sexta-feira, 1 de março de 2013
Kerry acha "censurável" declaração de premiê turco sobre sionismo
Por Arshad Mohammed e Jonathon Burch
ANCARA, 1 Mar (Reuters) - O secretário norte-americano de Estado, John Kerry, criticou na sexta-feira o primeiro-ministro da Turquia por ter comparado o sionismo a um crime contra a humanidade, num incidente que lançou uma sombra na reunião entre os dois países membros da Otan.
Kerry, que faz sua primeira viagem a um país islâmico desde que assumiu o cargo, se reuniu com líderes turcos para discutir temas como a guerra civil na vizinha Síria, segurança energética, o programa nuclear iraniano e o combate ao terrorismo.
Mas a declaração feita pelo premiê Tayyip Erdogan nesta semana durante uma reunião da ONU em Viena turvou o ambiente. O governo de Israel, a Casa Branca e o secretário-geral da ONU também recriminaram o pronunciamento.
"Não só discordamos como achamos censurável", disse Kerry em entrevista coletiva ao lado do chanceler turco, Ahmet Davutoglu. O secretário afirmou ter abordado o tema de maneira "muito direta" com Davutoglu, e que pretende fazer o mesmo com Erdogan.
Na quarta-feira, durante a reunião da Aliança de Civilizações da ONU, Erdogan disse que "assim como com o sionismo, o antissemitismo e o fascismo, tornou-se necessário ver a islamofobia como um crime contra a humanidade".
Kerry disse também que Turquia e Israel, sendo dois importantes aliados dos EUA no Oriente Médio, deveriam buscar uma melhora nas suas relações bilaterais, muito abaladas desde 2010, quando militares israelenses mataram nove ativistas turcos em um navio que tentava levar mantimentos a palestinos na Faixa de Gaza.
"Diante dos muitos desafios que a vizinhança enfrenta, é essencial que tanto a Turquia quanto Israel encontrem uma forma de dar passos...para retomar sua histórica cooperação", disse Kerry. "Acho possível, mas obviamente temos de ir além do tipo de retórica que acabamos de ver recentemente."
Em resposta a Kerry, Davutoglu disse que seu país sempre se posicionou contra o antissemitismo, e queixou-se do comportamento israelense. "Se formos falar de atos hostis, então a atitude de Israel e a brutal morte de nove dos nossos cidadãos civis em águas internacionais pode ser chamada de hostil."
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