segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Soja se mantém rentável em MT com redução de 25% no preço de fertilizantes, aponta estudo

Da Redação - André Garcia Santana
27 Nov 2017 - 08:58




Mesmo com o aumento de 100% nos custos com sementes, o cultivo de soja continua rentável para o produtor mato-grossense. Isso porque foi constatado um decréscimo de 25% no valor dos fertilizantes e defensivos nos últimos dois anos, itens que mais pesam no orçamento. Já para o milho, cultivado fora de um sistema integrado, os resultados não são tão positivos para a safra 2016/2017. A avaliação foi divulgada pelo projeto Rentabilidade no Meio Rural em Mato Grosso, divulgado nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).



Diante das pesquisas, o gestor de Projetos do Imea, Paulo Ozaki, explica que, embora o produtor não consiga brigar com o preço, s pode, por meio do conhecimento dos custos e do mercado, maximizar o seu lucro. No evento ele apresentou o custo de produção das culturas solteiras no Estado. O levantamento foi feito durante todo o ano em 13 municípios por meio de painéis com agricultores em que são montadas propriedades modais, ou seja, uma propriedade típica da região.

Com uma área de 1,5 milhão de hectares e um potencial gigantesco de crescimento, os sistemas integrados em Mato Grosso foram destaque do projeto. Todas as unidades de referência apresentaram lucratividade. As Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTEs) são propriedades em que o produtor aceitou ceder uma área para o experimento, onde foram testadas diversas configurações, diferentes tipos de pastagens e rotações. Elas estão localizadas em diversas regiões do estado, para que sejam estudados diferentes tipos de solo e perfis econômicos regionais.

Conforme a pesquisa, a fazenda Bacaeri, que pratica Integração Pecuária Floresta (IPF) com teca no norte de Mato Grosso, obteve um retorno do investimento projetado para o final do ciclo da teca de R$ 4,70, ou seja, para cada um real investido, o produtor possui o retorno positivo de R$ 3,70”, informou a consultora da Rede TT ILPF da Fundação Eliseu Alves, Mariana Takahashi.

Na fazenda Dona Isabina, localizada no município de Santa Carmen, com a prática do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) obteve R$ 0,83 de retorno a cada R$ 1,00 investido. Enquanto a fazenda Gamada, de Nova Canaã do Norte, teve um retorno de R$ 0,64 com a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).

O estudo de caso da fazenda Platina, propriedade comercial que tem implantado o sistema de Integração Lavoura Pecuária (ILP) com ciclo completo e plantio de soja, apresentou a lucratividade de R$ 2,79. “Isso é um real a mais de lucro em relação a uma propriedade modal de lavoura, que possui lucratividade de R$ 1,62”, disse o analista do Imea Miqueias Michetti.

Outras culturas

O custo de produção da cana-de-açúcar teve crescimentos expressivos, mas, ainda assim, o mercado internacional, principalmente de açúcar, tem remunerado muito bem. O algodão segue uma tendência diferente, a cada safra a sua rentabilidade aumenta. E, na silvicultura, o eucalipto tem tido problemas econômicos em seu ciclo, enquanto a teca, que possui um ciclo médio de 20 anos, consegue pagar seu custo de produção no último corte.

Já os baixos preços pagos pelo milho não são exclusividade desta última safra, entretanto o crescimento da produção de etanol a partir do cereal pode ser uma oportunidade de melhorias nos resultados econômicos da cultura. Assim como o eucalipto, matéria-prima para a produção de biomassa nas usinas.

Na pecuária, o estudo analisou os dados da bovinocultura de corte, de leite e da piscicultura. Na bovinocultura de corte foram coletadas informações do sistema de cria, recria e engorda e do ciclo completo. Ozaki ressaltou que a produtividade em Mato Grosso é bem próxima da média nacional e 2017 foi um ano conturbado para a pecuária mato-grossense, com a diminuição do preço da arroba. “Entretanto, a pecuária é um pouco mais estável e, felizmente, houve redução no custo de produção com a queda no preço da alimentação. Com isso a cadeia conseguiu manter-se rentável.

O projeto foi feito em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Realizado desde 2012, ele também levantou os custos de produção da pecuária e analisou a rentabilidade das 11 propriedades rurais que são Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTEs). O grande objetivo dessa parceria é gerar informações que poderão ser utilizadas pelo produtor rural para mitigar os riscos da produção agropecuária.

O evento contou ainda com a participação do diretor Executivo da Estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI), Fernando Sampaio, que apresentou metas do desenvolvimento sustentável do Estado e com a palestras do gestor técnico do Imea, Ângelo Ozelame, sobre Mercado Agropecuário de Mato Grosso. O superintendente do Senar-MT, Otávio Celidonio, o superintende do Imea, Daniel Latorraca, e o pesquisador da Embrapa, Flávio Wruck, abriram o evento.

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