sábado, 9 de março de 2013
Caminhão vira armazém e congestiona vias do litoral
Caminhão vira armazém e congestiona vias do litoral
09/03/2013 - 06h45
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
O escoamento da safra recorde de grãos que o Brasil colhe neste ano já provoca fila nas estradas que dão acesso ao porto de Santos (SP).
Ontem, o número de caminhões à espera de acesso aos terminais portuários era tão grande que provocou, pela manhã, um congestionamento de 25 quilômetros na rodovia Cônego Domênico Rangoni, em direção ao Guarujá.
A fila de caminhões para descarregar no terminal da ALL Logística era de 40 km ontem à noite, segundo a Associação dos Transportadores de Carga do Mato Grosso. A associação pediu à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) uma fiscalização no terminal da operadora ferroviária em Alto Araguaia.
A Companhia Docas do Estado de São Paulo informou que o congestionamento ocorreu porque o número de caminhões que chegou a Santos foi bem maior do que o agendado pelos terminais, que foram chamados a melhorar a programação de embarques na próxima semana.
Porto de Santos
O problema, no entanto, é estrutural. Além da grande safra, que está no pico da colheita, a grande movimentação no porto reflete o problema de falta de armazenagem de grãos no país.
Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil tem capacidade para estocar 148 milhões de toneladas de grãos --entre silos e estoques públicos e privados. Serão colhidos, no entanto, 183 milhões de toneladas.
O deficit de 35 milhões de toneladas pressiona a infraestrutura de transporte e transforma os caminhões em silos ambulantes.
Com o avanço da colheita brasileira de soja e de milho nos próximos meses, a dificuldade no escoamento da safra deve continuar, se não se agravar.
"Estamos no período mais demandado [do ponto de vista logístico]. Mas, durante os 12 meses do ano, estaremos embarcando grandes quantidades", diz o secretário-executivo da Abiove (associação das indústrias esmagadoras de soja), Fábio Trigueirinho.
Além da safra cheia, a nova jornada de trabalho dos caminhoneiros, implementada neste ano, agravou o problema logístico do agronegócio, encarecendo o frete.
Segundo Trigueirinho, o custo do transporte para as indústrias esmagadoras de soja subiu de 30% a 50% nesta safra, dependendo da região do país.
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