segunda-feira, 9 de março de 2015
China ainda barra carne bovina brasileira
Apesar de ter sido anunciado oficialmente duas vezes, o fim do embargo à exportação de carne bovina brasileira para a China continua sem prazo para entrar em vigor
O processo de reabertura do mercado chinês, que parecia concluído, sofreu um novo atraso depois que a proposta enviada pelas autoridades sanitárias de Pequim foi rejeitada pelo Brasil.
O motivo foi o sistema de rastreabilidade individual dos animais incluído na proposta chinesa, enquanto o Brasil quer que fique claro que basta identificar a origem do animal. Na próxima semana, o ministério da Agricultura deve enviar sua proposta com os esclarecimentos.
A expectativa no ministério é que o protocolo seja assinado até o fim de março em Pequim, com a presença da nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu.
Em novembro, prestes a deixar o cargo, o ex-ministro da Agricultura Neri Geller anunciou após encontros em Pequim que a carne bovina brasileira estava liberada, prevendo que as exportações para a China recomeçariam em janeiro. Mas as negociações continuam.
Na próxima semana, o ministério deve enviar uma missão para esclarecer os últimos pontos e tentar concluir a negociação. A preocupação é não deixar brechas que possam ser usadas pelas autoridades chinesas para voltar a barrar a carne brasileira.
A exportação do produto para a China está suspensa desde a identificação de um caso atípico do mal vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina, ou EEB) no Paraná, em 2012.
Para o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Antônio Jorge Camardelli, o maior prejuízo causado pelo embargo imposto em dezembro de 2012 pela China foi perder visibilidade em um mercado que está em ascensão e oferece muitas alternativas para o exportador.
"O que mais lamentamos é a ausência num mercado no qual nossa participação vinha crescendo", diz Camardelli. Na prática, o Brasil perde a oportunidade de ampliar suas exportações de carne, que cresceram 9% em 2014.
Quando a China anunciou a reabertura de seu mercado à carne brasileira, em julho do ano passado, o governo brasileiro estimou que as exportações do produto para a China poderiam atingir até US$ 1,2 bilhão em 2015.
Após a reabertura do mercado chinês, os exportadores brasileiros esperam que o número de frigoríficos habilitados a exportar para aquele país, atualmente oito, dobre ainda neste ano.
Os outros exportadores de carne do Mercosul têm mais estabelecimentos aprovados: o Uruguai possui 22, e a Argentina, 18.
Segundo estudo do Conselho Empresarial Brasil China, o alto custo da produção de carne bovina na China abre mais espaço para as importações.
"Esse contexto, aliado às oportunidades no que tange à perspectiva de aumento da demanda, é notadamente favorável ao investimento de empresas que possuam grau elevado de eficiência na gestão da operação, conseguindo maiores retornos sobre seus investimentos", diz o estudo.
Até 2012, o Brasil vinha ganhando mercado da Austrália, que fornecia 50,8% da carne importada pelos chineses.
Além de exportações, empresas brasileiras como BRF e Marfrig estão investindo no setor de processamento de alimentos na China, para venda no mercado local.
Data de Publicação: 09/03/2015 às 11:00hs
Fonte: Folha de São Paulo
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