequenos produtores, organizados em associações, se juntam em mutirões. Cada dia trabalham na propriedade de um dos associados, dessa forma não precisam pagar pela mão de obra e o lucro aumenta.
Genecilda Lima Maia, agricultora, conta que a vida no campo melhorou depois que decidiu se associar à cooperativa, há nove anos. “O Reca é a nossa vida na verdade. Se não fosse pelo projeto a gente não teria o que conseguimos hoje. Antes a gente não tinha nada e hoje podemos dizer que temos tudo”, diz a agricultora.
Manoel Pereira da Silva, agricultor, produz cupuaçu, afirma que trabalhou com extração de látex durante 12 anos, mas decidiu apostar no projeto. Vendeu o gado e investiu no cultivo da fruta. “Eu vi que o cupuaçu ia dar mais dinheiro que o gado e não me arrependo. Hoje se eu quiser comprar gado eu tenho como com o dinheiro do cupuaçu”, explica o agricultor.
Este ano deve haver uma perda de 12% na produção do cupuaçu, segundo a engenheira agrônoma da Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Simone Kaefer, que dá assistência técnica aos produtores. A engenheira diz que é preciso estar atento as pragas. “A maior preocupação é com a broca do cupuaçu, porque ataca os frutos quando ainda pequenos”, explica a engenheira.
Produção – Do campo para a sede da cooperativa, as cargas de cupuaçu e de palmito são processadas. O cupuaçu passa pelo despolpamento e classificação. Caroços são separados e só a polpa é embalada e congelada para a venda. O palmito possui o processo mais demorado. Depois de limpo é cortado e cozido, etapa mais importante segundo o gerente de produção José Ademir.
Após avaliação de qualidade o rótulo de identificação é colocado e então os produtos estão prontos para venda. As sementes do cupuaçu e da castanha viram óleo e são vendidos para fábricas de cosméticos para todo o Brasil. Neste período a safra gera mais de 120 empregos diretos.
“Na safra de 2012 nós já produzimos mais de 184 toneladas de açaí, mais de 294 toneladas de polpas de cupuaçu, cerca de 70 toneladas de óleo de castanha, cupuaçu, andiroba e umas 70 toneladas de palmito de pupunha”, conta Hamilton Condak, presidente da cooperativa, que diz ter a meta de triplicar a produção e as vendas até 2016.
A cooperativa já recebeu oito prêmios pela organização social e pelo desenvolvimento sustentável. Três deles foram de organizações internacionais ligadas ao meio ambiente.
Fruticultura
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário