DENÚNCIA
1 em cada 5 alimentos apresentam vestígios de pesticidas sintéticos em Portugal
Investigação revela fraude dos orgânicos na Europa
Por: AGROLINK -Leonardo Gottems
Publicado em 30/06/2017 às 14:06h.
Publicado em 30/06/2017 às 14:06h.
Um em cada cinco alimentos orgânicos apresentam vestígios de pesticidas sintéticos em Portugal, revelou reportagem investigativa da revista Visão. A fraude foi descoberta através de testes de laboratório, que em 113 amostras de produtos analisadas apontaram 21 com resíduos de agroquímicos – sendo alguns acima do limite permitido até em lavouras convencionais e outros com ingredientes ativos proibidos naquele país.
Em um dos casos, por exemplo, duas couves supostamente orgânicas (ou biológicas, como são chamadas em Portugal) continham 1,2 mg de glifosato – um nível que está 12 vezes acima do limite permitido por Lei. “Os produtos, com origem nacional e estrangeira, foram adquiridos em diversas lojas e secções especializadas”, aponta a Revista Visão.
“Todos os produtos escolhidos, embalados ou a granel [e de várias marcas], estavam certificados como biológicos, com o selo respectivo. Não foram adquiridos produtos em mercados biológicos, diretamente a produtores ou vendedores de rua”, explicou o autor da reportagem.
Em alguns alimentos testados foram encontrados traços de múltiplos pesticidas sintéticos em simultâneo, sendo que um deles continha resíduos de nada menos que sete desses agroquímicos. Pela lei portuguesa, todos esses defensivos são proibidos em produtos orgânicos – que inclusive ostentavam o selo de identificação específico.
“As análises foram realizadas no Labiagro, um laboratório químico e microbiológico de controle de qualidade e segurança alimentar, especializado na determinação de contaminantes, que pertence ao Grupo ISQ. É acreditado segundo o referencial normativo NP EN ISO/IEC 17025. O Labiagro é um laboratório de referência e assegura imparcialidade, independência e confidencialidade dos resultados ?dos ensaios que realiza”, garantiu a publicação.
A Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio) defende que os órgãos responsáveis devem avaliar as denúncias. “Isto tem de ser colocado às autoridades competentes e elas têm de responsabilizar quem colocou esses produtos no mercado”, defendeu Jaime Ferreira, presidente da Agrobio.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) afirmou estar tranquila com relação ao mercado de orgânicos português, mas levará em conta o estudo da Revista Visão sobre a fraude nos produtos biológicos. O inspetor-geral da ASAE, Pedro Gaspar, disse à agência Lusa que a instituição faz regularmente a medição de pesticidas em produtos comercializados. Segundo ele, em quase dois anos (com 600 amostras, sendo 125 com rótulo orgânico), houve apenas um caso de presença de um químico não autorizado.
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