terça-feira, 29 de setembro de 2015
'PR fez o lobby', diz ministro de Lula a executivo da Odebrecht em e-mail
29/09/2015 19h07 - Atualizado em 29/09/2015 21h53
'PR fez o lobby', diz ministro de Lula a executivo da Odebrecht em e-mail
Empreiteira é acusada de envolvimento nas fraudes investigadas na Lava Jato.
Documento da PF mostra possível lobby de Lula para a empresa.
Do G1 PR
Um relatório da Polícia Federal (PF), anexado à ação penal envolvendo a Odebrecht na Operação Lava Jato, mostra trocas de e-mails entre executivos da empreiteira e também com o então ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge, na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2009.
Em uma delas, Miguel Jorge diz que "o PR fez o lobby" para a empresa em uma obra na Namíbia. A Polícia Federal acredita que "PR" era a sigla para Presidente da República. (veja o conteúdo das mensagens abaixo)
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A Odebrecht é acusada de participar do chamado clube de empreiteiras, que combinava as empresas que seriam vencedoras de licitações abertas pela Petrobras.
O presidente da holding, Marcelo Odebrecht, está preso desde 19 de junho, quando foi realizada a 14ª fase da Lava Jato, que prendeu executivos suspeitos de participação no esquema de corrupção na estatal.
Na sexta-feira (25), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual concorda com pedido da PF para que Lula e ex-ministros do governo dele sejam ouvidos na Lava Jato como testemunhas.
Em nota, o Instituto Lula destacou a "legalidade e a lisura da conduta de Lula". A Odebrecht afirmou que "a troca de e-mails registra uma atuação institucional legítima". O ex-ministro Miguel Jorge disse considerar "uma obrigação funcional e do ministro vender os interesses da empresa brasileira num mercado internacional altamente competitivo".
Mensagens
Uma das mensagens que consta no relatório da PF é entre Miguel Jorge e Marcos Wilson, executivo da Odebrecht. No e-mail, o então ministro diz que esteve com "PR" e que foi feito o "lobby" para a empresa em uma obra no segmento hidrelétrico na Namíbia, na África.
“estive e o PR fez o lobby
aliás, o PR da Namíbia é quem começou – disse que será licitação, mas que torce muito para que os brasileiros ganhem, o que é meio caminho andado”, diz o e-mail.
Segundo o relatório, a mensagem foi encaminhada por Marcos Wilson a Marcelo Odebrecht. Antes, Wilson tinha enviado um e-mail a Miguel Jorge explicitando o projeto.
“Miguel, se você estiver hoje com os presidentes Lula e o da Namíbia, é importante que esteja informado sobre esta negociação e, se houver oportunidade manifestar sua confiança na capacidade desta multinacional brasileira chamada Odebrecht”.
Convite
Outra troca de e-mail, desta vez entre Marcelo Odebrecht e a secretária dele, cita um convite do ex-presidente Lula ao presidente da holding.
“Marcelo,
O Presidente Lula está lhe fazendo um convite para participar de um almoço com o Presidente da Namíbia, no dia 11/02 (quarta-feira), às 13h, Itamaraty, Salão Brasília”.
Marcelo Odebrecht responde, mencionando que o encontro seria uma ótima oportunidade. Ele copia outro executivo da Odebrecht, Luiz Antonio Mameri.
“Ok. Pode confirmar. Mesmo porque vou tentar estar com a Dilma.
Mameri,
Entendo que pode ser uma boa oportunidade função de nossa hidrelétrica. Seria importante eu enviar uma nota memória antes via Alexandrino com eventualmente algum pedido que Lula deve fazer por nós”.
Alexandrino de Salles Ramos de Alencar é ex-diretor da Odebrecht.
Marcos Wilson e Luiz Antonio Mameri não são réus na ação penal envolvendo a Odebrecht. Já Marcelo Odebrecht é acusado de organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de capitais. Alexandrino de Salles Ramos de Alencar também responde pelos mesmos crimes.
Possível depoimento
O depoimento de Lula na Lava Jato foi pedido pelo delegado da PF Josélio Sousa no inquérito mais importante da operação no Supremo: o que tem atualmente 39 investigados e no qual se apura se houve a formação de uma organização criminosa na Petrobras para desvio de dinheiro público e pagamento de propina a políticos.
Em nome do ex-presidente, o Instituto Lula destaca a legalidade e a lisura da conduta de Lula. Veja nota na íntegra:
Em seus dois mandatos, Lula chefiou 84 delegações de empresários brasileiros em viagens por todos os continentes. A diplomacia presidencial contribuiu para aumentar as exportações brasileiras de produtos e serviços, que passaram de US$ 50 bilhões para quase US$ 200 bilhões, e isso representou a criação de milhões de novos empregos no Brasil. Só uma imprensa cega, de preconceito e partidarismo, poderia tentar criminalizar um ex-presidente por ter trabalhado por seu país e seu povo.
Há uma repetitiva, sistemática e reprovável tentativa de alguns órgãos de imprensa e grupos políticos de tentar criminalizar a atuação lícita, ética e patriótica do ex-Presidente Lula na defesa dos interesses nacionais, atuação que resultou em um governo de grandes avanços sociais e econômicos, com índices recorde de aprovação.
Temos a absoluta certeza da legalidade e lisura da conduta do ex-presidente Lula, antes, durante e depois do exercício da presidência do país, e da sua atuação pautada pelo interesse nacional.
'Obrigação funcional'
O ex-ministro defendeu a atuação dele e do ex-presidente. "Eu considero que seja uma obrigação funcional e do ministro vender os interesses da empresa brasileira num mercado internacional altamente competitivo. Eu levei mais de mil empresas brasileiras ao exterior em 12 missões comerciais grandes, usando o sucatão, o avião do presidente", disse Miguel Jorge ao G1.
Para ele,depois da Lava Jato, se está "confundindo lobby com corrupção". "O que foi feito na Operação Lava Jato não tem nada a ver com lobby. Eram iniciativas de pura corrpção", afirmou.
Odebrecht diz que e-mails são legítimos
Também por meio de nota, a Odebrecht afirmou que a troca de e-mails registra uma atuação institucional legítima e afirma que a empresa não venceu a licitação para realizar a obra na Namíbia.
“A Odebrecht esclarece que os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o País -- nos quais atua, em especial como investidora. A empresa lamenta, no entanto, a divulgação e interpretações equivocadas sobre mensagens sem qualquer relação com o processo em curso. O referido projeto da Hidrelétrica de Baynes, na Namíbia, não foi realizado.”
14ª fase da Lava Jato
A 14ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada no dia 19 de junho. Nela, foram presos os presidentes da Odebrecht S.A., Marcelo Odebrecht, e da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, além de executivos ligados às duas companhias ou subsidiárias delas.
A participação das construtoras nos supostos desvios investigados pela Lava Jato apareceu em depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e a PF, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez agiam de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras, com pagamentos no exterior.
Elas formavam um cartel, obtendo preços favoráveis e, com isso, lucros extraordinários. Parte desse lucro excedente era usada para pagar propina a agentes públicos e partidos políticos, conforme os procuradores.
tópicos:
Andrade Gutierrez, Luiz Inácio Lula da Silva, Ministério Público Federal, Odebrecht, Paulo Roberto Costa, Petrobras, Polícia Federal, Rodrigo Janot, Supremo Tribunal Federal
Para acessar os videos clique no linke abaixo.
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/09/pr-fez-o-lobby-diz-ministro-de-lula-executivo-da-odebrecht-em-e-mail.html
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