Escola de samba do Rio de Janeiro tem a agricultura como tema
Sorriso é a capital nacional do agronegócio.
Cidade já é dona da quarta maior economia de MT.
A agricultura será novamente destaque no carnaval do Rio de Janeiro. A escola de samba Unidos da Tijuca vai apresentar a força do agronegócio de uma cidade de Mato Grosso, cujo nome já tem muito a ver com a festa, como mostrou o Globo Rural.
Os caipiras da zona norte do Rio foram ao interior do Brasil para fazer o carnaval. “Ano passado a Tijuca fez um enredo sobre a Suíça e esse ano eu estava querendo fazer um enredo bem nacional. Eu também sou vinicultor, gosto da agricultura e o futuro do nosso país é a agricultura. Visitando aquela área de Cuiabá eu cheguei a Sorriso”, explica o presidente da escola Fernando Horta.
No ensaio técnico antes do desfile já deu para perceber que a comunidade comprou a ideia de cara, mesmo com pouca intimidade com o tema. “Sorriso é a capital do agronegócio, aonde tem mais plantação de soja, então essa é uma homenagem ao interior brasileiro”, fala Hélcio Paim, da comissão de carnaval.
Com a ideia na cabeça, a comissão viajou até o Mato Grosso para conhecer a cidade. “A gente foi fazer um laboratório, uma imersão na cultura da cidade de Sorriso. A cidade é bonita, a cultura é bonita e deu um grande enredo”, completa Marcos Paulo, também da comissão de carnaval.
Mas enquanto no Rio de Janeiro a Unidos da Tijuca se prepara para o carnaval, em Sorriso um outro desfile já começou: é tempo de colheita na cidade. Hora de tirar do campo o grão que transformou o município num ícone da agricultura brasileira.
São mais de 600 mil hectares de soja. Uma imensidão verde que fez de Sorriso a capital nacional do agronegócio. Mas há quatro décadas nada disso existia. Os primeiros imigrantes começaram a chegar em meados da década de 70. A grande maioria vinda do Sul do país.
Naquela época tudo era um cerrado só, que pouco a pouco foi aberto, dando lugar às plantações de arroz. Só em 1981 as primeiras áreas de soja foram semeadas, ainda em fase de teste, ocupando apenas 500 hectares.
Pioneiro na região, Ignácio Schevinski plantou 20 hectares de soja naquele ano e não parou mais. Cultiva agora 900 hectares, com produtividade média duas vezes maior que a daquele tempo. “Nós não imaginávamos que em tão pouco tempo a gente pudesse melhorar tanto estas terras”, explica.
Migrantes como Ignácio vieram para o norte de Mato Grosso em busca de terras baratas. Com a venda de um hectare no Rio Grande do Sul, por exemplo, dava para comprar cerca de cem em Sorriso. E não era só isso que chamava atenção.
“Em poucas partes do país nós temos áreas tão planas quanto aqui. E também uma certa regularidade no tempo né, chuva frequente, quando é seca é seca, quando chove, chove. Então isso ajudou muito, nunca tivemos nenhuma frustração total de safra”, fala o agricultor.
Sorriso se tornou um retrato da agricultura moderna, que alia produção e preservação. Dos campos que movimentam bilhões, brotou uma cidade-modelo no coração do Centro-Oeste. Sorriso só foi emancipada há 30 anos, mas já é dona da quarta maior economia de Mato Grosso. De 2010 para cá a população cresceu em ritmo acelerado. Entre 4% e 5% em média ao ano. Hoje são mais de 80 mil habitantes e mais de oito mil empresas ativas.
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