sábado, 9 de março de 2013

Dificuldade de escoar safra recorde de grãos preocupa produtores

O Estado de S. Paulo - 09/03/2013O maior polo produtor de grãos de Mato Grosso, que reúne os municípios de Nova Mutum, Sor­riso, Lucas do Rio Verde e Sinop, sofre sem alternativa para es­coar a produção recorde deste ano. O gerente sindical do Sindi­cato Rural de Sorriso, Rubens Denardi, resume: "A coisa tá feia". O polo é cortado pela BR-163, a mais importantes rodovia da Re­gião Centro-Oeste, responsável pelo escoamento de cerca de 30% da soja nacional. Em 2012, foi considerada uma das estra­das que mais matam no País, com mais de 1.200 acidentes, que resultaram em 300 mortes e 550 feridos graves. Denardi diz que a viagem, que poderia ser feita em três dias, atualmente demora de cinco a seis dias. O tempo gasto para che­gar ao destino dobra os custos operacionais entre 25% e 30% de­pendendo da região e do tipo de frete, diz o presidente do Sindica­to das Empresas Transportado­res de Mato Grosso (Sindmat), Eleus Vieira de Amorim. Às margens direita e esquerda da BR-163 também estão gran­des produtores de soja: Nova Ubiratã, Ipiranga do Norte, Tapurah, Vera, Feliz Natal, Claudia e Tabaporã. Sapezal, no meio-norte do Mato Grosso, enfrenta o mesmo problema. O presiden­te do Sindicato Rural de Sapezal, Cláudio José Scariote, disse que o transporte 300 toneladas para o porto de Paranaguá custa R$ 300. "No ano passado o frete não chegava a R$ 180." Santos e Paranaguá. De acor­do com a Ecovias, concessioná­ria que administra não só as es­tradas do Sistema Anchieta/Imigrantes, mas todas as suas interli­gações, a situação das rodovias vai continuar crítica, enquanto os caminhões carregados de mi­lho e de soja estiverem trazendo grãos para embarque no Porto de Santos. No Porto de Paranaguá, a 110 quilômetros de Curitiba, a movi­mentação de caminhões no con­tinua normal, com a chegada de cerca de 1,8 mil veículos, dentro da capacidade do pátio. Na tarde de ontem, não houve filas como em anos anteriores, que chega­ram a atingir até 60 quilômetros de extensão. Para o especialista em agronegócio e energia, Marcos Jank, o caos logístico no Brasil já vem se evidenciando desde o ano passa­do, com a safra recorde de grãos no País e a constatação de que os portos e seus acessos encon- tram-se despreparados para re­ceber tal concentração de car­gas. Segundo ele, os congestiona­mentos aumentam em direção ao Porto de Santos porque 86% da safra do cerrado brasileiro é escoada pelos portos do Sul e Su­deste. Apenas 14% da safra vai pa­ra os portos da Região Norte.

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