segunda-feira, 2 de março de 2015

Produtividade da soja em Mato Grosso pode ficar abaixo do esperado, diz Agroconsult

VILA RICA, Mato Grosso (Reuters) - A safra de soja de Mato Grosso deverá ser ligeiramente menor que a esperada inicialmente, disseram técnicos da consultoria Agroconsult, que encerram na última sexta-feira uma série de avaliações em lavouras do Estado, principal produtor de grãos do país. "Os números não estão fechados, mas o viés é de baixa suave", disse o analista Marcos Rubin, citando efeitos do período de seca registrado em diversas regiões de Mato Grosso entre o final de dezembro e meados de janeiro. Equipes da expedição técnica Rally da Safra, organizada pela consultoria, percorreram todas as regiões de Mato Grosso desde o início de fevereiro, terminando os trabalhos na região nordeste do Estado na sexta. As amostras e entrevistas com produtores feitas na semana passada foram acompanhadas pela reportagem da Reuters. "Esse veranico (período de seca) foi pontual, não foi generalizado, mas vai afetar a média geral da nossa região. Tem locais excepcionais, mas tem áreas muito ruins", disse Renato da Rosa, que planta soja e presta assistência técnica para produtores na região do município de Canarana. Em uma previsão feita antes do início do Rally, a Agroconsult projetava a produtividade média de Mato Grosso em 52 sacas por hectare. A empresa elevou na última quinta-feira sua estimativa para a safra brasileira 2014/15 em cerca de 800 mil toneladas, para 94,7 milhões. A projeção, no entanto, ainda não incluiu uma revisão na produtividade de Mato Grosso, uma vez que os dados coletados nos últimos dias ainda precisam ser tabulados. Cada saca a menos na média de produtividade de Mato Grosso pode representar, aproximadamente, 500 mil sacas a menos na safra total do país, explicou Rubin. "Só no oeste de Mato Grosso os produtores estavam animados. De maneira geral, eles estavam preocupados. O veranico foi amplamente citado pelos agricultores", afirmou o analista. No norte do Estado, perto de Sinop, a colheita ainda precisa ser feita em 50 a 60 por cento da área. No médio-norte, no entorno de Lucas do Rio Verde e Sorriso, o índice é de cerca de 30 por cento da área. "A produtividade de Mato Grosso se define apenas quando a safra estiver dentro do armazém. Com frequência o potencial estimado inicialmente não se concretiza devido às chuvas do final da safra", ressaltou o especialista. Por ter meses de fevereiro e março historicamente chuvosos, Mato Grosso já registrou em anos anteriores perdas nas lavouras mais tardias. A umidade excessiva atrasa a colheita e prejudica a qualidade do grão, provocando descontos na hora da venda do produto. Os protestos de caminhoneiros no Estado nos últimos dias aumentaram as preocupações dos produtores em algumas áreas, uma vez que muitos sofrem com a escassez de diesel para abastecer o maquinário da colheita, que já estava atrasada antes das manifestações. Os levantamentos de campo do Rally sobre a safra de soja continuaram a partir de sábado no Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, Goiás e oeste da Bahia, além dos Estados da região Sul. Reuters

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